Hidrogênio verde e baterias de lítio: o combustível do futuro já impulsiona Senai Park em Suape
Eletrolisador fabricado no Brasil ajuda empresas que trabalham em novas rotas de produção de baterias de lítios e armazenamento de energia
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Suape vai fabricar hidrogênio verde. A partir deste mês, quando o Senai-PE inaugurar, no dia 20, o Senai Park, um complexo de inovação e tecnologia no Complexo Industrial Portuário de Suape, em Ipojuca, Região Metropolitana do Recife, um eletrolisador fabricado no Brasil, em Belo Horizonte (MG), pela empresa Neuman & Esser, que utiliza água e vai passar a gerar hidrogênio de baixo carbono a partir de fontes de energia elétrica renováveis, de forma limpa e eficiente.
A tecnologia empregada no processo pela empresa é a Nea Hytron Pem, que dispensa o uso de produtos químicos nocivos, reforçando o compromisso com a sustentabilidade brasileira, sendo atualmente usada pela Neuman & Esser para atender seus clientes na Alemanha, onde está a sede da companhia. O hidrogênio gerado por eletrólise é armazenado para uso futuro e convertido novamente em energia por meio de uma célula de combustível durante os períodos de maior demanda.
Projetos de P&D, como o desenvolvido pelo Senai-PE, demonstram o potencial do hidrogênio de baixo carbono para substituir combustíveis fósseis em setores estratégicos como logística pesada, transporte marítimo, indústria química, alimentícia, siderurgia, produção de fertilizantes, entre outros.
O Diretor de Vendas, Aplicação e Marketing da Neuman & Esser na América Latina, Rafael Serpa, esclarece que o hidrogênio de baixo carbono ainda é conhecido como o combustível do futuro, mas organizações visionárias como o Senai-PE trazem para o presente a descarbonização necessária ao desenvolvimento da indústria brasileira.”
Ele destaca a importância do projeto para a empresa, que no projeto entrou com o fornecimento de um compressor de alta pressão e um cilindro de armazenamento de alta pressão para o hidrogênio verde produzido dentro da proposta de transformar o Senai Park num espaço de pesquisa, desenvolvimento e inovação com foco no hidrogênio de baixo carbono e outros combustíveis renováveis.”
O projeto está alinhado com a estratégia do Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2), que possui como uma das metas consolidar hubs de hidrogênio de baixa emissão no Brasil até 2035, e a localização portuária facilita a produção do hidrogênio de baixo carbono e a sua movimentação, tanto para o consumo industrial quanto para exportação.
Produção do hidrogênio de baixo carbono
A Neuman & Esser é uma empresa familiar, com sede em Übach-Palenberg, na Alemanha, fundada em 1830 com mais de 1.800 funcionários que trabalham em 31 unidades – incluindo fábricas e subsidiárias – de engenharia e serviços, distribuídas em 13 países, além da Alemanha (com quatro unidades de produção) e uma nos Estados Unidos.
Ela está no Brasil desde 1997 e se posiciona como um parceiro da indústria, impulsionando a transição energética e a economia circular por meio de soluções integradas para a infraestrutura energética do futuro.
Suas soluções de compressão, com tecnologia de vedação própria, são amplamente utilizadas no processamento de gases industriais, atendendo tanto à indústria tradicional de petróleo e gás quanto à economia do hidrogênio e à indústria de gases verdes.
O eletrolisador da Neuman & Esser ancora a infraestrutura para dar suporte ao desenvolvimento de plantas-piloto, que permitem testar a viabilidade de soluções tecnológicas e processos produtivos antes da adoção em escala industrial.
A estrutura foi concebida de forma modular, possibilitando adaptações a cada projeto desenvolvido, como um ambiente vivo. Cada iniciativa vai demandar novas implementações, infraestruturas e utilidades, com cronogramas próprios.
Atualmente, dois grandes projetos já estão em execução, reunindo 14 empresas. Um deles desenvolve um protótipo nacional de bateria de lítio de baixa tensão (12V/48V) para veículos híbridos, com participação da Moura, Stellantis, Volkswagen, Iochpe Maxion e Horse.
