Cecília Cruz: 'Recife fortalece políticas de saúde mental na Rede Municipal de Ensino'
O ambiente escolar, marcado por demandas pedagógicas, sociais e emocionais, exige atenção constante ao bem-estar de seus profissionais e estudantes

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A saúde mental tem se consolidado como um dos maiores desafios contemporâneos para diferentes setores da sociedade, em especial para a educação. O ambiente escolar, marcado por demandas pedagógicas, sociais e emocionais, exige atenção constante ao bem-estar de seus profissionais e estudantes.
Nesse cenário, tornam-se fundamentais políticas públicas que reconheçam o problema e proponham ações preventivas e de cuidado, capazes de promover qualidade de vida, valorização e permanência dos trabalhadores da educação em suas funções.
No Recife, a gestão municipal assumiu a dianteira desse debate e reconheceu de forma clara que se trata de um problema estrutural, que não pode ser ignorado. Por meio da Secretaria de Educação, foram estruturadas políticas públicas voltadas especificamente para o cuidado integral da saúde dos servidores e estudantes, com especial atenção para a saúde mental.
O Programa Bem-Estar na Educação (PBE), instituído em consonância com a Lei Federal nº 14.681/2023, o Centro de Atendimento ao Servidor da Educação (CASER) e o Programa Educação que Protege se consolidaram como eixos centrais dessa política, articulando prevenção, acolhimento e tratamento especializado.
O CASER funciona como um espaço de referência para os trabalhadores da rede, oferecendo não apenas psicoterapia individual e em grupo, mas também serviços de fonoaudiologia, fisioterapia, massoterapia, musicoterapia e práticas integrativas como yoga, biodança e meditação.
JC Educação debate a Saúde Mental na Escola: Um Desafio Coletivo
O atendimento é complementado por atividades culturais, rodas de diálogo, cursos e palestras, que fortalecem a promoção da saúde e o bem-estar no trabalho. Essa abordagem integral, que vai além do cuidado clínico, garante que os mais de 10 mil servidores ativos e inativos da Rede Municipal de Ensino do Recife tenham acesso a um suporte diversificado, capaz de atender às demandas físicas, emocionais e sociais que envolvem o exercício docente.
Entre 2023 e agosto de 2025, já foram realizados 22.825 atendimentos no CASER e polos descentralizados, sendo 6.890 em psicologia, o que confirma o crescimento da procura e a confiança dos profissionais nos serviços oferecidos.
Apenas em 2025, até o mês de agosto, foram contabilizados 7.090 atendimentos gerais, dos quais 2.061 em psicologia, área central para o cuidado da saúde mental. Esses dados demonstram a dimensão da demanda e, ao mesmo tempo, a capacidade da rede em oferecer atendimento estruturado e especializado, prevenindo o agravamento de casos e fortalecendo a permanência docente.
Ocupando um papel de destaque, o programa Educação que Protege é voltado para a garantia dos direitos de crianças e adolescentes da Rede Municipal e realiza frequentemente intervenções restaurativas e preventivas, sempre colocando a temática da saúde mental como prioridade. Isso porque situações de violência ou vulnerabilidade impactam diretamente o bem-estar emocional dos estudantes.
As ações acontecem dentro das próprias unidades de ensino e são definidas a partir da realidade e da demanda de cada comunidade escolar. As atividades podem assumir diferentes formatos, como palestras, rodas de conversa, oficinas de autocuidado ou círculos de construção de paz e justiça restaurativa. Entre os temas já trabalhados, estão a prevenção à autolesão e ao suicídio, além de iniciativas voltadas ao enfrentamento das violências e à promoção de relações mais saudáveis.
De 2023 até agosto deste ano, o Educação que Protege já alcançou mais de 14 mil estudantes, cerca de 1.000 professores e mais de 2.400 pais ou responsáveis, em atividades realizadas em 363 unidades de ensino do Recife. Esses números mostram a amplitude do impacto do programa e a consolidação de uma cultura de cuidado, diálogo e proteção dentro das escolas.
Ao implantar essas ações, a Prefeitura do Recife reafirma sua postura de não ignorar o adoecimento mental dos profissionais da educação.
Pelo contrário, a gestão assume a responsabilidade de enfrentar o problema com seriedade e consistência, apostando tanto na prevenção, por meio de atividades contínuas de sensibilização e formação, quanto no atendimento estruturado, com suporte psicológico e multiprofissional. Esse conjunto de medidas reforça o compromisso da cidade com a valorização da categoria e com a construção de uma rede de ensino mais saudável, acolhedora e eficiente.
Cuidar da saúde mental dos trabalhadores da educação significa cuidar também da permanência docente e da qualidade do ensino oferecido à população.
Ao fortalecer o CASER, ampliar o número de atendimentos psicológicos e consolidar programas como o Educação que Protege, a Secretaria de Educação do Recife se coloca na vanguarda nacional, mostrando que é possível unir prevenção, cuidado e valorização para garantir o bem-estar dos profissionais e, consequentemente, um futuro mais humano e sustentável para toda a comunidade escolar.
*Cecília Cruz, secretária de Educação do Recife