Cena Política | Análise

Pesquisa mostra cansaço do eleitor com crises internas do bolsonarismo

O eleitor flutuante, aquele que não se identifica com partidos, distancia-se do bolsonarismo e reforça a tese de que Lula é opção "menos ruim".

Por Igor Maciel Publicado em 21/08/2025 às 20:00

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As brigas internas do bolsonarismo ganharam novos capítulos com o vazamento dos áudios e mensagens do celular de Jair Bolsonaro (PL). As conversas envolvendo o próprio ex-presidente, além de Eduardo Bolsonaro, o pastor Silas Malafaia e até o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), expõem um ambiente de confusão permanente. Não é apenas um atrito entre pai e filho. É um retrato de um grupo político que transformou a desordem interna em rotina e que, mais uma vez, transmite ao eleitorado a sensação de que é preciso se afastar para não ser arrastado junto.

Esse caos interno, que já custou caro em 2022, reaparece como herança difícil de carregar em 2026. E tudo isso, justo em um momento crítico para a família, quando o líder principal está prestes a ser condenado e preso. Quem se beneficia desse caos? Lula (PT). É o que mostra a pesquisa Quaest divulgada com as intenções de voto para a presidência.

Fragmentação da direita

O cenário é de uma direita fragmentada e conflituosa. A disputa aberta para definir quem herdará o espólio de Jair Bolsonaro se transformou em briga de família, com direito a insultos públicos e troca de acusações.

Eduardo Bolsonaro, ao defender que o projeto de anistia deve, "acima de tudo, salvar o pai", chegou ao ponto de confrontar o próprio Jair, xingando o ex-presidente. Silas Malafaia, por sua vez, tratou o filho de Bolsonaro com desprezo, chamando-o de "babaca" num áudio enviado a Jair Bolsonaro contendo tantos palavrões que é difícil acreditar que saiu mesmo da boca de um pastor evangélico.

No meio do tiroteio verbal, Tarcísio de Freitas virou motivo de nova discórdia, visto ora como "traidor", ora como "opção para a sucessão". Para o eleitor que observa de fora, o espetáculo é o mesmo de anos atrás: confusão em escala industrial. A mesma que aumentou a rejeição ao então presidente em 2022 e o ajudou a perder a reeleição.

Medo no eleitor flutuante

É nesse ambiente que a pesquisa Quaest ganha relevo. Mais do que números, ela ajuda a medir a temperatura desse eleitorado cansado.

Por exemplo, entre aqueles que não se declaram partidários nem têm candidato fixo, o "medo da volta de Jair Bolsonaro" é 21 pontos percentuais maior do que o receio de uma "continuidade de Lula (PT) no poder" (46% x 25%). A observação foi do sociólogo e pesquisador Maurício Garcia, que integra a bancada do programa Passando a Limpo, na Rádio Jornal.

É um dado que fala alto, porque mostra que justamente o eleitor mais disputado, o flutuante, que garante a vitória de um lado ou de outro num cenário muito polarizado, enxerga nas brigas da direita uma ameaça maior do que a permanência de Lula. E esse é um ponto que deveria soar como sirene para qualquer estrategista da oposição. Se é que eles ainda estão vivos.

O cansaço do eleitor

O desgaste provocado por esse clima de guerra permanente não é novidade. Em 2022, episódios como Carla Zambelli (PL) correndo armada nas ruas e Roberto Jefferson atirando contra a polícia foram decisivos para afastar votantes que poderiam ter garantido a reeleição de Bolsonaro.

O próprio ex-presidente admitiu que a sucessão de crises internas corroeu seu apoio. O que se vê agora, com os áudios e mensagens, é a repetição do mesmo roteiro. O eleitor médio, que já carrega problemas suficientes no cotidiano, não tem disposição para embarcar em um projeto político cuja marca registrada é a confusão, os xingamentos, os palavrões.

Caminhos possíveis

As simulações da Quaest divulgadas esta semana reforçam o cansaço. Lula abre vantagem contra todos os nomes testados, de Tarcísio de Freitas a Michele Bolsonaro (PL), de Ratinho Júnior (PSD) a Eduardo Leite (PSD).

A chamada "boca do jacaré" se abre cada vez mais, indicando que a cada rodada a distância do atual presidente para os adversários aumenta. Até mesmo nomes considerados competitivos estão em queda, contaminados pela associação direta ou indireta ao bolsonarismo.

O recado é direto: ou esse campo político pacifica suas relações internas e externas, ou seguirá acumulando derrotas. A alternativa, como já vem alertando o cientista político Adriano Oliveira em artigos e entrevistas à Rádio Jornal, é que qualquer candidato com alguma ambição de enfrentar Lula em 2026 terá que se afastar, e talvez até negar o bolsonarismo.

