Professores pernambucanos entre os melhores do Brasil no Prêmio Educador Nota 10
Os professores da rede pública Gustavo Bezerra e Marta da Silva foram premiados por projetos que unem ciência, sustentabilidade e sensibilidade
 
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Dois professores pernambucanos representaram o Estado e tiveram suas atuações e projetos reconhecidos na 27ª edição do Prêmio Educador Nota 10, promovido pelo Instituto SOMOS. A cerimônia de premiação ocorreu na última terça-feira (28), na Pinacoteca de São Paulo.
O Prêmio reconhece e valoriza professores da Educação Infantil ao Ensino Médio, coordenadores pedagógicos e gestores escolares de escolas públicas e privadas de todo o país. Nesta edição, foram inscritos mais de 4 mil trabalhos, um aumento de 45% em relação a 2024, sendo 68% das propostas apresentadas por mulheres.
O professor da Escola Técnica Estadual (ETE) Paulo Freire Gustavo Santos Bezerra, do município de Carnaíba, foi o grande destaque da cerimônia, sendo eleito o Educador Nota 10 de 2025. No Eixo Sustentabilidade, ele também recebeu o 1º lugar pelo projeto "Dos resíduos aos recursos: Proposta de reutilização dos subprodutos das casas de farinha do Quilombo do Caroá”.
"Ganhar o Prêmio Educador Nota 10 foi um reconhecimento do trabalho que, nós professores, realizamos no chão da escola, um trabalho em cojunto que envolve professores, coordenadores, gestão, alunos e comunidade, principalmente. Ter esse reconhecimento e ser eleito Educador Nota 10 foi algo muito gratificante e recompensado da prática que a gente realiza na escola", afirmou Bezerra à coluna Enem e Educação.
Filtropinha transforma resíduos das casas de farinha
O projeto Filtropinha, foi desenvolvido com intuito de transformar os impactos ambientais dos resíduos gerados por casas de farinha, localizadas no Quilombo do Caroá, que podem ocasionar problemas como poluição da água, do solo e do ar.
Diante dessa situação, um grupo de alunos da ETE Paulo Freire, com base na abordagem STEAM (sigla em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática), desenvolveu um filtro adsorvente à base de cascas de pinha, capaz de reduzir a carga poluente da manipueira — o líquido gerado no processo de produção da farinha de mandioca, que contém substâncias tóxicas como o ácido cianídrico.
O protótipo foi produzido por meio de uma impressora 3D, na qual uma peneira foi instalada na saída do filtro para fixar o papel filtrante e o tecido de algodão. As cascas da pinha, que passaram por um processo específico até se tornarem farinha, são adicionadas a esse filtro, juntamente com o algodão e o carvão.
"O projeto ainda continua tendo diversos impactos, principalmente por parte do resultado dos alunos, onde eles puderam participar de competições, eventos. Semana que vem, um grupo mesmo dessa disciplina vai participar da COP 30 no Pará, além de diversos alunos que receberam bolsas através desse projeto. E agora, em si na comunidade, através de alguns recursos, estamos investindo para a melhoria do projeto para produção mais sustentáveis", explicou o professor.
Como mensagem principal aos alunos, pais, professores e à comunidade escolar, o professor Gustavo Bezerra destacou a importância da educação como instrumento de transformação social e ponte para a melhoria da qualidade de vida.
“Só a partir de uma educação pública de qualidade é que nós vamos conseguir melhorar a qualidade de vida das pessoas”, afirmou o Educador Nota 10.
  
		
Imersão sensorial no universo marinho
Ainda no Eixo Sustentabilidade, a professora Marta da Silva, da Creche Maria Anunciada de Arruda (Irmã Linda), localizada no bairro de Pau Amarelo, em Paulista, conquistou o terceiro lugar com o projeto “Mar de Descoberta”.
A iniciativa, realizada desde o ano passado, propõe uma imersão sensorial no universo marinho, inspirada em elementos simbólicos da cidade, e foi desenvolvida com crianças de 7 meses a 1 ano e quatro meses. Por meio de tecidos, sons, materiais naturais e obras literárias como “Onda”, da escritora corena Suzy Lee, e “O Mar e o Sertão”, da escritora pernambucana Patrícia Vasconcelos, a docente criou um ambiente lúdico de exploração que estimula a curiosidade das crianças, fortalece vínculos afetivos e promove o desenvolvimento integral na Educação Infantil.
“As atividades foram elaboradas a partir do aniversário da cidade do Paulista, que celebrou 89 anos. Como estou estudando as pedagogias participativas, que partem da escuta da criança e a colocam como protagonista do seu aprendizado, fiz o inverso da pedagogia tradicional, que ainda trabalha com folhas e crianças sentadas dentro da sala. Eu sei que crianças muito pequenas não vão entender o conceito de sustentabilidade ou de aniversário da cidade, então elas precisam vivenciar”, explicou a professora Marta da Silva.
A partir desse trabalho, foram apresentadas imagens de diversos pontos do município, como a Igreja Santa Isabel, o Terminal Integrado Pelópidas Silveira e as praias da cidade. “Nós mergulhamos nesse universo litorâneo e trouxemos a praia para dentro da sala de aula. Conversando com uma das mães, ela contou que um dos alunos ainda não conhecia o mar”, relatou Marta.
O resultado, segundo a educadora, foi a participação ativa das crianças, que demonstraram curiosidade e exploraram de forma espontânea a relação entre elas e os materiais expostos.
“Para mim, foi grandioso receber essa premiação, porque consegui dar visibilidade à Educação Infantil e à Primeira Infância. As pessoas ainda voltam muita atenção ao 2º ano do Ensino Fundamental, por causa das avaliações, e ao Ensino Médio — e a Educação Infantil acaba ficando esquecida. Para você ter ideia, essa é a única turma de berçário do município”, destacou a docente.
Confira os vencedores 2025:
Os primeiros, segundos e terceiros colocados em cada categoria do Prêmio Educador Nota 10 recebem, respectivamente, R$ 25 mil, R$ 20 mil e R$ 15 mil em premiação.
Além do valor em dinheiro, os vencedores também ganham bolsas integrais de pós-graduação oferecidas pelo Instituto Singularidades e acesso à PROFS, plataforma online de formação continuada para educadores desenvolvida pela SOMOS Educação.
Eixo Direitos Humanos:
1º lugar: “Pra ver se me enxergo!”, da professora Renata Moura dos Santos (SP)
2º lugar: Eu vejo você: o clube da leitura antirracista”, da professora Maria Cristina Bezerra de Lima Castro (BA)
3º lugar: “Teoria como libertação: a voz de levante das trabalhadoras domésticas, estudantes da EJA”, da professora Lidiane dos Santos (SP)
Eixo Inovação e Tecnologia:
1º lugar: “Chegadas e partidas: histórias que se conectam!”, da professora Priscila Terêncio (SP)
2º lugar: “Circuito de atletismo”, da professora Jeyze Duarte (PA)
3º lugar: “Meu futuro nesta sociedade”, da professora Claúdia Amaral (SP)
Eixo Sustentabilidade:
1º lugar: Dos resíduos aos recursos: Proposta de reutilização dos subprodutos das casas de farinha do Quilombo do Caroá”, do professor Gustavo Santos Bezerra (PE)
2º lugar: “Riscos em Perspectiva: o bairro Matosinhos em maquetes”, do professor Rafael César Costa Silva (MG)
3º lugar: “Mar de descoberta”, da professora Marta da Silva (PE)
 
                         
                                                                                             
                                                                                             
                                                                                    
                                            