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'Fábrica do futuro' em Suape: conheça o SENAI Park, que acelera a criação de novas tecnologias para a indústria

Objetivo é reduzir o tempo entre pesquisa e mercado, ter soluções que não fiquem apenas em laboratório, mas avancem diretamente para aplicação direta

Por Fernando Castiho Publicado em 25/09/2025 às 16:10

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O Complexo Industrial e Portuário de Suape, em Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife, inaugura dia 20 de outubro um de seus mais importantes empreendimentos. Ele não depende da rotina portuária e também não será uma nova planta industrial, agregando ao complexo industrial mais um item na sua lista de produtos ali fabricados, mas com certeza vai alavancar a indústria pernambucana rumo ao futuro pelo que vai agregar de conhecimento - que é o seu maior objetivo.

O SENAI Park, o parque tecnológico do SENAI em Pernambuco, será, a partir de agora, o ambiente de aceleração, o desenvolvimento e a tropicalização de tecnologias, além de fomentar a criação de novos modelos de negócios sustentáveis, utilizando o que há de mais moderno em transformação digital, indústria inteligente e soluções voltadas à sustentabilidade, transição energética e descarbonização.

Ao mesmo tempo em que induz o setor produtivo rumo ao futuro, o complexo também vai reduzir o risco de a indústria inovar, seja tecnológico, financeiro ou de negócio, otimizando o tempo de mercado para criar produtos e processos.

Ele também não é um centro de pesquisa acadêmica, muito embora possa estar conectado a várias universidades. Mas o diferencial é gerar conhecimento tecnológico para a indústria do amanhã.

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Suape recebeu um eletrolizador para ser usado nos projetos do Senai Park. - Divulgação

O projeto de Pernambuco está dentro de um conjunto de propostas que o Senai nacional criou com o nome de Inovação e Tecnologia, que reúne 28 institutos de pesquisa em 12 estados mais o Distrito Federal, onde cada um escolheu uma rota de pesquisa de acordo com sua vocação e necessidades detectadas pelo setor industrial.

Pernambuco Senai Park, que é um desses centros focados em Tecnologias da Informação e Comunicação, junto com outros quatro no Nordeste, onde o Rio Grande do Norte se dedica a Energias Renováveis e a Bahia, nas áreas de Conformação e União de Materiais, Automação da Produção, Logística e Sistemas Avançados de Saúde.

O projeto de Pernambuco elegeu seis trilhas que envolvem Produção de Energia, Armazenamento de Energia, Digitalização do Grid, Inteligência Artificial e Otimização, Recuperação e Eficiência Energética, Captura de Carbono e Combustíveis Sustentáveis, em que pretende desenvolver conhecimento para aplicação em escala real.

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Instalações do Senai Park que estão sendo inauguradas em Suape. - Divulgação

Do laboratório para o mercado em tempo recorde

Nos últimos dois anos, equipes do Senai Pernambuco e de grandes indústrias vem se envolvendo num dos mais ousados projetos de Pesquisa e Desenvolvimento para a indústria, cujo objetivo é gerar conhecimento para prototipagem e produção de novos produtos a partir da validação de sua viabilidade em microplantas em escala que deem às empresas informações suficientes para decidirem se constroem ou não suas novas unidades a partir do conhecimento testado em laboratório.

“O objetivo é reduzir o tempo entre pesquisa e mercado, permitindo que soluções não fiquem apenas na prateleira de um laboratório, mas avancem diretamente para aplicação no “chão de fábrica” e gere novos negócios. Isso vai reduzir falhas no processo e risco no ciclo de desenvolvimento de novos produtos, gerando economia de tempo e custo”, pontua o diretor de Inovação e Tecnologia do SENAI-PE, Oziel Alves.

Ele detalha que o parque não será uma indústria, embora possa, em determinadas situações, adotar uma estrutura semelhante. Isso vai acontecer, mas numa escala menor, já que ele será utilizado para validar projetos para que eles cheguem à fábrica propriamente dita prontos para serem produzidos em larga escala.

No mundo real, o suporte proporcionado pelo SENAI Park também poderá trazer algo novo e oferecer ao setor produtivo. Como o SENAI mantém-se atento ao que de mais moderno é desenvolvido no mundo, novos processos podem ser prospectados, adaptados e validados para oferecer às empresas.

O diferencial do SENAI Park é que tudo isso se dará a partir de desenvolvimento que chega ao nível de produzir em escala comercial novos itens que são entregues para as empresas participantes incluírem na sua matriz de comercialização. Eles foram abrigados num guarda-chuva com o nome de Estratégia para Descarbonização e Transição Energética da Indústria.

O projeto, portanto, vai muito além de gerar conhecimento, como, por exemplo, um centro de pesquisa universitário que, após a pesquisa, precisa encontrar uma empresa interessada em fabricá-lo. Ele tenta se antecipar ao chão de fábrica ou… Ao ciberespaço.

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Oziel Silva, Diretor do Senai Park - Divulgação

Oziel Alves faz uma abordagem disruptiva do que o SENAI Park vai entregar: o projeto recebeu investimentos, comprou tecnologia e investe em pesquisa, para estar preparado para mostrar soluções que a indústria possa utilizar.

