Estudantes retiram armadilhas de animais em mata de Camaragibe e criam trilha educativa

Os estudantes criam ação ambiental após encontrarem indícios de caça ilegal; espécies ameaçadas incluem quati, tatu e bicho-preguiça

Por Mirella Araújo Publicado em 26/09/2025 às 12:03 | Atualizado em 26/09/2025 às 12:13

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A identificação de armadilhas utilizadas para a captura de animais silvestres em uma área de mata próxima à Escola Estadual Major Lélio, em Camaragibe, mobilizou alunos, educadores e parceiros institucionais a desenvolverem ações de conscientização ambiental.

O resultado foi a criação da "Trilha Ecopedagógica", uma ação coletiva que une preservação e práticas educativas dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) Aldeia-Beberibe.

A iniciativa nasceu após os próprios estudantes encontrarem indícios de caça irregular no entorno do terreno onde fica a escola. Entre as espéices ameaçadas estavam o quati, o tatu e o bicho-preguiça.

Diante da gravidade do caso, a escola promoveu rodas de conversa com especialistas e representantes de órgãos ambientais, para ampliar o debate sobre os danos causados por esse tipo de atividade ilegal e incentivando o protagonismo juvenil na proteção da biodiversidade local.

Para Renan Gabriel Rodrigues, 17 anos, aluno do 3º ano do Ensino Médio, o projeto é uma forma de valorizar a área verde onde a escola está localizada. “Com esse projeto, vimos que existem várias formas de proteger a mata e os animais. Nosso intuito é trazer outras escolas para conhecer a Trilha Ecopedagógica e mostrar que esse espaço está sendo bem preservado”, contou o estudante à coluna Enem e Educação.

Segundo Renan, os alunos do Ensino Médio se reúnem semanalmente para fiscalizar o trajeto da trilha, o que tem fortalecido o debate ambiental entre os colegas. “Conversamos sobre o que pode ser melhorado, como tornar a trilha mais segura para quem for visitá-la no futuro. Uma das ideias é instalar um corrimão para evitar acidentes, já que há uma descida bem íngreme”, explicou.

 

 Divulgação/SEE
Estudantes da Escola Estadual Major Lélio lideram ação ambiental e criam trilha ecológica na Área de Proteção Ambiental Aldeia-Beberibe - Divulgação/SEE

Percurso construído de forma colaborativa

Com apoio de docentes, voluntários e organizações parceiras — entre elas a ONG Giral, Trilha Eco Verdejante, Ultramega Hospitalar, Aldeia Orgânica, Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) e a Brigada Ambiental de Camaragibe —, o percurso ecológico foi construído de forma colaborativa. A trilha passou a funcionar como um espaço educativo ao ar livre.

Durante as visitas, os alunos atuam como mediadores, conduzindo os participantes por estações de interpretação ambiental que abordam aspectos da fauna local, da vegetação nativa e da importância da mata ciliar para o equilíbrio ecológico. O trajeto foi oficialmente aberto ao público em dezembro de 2024, durante uma atividade inaugural que reuniu a comunidade escolar e parceiros institucionais.

Além da trilha, a escola tem investido em outras iniciativas voltadas à sustentabilidade, como a implantação de hortas, jardins e mutirões de limpeza e organização dos espaços comuns. Essas ações fortalecem o vínculo entre os estudantes e o meio ambiente, despertando o senso de pertencimento e responsabilidade coletiva.

Com o objetivo de aprofundar a compreensão sobre a biodiversidade da região, foram instaladas duas câmeras noturnas na APA Aldeia-Beberibe. Os equipamentos, adquiridos com recursos do Programa Investe Escola, têm como finalidade registrar e monitorar a movimentação da fauna silvestre, gerar dados consistentes para estudos ambientais e promover o aprendizado prático por meio da observação direta da natureza.

De acordo com a gestora da escola, Maria José, o projeto tem como meta transformar os alunos em guardiões da fauna e protagonistas da transformação ambiental.

“Nossa intenção é engajar toda a comunidade escolar em práticas sustentáveis, promover intercâmbios com outras instituições de ensino e ampliar a sensibilização sobre a importância da justiça ambiental”, destacou.

*Com informações da Superintendência de Comunicação da SEE-PE

 

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