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Desemprego estrutural de Pernambuco põe na conta de Raquel Lyra mais um desafio para suas entregas até 2026

Pernambuco lidera a taxa de desemprego segundo a PNAD sem chance de voltar marca de 2013 quando chegou a estar entre os menores da pesquisa do IBGE.

Por Fernando Castilho Publicado em 24/08/2025 às 0:05

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No estado que inaugurou a campanha eleitoral dois anos antes do dia da votação, a questão do emprego formal acrescenta mais um elemento de confronto dado que Pernambuco se mantém na liderança da taxa de desemprego medida pelo IBGE, através da PNAD contínua.

É uma situação difícil. A taxa de desocupação do país no segundo trimestre de 2025 chegou a 5,8%, a menor da série iniciada em 2012. Comparada ao 1º trimestre de 2025, essa taxa caiu em 18 das 27 unidades da federação e ficou estável nas outras nove. O problema é que, em Pernambuco (10,4%) ela está estável.

Líder nacional

A situação é mais difícil para o governo do Estado porque, segundo o IBGE os dados contemplam a reponderação da série histórica da PNAD contínua. E já considera os totais populacionais das Projeções de Populações, divulgadas em 2024 que incorporam os resultados do último Censo Demográfico, realizado em 2022.

A persistência preocupa. Mesmo que todos os meses, o governo informe que, a exemplo do que já vem acontecendo nos anteriores, Pernambuco vem apresentando crescimento no emprego formal, E que, como mostrou julho deste ano, a pesquisa do Caged tenha revelado um saldo de 2.128 postos de trabalho.

Miva Filho
Emprego fomal em Pernambuco. - Miva Filho

Novos empregos

É pouco. E é tema para debates internos da equipe de Raquel Lyra, na academia e, especialmente, em instituições como as federações de Indústria, Comércio e Sebrae. E nos serviços que analisam esse fenômeno no estado e regionalmente.

Curiosamente, Pernambuco é também um estado que vem tendo dificuldades de contratação de profissionais de áreas estratégicas como Tecnologia da Informação, profissionais de suporte a serviços médicos e nas áreas de serviços de logística, onde é cada vez maior a busca por profissionais com experiência. Especialmente, pela implantação de Centrais de Distribuição na Região Metropolitana.

Sem qualificação

Esse quadro é constatado pela procura crescente de cursos em intuições como Senai e no Senac que estão, a cada dia, ampliando as ofertas a pedido das empresas.

Mas porque isso não se reflete nos números da PNAD? E porque isso se dá nas maiores taxas de desocupação em Pernambuco (10,4%), Bahia (9,1%) os estados com a maior economia do Nordeste? E porque Pernambucano não está na lista das 15 unidades da federação com quedas nessa taxa?

Analistas têm se debruçado sobre isso com a remessa ao quadro estrutural do estado. E lembram o fato de ser tradicional produtor de açúcar e álcool - uma atividade que gera riqueza dos empreendedores- mas que não distribui riqueza firme na base da pirâmide.

Divulgação
Colhedora-Iturama em usina do Nordeste - Divulgação

Cana de açúcar

Isso foi verdade no passado. Mas como explicar isso se hoje a participação da atividade agropecuária é de aproximadamente 4,9% do PIB, incluindo toda a produção agrícola?

E que essa presença tende a se reduzir em função do crescimento da produção de frutas irrigadas no Vale do São Francisco. E mais recentemente com o estímulo à produção de leite e derivados. E pela criação de gado de corte para atender a implantação de um frigorífico industrial em Canhotinho.

Um elemento de discussão sobre essa persistência no desemprego é o fato de Pernambuco, junto com a Bahia, liderarem a lista de assistidos pelo Programa Bolsa Família.

Bolsa Família

Bahia com 2.383.390 famílias e Pernambuco com 1.523.850. E embora Pernambuco não esteja como a Bahia na lista dos 10 estados brasileiros onde existem mais beneficiários do programa que trabalhadores com carteira assinada, a taxa não cai.

Isso pode ser explicado pelo fato de que em 2024 Pernambuco fechou o ano com um saldo positivo de apenas 62,2 mil novos postos de trabalho, número que representou um crescimento de quase 22% em relação a 2023. Mas insuficiente.