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Lançamento do projeto Senai Park em 202 com o nome de TechHub ]durante evento na Fiepe - Divulgação

“Nossa missão é estarmos conectados com tudo que há de melhor do mundo, fazer as conexões internacionais, trazer novas tecnologias para o Brasil, adaptar essas tecnologias aqui, de forma que a gente tenha essa caixa de ferramentas disponíveis para que a indústria possa usar e desenvolver as suas novas tecnologias, afirma o executivo”.

E isso no sítio onde está instalado, dentro da área do Complexo Portuário de Suape, já é realidade. O Senai Park vai funcionar dentro de uma estrutura dinâmica, modular e customizável. Os ambientes serão espaços experimentais, laboratórios e plantas-piloto.

Hidrogênio verde e baterias de lítio: os primeiros projetos na prática

Uma delas, já em funcionamento, comporta todo o ciclo de produção do Hidrogênio Verde (H2V). “Ele inclui um eletrolisador de 100 kW, sistemas de armazenamento em tanques, célula a combustível e estação de abastecimento de veículos a hidrogênio, permitindo todo o ciclo de produção, armazenamento e uso.

Também será instalada uma linha de produção de baterias de lítio de baixa tensão para veículos leves (12 e 48V) para produção de lotes pioneiros (baixa escala) e espaços para demonstração e integração digital: salas com sistemas de monitoramento, simulação e inteligência artificial para acompanhamento de operações em tempo real.

O diferencial do projeto desenvolvido pelo Senai em Suape é que ele é capaz de atrair investimentos de porte de companhias interessadas no que o ambiente de pesquisa pode gerar.

Apenas para desenvolver as sete trilhas escolhidas, o Senai Pernambuco já alocou com as empresas participantes R$ 100 milhões e está prospectando outros R$ 200 milhões. Nessas sete trilhas estão 14 companhias de grande porte que entraram colocando dinheiro, suportando suas equipes de pesquisa apostando em novos negócios.

Empresas por trás do projeto

Estão ali empresas como a White Martins, Siemens, Volkswagen, PSA Groupe, FCA (Stellantis), ExxonMobil, Cemig e CTG Brasil. Além das pernambucanas Moura, Atiaia (Cornélio Brennand), Compesa e Suape, que além de participar do projeto, cedeu o terreno onde o centro de pesquisa está sendo construído ao lado de sua sede administrativa.

O Parque Industrial de Tecnologia e Inovação, além das plantas habilitadas, terá áreas de P & D, escritórios, áreas de novos negócios e escritório ligado a todas as participantes em conexão em tempo real.

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Diretora regional do SENAI Pernambuco, Camila Barreto. - Divulgação

Segundo a Diretora regional do SENAI Pernambuco, Camila Barreto, o modelo de gestão do Senai Park tem quatro eixos de ação. Um centro de competências estratégicas, um de plantas piloto, um de prestação de serviços de tecnologia e inovação e um dedicado ao ecossistema de inovação. Esses eixos já estão trabalhando em seis projetos de pesquisa que já reúnem 14 empresas.

O eixo de plantas piloto é que tem a função de ter a produção de lotes piloto, fazer a validação das tecnologias, fazer a digitalização de competências e definir as cadeias de fornecedores. Um dos eixos é o Projeto de Digitalização da Cadeia Industrial para Produção de Hidrogênio no qual estão envolvidas as empresas Atiaia e Compesa, CTG Brasil e Siemens, Hytron, Moura e White Martins, cuja trilha é a aplicação da tecnologia Power-to-X (P2X) que, como se disse, transforma energia elétrica em outros tipos de energia.

A segunda instalação é a dedicada ao Projeto Nacional de Bateria de Lítio de Baixa Tensão para Eletrificação de Veículos. Esse projeto vai do desenvolvimento estrutural do produto à Robotização e Automação do processo produtivo passando pela Linha de Produção Híbrida (12V a 48V) e estratégia de MÊS (Manufacturing Execution Systems). O projeto já reúne as empresas PSA, FCA Volkswagen Horse, Iochpe-Maxion e Moura.

O Senai Park também estará trabalhando na construção de uma fábrica piloto para produção de fertilizantes organominerais com carbono negativo na rota de produção de CO2 e biocombustíveis que têm apoio de ao menos cinco ministérios.

Pernambuco no mapa da indústria tecnológica

Todo esse conjunto de conhecimento reunido fisicamente num único local assistidos por centenas de engenheiros e pesquisadores das empresas cria um ambiente de inovação que tende a ganhar tempo e potencializar mais investimentos em novas indústria com o diferencial de que no Senai Park esse conhecimento estará validado, prototipado e pronto para ser utilizado.

“Criamos ambientes de colaboração e inovação aberta para que empresas, startups, universidades e centros de pesquisa possam testar e validar soluções em condições reais. Nesse sentido, contamos com o apoio de outras instituições e, para isso, estamos conectados às duas maiores redes de inovação e tecnologia para a indústria no país: a Rede SENAI de Institutos de Tecnologia e Inovação e a Rede de Unidades EMBRAPII”, completa o diretor.

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Eletrolizador que vai operar nos projeto sdo Senai Park em Suape - Divulgação

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