Menos crianças na escola não é sinônimo de vitória, alerta Alexandre Schneider

Redução no número de alunos traz oportunidade para investir em qualidade, mas exige cautela na revisão de gastos obrigatórios, alerta especialista

Por JC Publicado em 07/08/2025 às 11:42 | Atualizado em 07/08/2025 às 11:46

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A redução no número de matrículas nas escolas brasileiras, resultado direto do envelhecimento da população, revela um novo cenário para a educação pública. Longe de significar que o país superou seus principais entraves educacionais, a queda na demanda por vagas representa uma oportunidade – e, ao mesmo tempo, um risco – para o futuro da política educacional brasileira.

Essa foi a análise feita por Alexandre Schneider, doutor em Administração Pública e Governo pela Fundação Getúlio Vargas e ex-secretário de Educação de Pernambuco, em entrevista concedida ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal.

"A gente tem uma oportunidade de melhorar a qualidade do gasto e ampliar, por exemplo, as escolas em tempo integral no Brasil", afirmou Schneider.

Oportunidade para investir em qualidade e tempo integral

Schneider destacou que o fato de haver mais vagas do que alunos nas escolas não representa, por si só, uma vitória da educação brasileira. A queda no número de crianças em idade escolar tem origem na transição demográfica do país, e não em um avanço significativo na cobertura ou na qualidade do ensino.

Ele vê esse novo cenário como uma janela para expandir o tempo de permanência dos estudantes na escola e, principalmente, aprimorar a qualidade da educação oferecida. 

"A gente precisa melhorar a qualidade da educação, porque todos os nossos testes têm mostrado que paramos em algumas etapas, em especial no ensino médio", alertou.

Apesar de avanços, há déficits importantes ainda não superados. Um deles é a meta histórica de garantir que pelo menos 50% das crianças estejam matriculadas em creches, estabelecida já no Plano Nacional de Educação (PNE) de 2001 e mantida no PNE de 2014.

"Há 25 anos a gente está dizendo que vai ter 50% das crianças em creche, e a gente ainda não chegou lá. Tem perto de 40%, e em alguns estados, bem menos do que isso. É o caso de Pernambuco", pontuou o ex-secretário.

"Acabar com a obrigatoriedade do gasto é andar para trás"

Com a redução de matrículas, Schneider alertou para um movimento que já começa a ganhar força: a proposta de rever a obrigatoriedade de investimentos mínimos na área da educação. Para ele, esse seria um grave erro. "O risco é virar asfalto. E aí a gente anda para trás", declarou. 

Alexandre frisou que o país enfrenta um duplo desafio: garantir que todos aprendam o essencial – como leitura, escrita e matemática – e preparar os estudantes para um futuro que exigirá novas competências, diante da revolução tecnológica em curso.

"A gente está vendo uma mudança radical no mundo. A Inglaterra, por exemplo, já autorizou o primeiro escritório de advocacia totalmente por inteligência artificial", comentou Schneider.

A transição demográfica, portanto, impõe uma mudança de foco, não apenas mais vagas, mas uma formação que permita aos jovens gerar renda e contribuir para uma sociedade mais equitativa.

"O desafio do país é gigantesco. Ele só vai ser alcançado com uma educação que resolva duas questões: a do passado – aprender a ler, escrever e contar – e a do futuro, que é ensinar novas possibilidades", completou.

Disparidades regionais exigem cautela na redistribuição de verbas

Questionado sobre as desigualdades entre estados, Schneider foi direto disse que enquanto regiões como Santa Catarina têm escolas com apenas 15 alunos, outras, como Pernambuco, ainda enfrentam problemas básicos de infraestrutura e superlotação.

"Tem escola com 300, 400 alunos e um banheiro. Precisa construir escola, especialmente em algumas regiões. E isso vai precisar de dinheiro", afirmou.

Ele concluiu defendendo uma nova agenda para a educação brasileira, com foco em avaliação de resultados, monitoramento e gestão eficiente. 

"Não é cortando os recursos que a gente vai garantir qualidade, mas tendo um sistema mais forte e próximo de avaliação para onde vai o dinheiro da educação". 

*Texto gerado com auxílio de IA a partir de conteúdo autoral da Rádio Jornal com edição de jornalista profissional.

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