Brasil Offshore Wind & Power-to-X destaca Nordeste como líder na produção de energia renovável e estratégico para indústria verde
Encontro em Natal(RN) debate cenário de produção de energia eólica off-shore depois da aprovação da nova lei que regulamenta eólicas em alto mar

Maior produtor de energia renovável do país e já figurando entre os maiores do mundo, o Nordeste brasileiro será o centro das discussões sobre a transição energética e a neo industrialização ecológica por ocasião da 3ª edição do Brasil Offshore Wind & Power-to-X (BOWPX 2025), que acontece a partir desta segunda-feira (26) até quarta-feira (28) de na Escola de Governo do Rio Grande do Norte.
O Nordeste concentra mais de 90% da produção nacional de energia eólica, sendo responsável por impulsionar o Brasil como uma das maiores potências globais em energias limpas.
O potencial técnico brasileiro de energia eólica offshore supera 700 gigawatts, praticamente cinco vezes toda a capacidade elétrica atualmente instalada no país, com a maior parte desse potencial localizada no litoral nordestino.
O evento é considerado o maior da América Latina dedicado à energia eólica offshore e às tecnologias Power-to-X que transformam eletricidade renovável em produtos como hidrogênio verde, e-metanol, amônia e aço verde reunirá especialistas de diversos países, como Japão, Alemanha, Dinamarca e Reino Unido, além de autoridades, pesquisadores e representantes do setor produtivo brasileiro.
O Rio Grande do Norte entra no debate por ser um dos principais locais dessa transformação, com o menor custo de produção de energia renovável do mundo, gerando atualmente sete vezes mais energia do que consome.
O estado foi pioneiro na implantação de infraestrutura, regulamentação do setor que favoreceu investimentos em projetos de energia eólica offshore e na implantação de portos-indústria dedicados à produção e exportação de hidrogênio verde e produtos sustentáveis.
Além do Rio Grande do Norte, outros estados nordestinos também despontam nesse cenário. Pernambuco é um exemplo expressivo, com o Complexo Industrial Portuário de Suape sendo apontado como um dos principais vetores para o desenvolvimento de projetos de eólica offshore e indústrias verdes.
O Recife está nesse debate como um centro logístico e tecnológico, apto a atrair investimentos e integrar cadeias produtivas de alto valor agregado, especialmente nas áreas portuária, metalomecânica e de inovação em energias renováveis.
O evento é promovido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), por meio do projeto Creation, sob a coordenação do professor Mário González, referência nacional na área. Com a expectativa é reunir cerca de 1.000 participantes em uma programação intensa com paineis técnicos, palestras, rodada de negócios e um curso sobre energia eólica offshore, especialmente direcionado a formuladores de políticas públicas e profissionais de setores estratégicos.
O Brasil Offshore Wind & Power-to-X também recebeu apoio de importantes parceiros institucionais, como a Global Wind Energy Council (GWEC), Apex Brasil, ABEEólica e Sebrae, o evento reforça seu caráter inclusivo, com tradução em Libras, e aposta na articulação internacional para consolidar o Nordeste como um hub latino-americano de exportação de hidrogênio verde e de produtos com alto valor agregado.
Segundo o professor Mário González, o Brasil, especialmente o Nordeste, possui hoje o menor custo de produção de hidrogênio verde do mundo. Isso coloca a região como uma das mais competitivas para a fabricação de produtos sustentáveis, como aço verde, fertilizantes nitrogenados e e-metanol. Esse é um caminho não apenas para a transição energética, mas também para uma nova industrialização ecológica e para o desenvolvimento regional.”
O evento acontece quatro meses após o presidente Lula da Silva sancionou a lei que regulamenta a instalação de equipamentos para energia eólica em alto mar (offshore). A decisão foi publicada em edição extra no Diário Oficial, na sexta-feira.
A lei foi proposta em 2022, pelo então senador Jean Paul Prates (PT-RN) lei foi sancionada com veto aos artigos 22, 23 e 24, trechos considerados “jabutis” — dispositivos inseridos pelo Congresso Nacional em projetos de lei que nada têm a ver com o tema original.
A nova lei estabelece as diretrizes para exploração da eólica offshore e prevê o direito de uso de bens da União para aproveitamento de potencial para geração de energia elétrica a partir de empreendimento em ambiente marinho.
E que o contrato de cessão de uso será dividido em duas fases: a de avaliação e a de execução. Na fase de avaliação, a empresa deverá realizar estudos técnicos e ambientais para determinar a viabilidade do projeto de energia em alto-mar.