O problema é que a taxa de desemprego de Pernambuco não baixa dos 10%. É quase o dobro da taxa nacional de 5,8%, o menor patamar da série - foi a primeira vez que o indicador ficou abaixo de 6% no país.

É muito distante de Santa Catarina que pode comemorar o pleno emprego com ínfimos 2,2% e com tendência de baixa.

Pleno emprego

O dado de Santa Catarina, um estado cuja marca é a diversificação de atividades, é que ele está junto do Rio Grande do Sul com 4,3% e do Paraná com 3,8% formando um cinturão de estados onde a oferta de emprego empurra os salários para cima da média de recuperação da renda.

Talvez a questão de Pernambuco esteja na chamada taxa composta de subutilização (14,4%) que em julho foi a mais baixa da série nacionalmente. Somada à população desalentada de 13,7%, que indica indica as pessoas que deixaram de procurar colocações formais.

Conta própria

Ou no fato do crescimento do aumento do número de trabalhadores por conta própria (25,8 milhões). Um estudo do IBRE publicado no Boletim Macro Regional mostra que na região Nordeste, 87% dos trabalhadores por conta própria eram informais em 2024.

O estudo do IBRE alerta que no segundo trimestre de 2024 (recorte do trabalho) o número absoluto caiu para cerca de 6,3 milhões comparado a igual período em 2012, mas ainda representando 26,9% dos ocupados.

Empreender é saída

Na verdade, pode se dizer que as dificuldades de qualificação para os novos empregos em estados como Pernambuco é o envelhecimento dos trabalhadores que buscam emprego formal, o tempo de estão fora do mercado e programas sociais acabam empurrando os trabalhadores para o trabalhadores por conta própria.

Que mesmo com a formalização, através do MEI, não ajudam a reduzir a taxa de desemprego.
Um desafio que a governadora Raquel Lyra ainda não sabe como enfrentar. Mas que precisa colocar na lista de entregas para a disputa da reeleição em 2026.

 

Destino dos animais dos carroceiros?

JC Imagem
Carroceiros na ciade do Recife Protesto. . - JC Imagem


No meio dos protestos que os carroceiros do Recife já promoveram em duas oportunidades, uma informação importante não foi divulgada e que está relacionada ao destino que a Prefeitura do Recife dará aos animais que os donos de cavalos, éguas , mulas e jumentos entregaram ao Centro de Vigilância Ambiental (CVA) do município?

Embora até agora a PCR não tenha revelado quantos tutores se inscreveram encaminhados para os benefícios do Programa Gradual de Retirada de Animais de Veículos de Tração Animal que deverá ser implantando no município a partir de 1º de fevereiro, há uma expectativa de que, pelo menos, 500 animais possam ser entregues ao CVA que, aliás fica em Olinda e não no Recife.

Sem estrutura

O problema é que o centro no bairro de Peixinhos não tem estrutura para receber tantos animais e frequentemente faz campanhas de adoção para interessados como fez até agora com apreendidos 505 equinos e, destes, 491 estavam em situação de maus-tratos. O CVA acolhe, trata e coloca para adoção.

Oficialmente, o uso será totalmente proibido a partir do dia 31 de janeiro de 2026. Mas não há informações sobre o destino desses animais e o custo dessa operação de recepção e custos no orçamento de 2026, considerando que a PCR não deve ficar com esse plantel cuidando de sua alimentação e cuidados sanitários.

JC Imagem.
Carroceiros na ciade do Recife Protesto Na PCR - JC Imagem.

Sem respostas

Perguntada, a PCR não informou se o governo municipal tem algum tipo de conversa com outras cidades do interior ou instituições que cuidam desses animais no interior, nem o quanto espera gastar na recepção dos animais.

E repetiu, numa nota, que os tutores que aceitarem receber a indenização, terão acesso a uma rede de qualificação profissional e apoio ao empreendedorismo e a vagas para compor a equipe de limpeza urbana da Emlurb.