Moura quer construir uma linha piloto de 12V e 48V
Para a bateria Moura, o Projeto Senai Park se insere na sua estratégia de P&D e em Suape a proposta é construir uma linha piloto, com capacidade de fabricar baterias de 12V e 48V para veículos híbridos. O investimento inicial é de R$ 20 milhões e funcionará de forma compartilhada entre empresas parceiras que compõem o consórcio que foi contemplado no Edital Rota 2030 – Projetos Estruturantes.
A linha incorpora robotização, Digital Twin, que é a criação de um modelo virtual de um processo, produto ou sistema físico, permitindo simulações, testes e otimizações em tempo real; sistemas MES, plataformas digitais que monitoram e controlam a produção em tempo real, conectando o chão de fábrica à gestão para aumentar eficiência e rastreabilidade; e automação avançada.
O foco é garantir processos mais previsíveis, seguros e eficientes, além de formar profissionais capacitados para operar tecnologias digitais de ponta. E para a Moura, esse é um passo essencial para reduzir a exportação de insumos brutos e ampliar o valor agregado produzido localmente.
Segundo o Diretor de Operações de Lítio da Moura, Spartacus Pedrosa, a nova linha de produção no Senai Park Suape significa atuar no coração da agenda de eletromobilidade do Brasil. “Estamos transformando inovação em impacto real, fortalecendo a cadeia produtiva nacional e posicionando Pernambuco e o Nordeste como polos estratégicos de tecnologia e transição energética", destaca.
A Baterias Moura faz parte de um grande consórcio de empresas e instituições que lidera um dos projetos vencedores do Edital Rota 2030 – Projetos Estruturantes, com o objetivo de desenvolver uma nova geração de baterias de lítio-íon para veículos híbridos médios (MHEV).
Este projeto busca ajudar a posicionar o Brasil como um novo polo global de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD & I) em tecnologias avançadas de eletromobilidade. A iniciativa tem o potencial de não apenas acelerar o adensamento da cadeia produtiva de eletrificação veicular, mas consolidar um ecossistema nacional robusto para o desenvolvimento de baterias de lítio.
O projeto colaborativo reúne algumas das principais instituições e empresas dos setores automotivo, de autopeças e de eletromobilidade. Entre os parceiros, estão o Núcleo VIRTUS da unidade EMBRAPII CEEI/UFCG da Universidade Federal de Campina Grande, na Paraíba.
Além deles, participam o Instituto Senai de Inovação ISI-TICs, em Pernambuco; as montadoras Stellantis e Volkswagen; a Horse, do Grupo Renault; e a Iochpe-Maxion, atuantes no segmento de autopeças. Startups inovadoras como Voltbras e HwIT também integram o consórcio.
Senai Park reúne empresas de diferentes setores
O Senai Park está instalado em uma área de 1,4 hectares ao lado da sede administrativa do Complexo Portuário de Suape. O parque tem como objetivo reunir empresas de diferentes setores produtivos, pesquisadores e instituições de ensino em um ambiente compartilhado. A infraestrutura vai comportar plantas-piloto, que permitem testar a viabilidade de soluções tecnológicas e processos produtivos antes da adoção em escala industrial.
A estrutura foi concebida de forma modular, possibilitando adaptações a cada projeto e foca na digitalização da cadeia de produção do hidrogênio sustentável, com a participação de companhias como Neuman & Esser, Siemens, White Martins, Hytron, Compesa e CTG Brasil.
Juntas, as iniciativas já somam investimentos de R$ 100 milhões, e a previsão é captar outros R$ 200 milhões nos próximos anos, e o conceito envolve a concentração geográfica de empresas, instituições e atores que colaboram, compartilhando conhecimento, infraestrutura e recursos para gerar vantagens competitivas e acelerar a aplicação de pesquisas inovadoras na indústria.
Além do eletrolisador de 100 kW, o Senai Park possui sistemas de armazenamento em tanques, célula a combustível e estação de abastecimento de veículos a hidrogênio. A proposta é fazer a cobertura de todo o ciclo de produção, estocagem e uso de H2. Uma linha de produção de baterias de lítio (12V e 48V) será montada para fornecimento de lotes estimados – pequena escala.