Ajuda a exportador

Agora é oficial. O BNDES, finalmente, apresentou nesta sexta-feira (22) quatro linhas de crédito disponíveis aos exportadores atingidos pelo tarifaço. Eles terão recursos para Capital de Giro (financiamento de gastos operacionais) com taxas de 1,15% ao mês (a.m.), mais spread bancário e um ano de carência; uma linha para Giro Diversificação (busca de novos mercados) com taxa de juros (FAT Cambial) de 0,29% a.m., mais spread bancário e variação do dólar; uma para Bens de Capital (aquisição de máquinas e equipamentos) com taxa de juros fixa de até 0,58% a.m.

Finalmente uma para Investimento (inovação tecnológica, adaptação da atividade produtiva, de produtos, de serviços e de processos, e adensamento da cadeia produtiva). Essa, também com taxa de juros fixa de até 0,58% a.m, mas com prazo de até dez anos, incluindo até dois anos de carência. Nas duas linhas, o valor máximo que cada empresa recebe é de até R$150 milhões. Não resolve, mas ajuda.

Olhando a paisagem

Com argumento de que está aguardando as definições do Governo Federal, o Banco do Nordeste até agora faz cara de paisagem sobre sua ação junto aos empresários atingidos pelo tarifaço do governo americano. Procurado, o banco informou que vai anunciar suas ações assim que o governo se pronunciar. Bom, o BNDES já anunciou suas linhas.

A atuação do BNB é aguardada especialmente nas áreas da indústria pesqueira que tomou crédito via FNE para projetos de adequação industrial e no setor de exportação de frutas para implantação de packing house (casa de embalagem processamento). Como a diretriz do sai nesta sexta-feira (22) é possível a partir desta segunda (24) o banco se mexa.

Exportando

Uma boa notícia foi confirmada nesta sexta-feira (22) por empresários do setor de frutas do Vale do São Francisco. Pelo menos até o momento a remessa dos contêineres estavam programados para sair do país neste ano, mas nenhum deles foi cancelado.

Segundo o Diretor Técnico da Abrafrutas, Jorge de Souza, os empresários fizeram um ajuste nas margens, discutimos a modalidade de negócio, os modelos de negócio que tínhamos e as exportações estão acontecendo. O resultado não vai ser aquele que a gente imaginava, mas não vai ser o de terra arrasada como nós imaginávamos.

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Exportação de manga está acontecenmdo mesmo com a taxação dso EUA. - Divulgação

Melão do RN

No meio da crise uma informação positiva. A região de Mossoró (RN) cuja exportação se concentra em melão embora também tenha manga faz uma avaliação de que as tarifas impostas pelos Estados Unidos não devem causar muitos efeitos diretos, já que a maior parte das exportações do município e do estado potiguar são direcionadas para a União Europeia. E apenas 5% das frutas exportadas na região, puxadas pelo melão, tem como destino o mercado norte-americano.

Pescado

Mas em relação aos pescados a situação é mais dramática. O Nordeste produz pescado capturado no mar que se destina exclusivamente ao mercado americano. Com as tarifas o setor parou de processar esse peixe enquanto procurar ao menos redirecionar o que já está no porto pagando taxas e serviços de congelamento. Mas sem grandes avanços.

Atum Fresco

Um desses produtos é o atum fresco que a empresa pernambucana Oceanus reconheceu pela eficiência na logística capaz de fazer chegar o peixe resfriado em menos de 24 horas nos Estados Unidos e que suspendeu seus cruzeiros de pesca.

Segundo o empresário Renato Safadi seus principais produtos são o atum (bigeye e yellowfin) e Meca (Swordfish), distribuídos de forma rastreada para as cinco regiões do País, Estados Unidos além do Japão aguardam uma definição sobre o tarifaço.

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Sistema de desanilização de agua em cidades do interior. - Divulgação

Água salobra

A empresa de engenharia Acquapura Ltda. fará a implantação e manutenção de 18 sistemas de dessalinização de água em comunidades rurais na região de Garanhuns, Pedra, Buíque, Iati e Itaíba. O serviço faz parte daquele projeto financiado pelo Finisa (Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento) da Caixa que prevê a entrega de 400 novos sistemas onde a Compesa não tem como chegar.

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