Nem Lula, nem Bolsonaro

A mesma pesquisa também revela outro dado simbólico: 65% dos entrevistados acreditam que Jair Bolsonaro não deveria ser candidato e deveria apoiar outra pessoa. Ao mesmo tempo, 58% dizem que Lula não deveria tentar a reeleição.

O recado é claro: o eleitor brasileiro mais uma vez se vê diante da lógica de escolher o "menos ruim". Porque, se houvesse alternativas viáveis, a maioria não quer nem um e nem outro. É uma triste realidade para um país que tem potencial para ser tão próspero e feliz.

As brigas internas do bolsonarismo ganharam novos capítulos com o vazamento dos áudios e mensagens do celular de Jair Bolsonaro (PL). As conversas envolvendo o próprio ex-presidente, além de Eduardo Bolsonaro (PL), o pastor Silas Malafaia e até o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), expõem um ambiente de confusão permanente. Não é apenas um atrito entre pai e filho. É um retrato de um grupo político que transformou a desordem interna em rotina e que, mais uma vez, transmite ao eleitorado a sensação de que é preciso se afastar para não ser arrastado junto. Esse caos interno, que já custou caro em 2022, reaparece como herança difícil de carregar em 2026. E tudo isso, justo em um momento crítico para a família, quando o líder principal está prestes a ser condenado e preso. Quem se beneficia desse caos? Lula (PT). É o que mostra a pesquisa Quaest divulgada com as intenções de voto para a presidência.

Fragmentação da direita

O cenário é de uma direita fragmentada e conflituosa. A disputa aberta para definir quem herdará o espólio de Jair Bolsonaro se transformou em briga de família, com direito a insultos públicos e troca de acusações. Eduardo Bolsonaro, ao defender que o projeto de anistia deve, "acima de tudo, salvar o pai", chegou ao ponto de confrontar o próprio Jair, xingando o ex-presidente. Silas Malafaia, por sua vez, tratou o filho de Bolsonaro com desprezo, chamando-o de "babaca" num áudio enviado a Jair Bolsonaro contendo tantos palavrões que é difícil acreditar que saiu mesmo da boca de um pastor evangélico. No meio do tiroteio verbal, Tarcísio de Freitas virou motivo de nova discórdia, visto ora como "traidor", ora como "opção para a sucessão". Para o eleitor que observa de fora, o espetáculo é o mesmo de anos atrás: confusão em escala industrial. A mesma que aumentou a rejeição ao então presidente em 2022 e o ajudou a perder a reeleição.

Medo no eleitor flutuante

É nesse ambiente que a pesquisa Quaest ganha relevo. Mais do que números, ela ajuda a medir a temperatura desse eleitorado cansado. Por exemplo, entre aqueles que não se declaram partidários nem têm candidato fixo, o "medo da volta de Jair Bolsonaro" é 21 pontos percentuais maior do que o receio de uma "continuidade de Lula no poder" (46% x 25%). A observação foi do sociólogo e pesquisador Maurício Garcia, que integra a bancada do programa Passando a Limpo, na Rádio Jornal. É um dado que fala alto, porque mostra que justamente o eleitor mais disputado, o flutuante, que garante a vitória de um lado ou de outro num cenário muito polarizado, enxerga nas brigas da direita uma ameaça maior do que a permanência de Lula. E esse é um ponto que deveria soar como sirene para qualquer estrategista da oposição. Se é que eles ainda estão vivos.

O cansaço do eleitor

O desgaste provocado por esse clima de guerra permanente não é novidade. Em 2022, episódios como Carla Zambelli (PL) correndo armada nas ruas e Roberto Jefferson atirando contra a polícia foram decisivos para afastar votantes que poderiam ter garantido a reeleição de Bolsonaro. O próprio ex-presidente admitiu que a sucessão de crises internas corroeu seu apoio. O que se vê agora, com os áudios e mensagens, é a repetição do mesmo roteiro. O eleitor médio, que já carrega problemas suficientes no cotidiano, não tem disposição para embarcar em um projeto político cuja marca registrada é a confusão, os xingamentos, os palavrões.

Caminhos possíveis

As simulações da Quaest divulgadas esta semana reforçam o cansaço. Lula abre vantagem contra todos os nomes testados, de Tarcísio a Michele Bolsonaro, de Ratinho Júnior a Eduardo Leite. A chamada "boca do jacaré" se abre cada vez mais, indicando que a cada rodada a distância do atual presidente para os adversários aumenta. Até mesmo nomes considerados competitivos estão em queda, contaminados pela associação direta ou indireta ao bolsonarismo. O recado é direto: ou esse campo político pacifica suas relações internas e externas, ou seguirá acumulando derrotas. A alternativa, como já vem alertando o cientista político Adriano Oliveira em artigos e entrevistas à Rádio Jornal, é que qualquer candidato com alguma ambição de enfrentar Lula em 2026 terá que se afastar, e talvez até negar o bolsonarismo.

Nem Lula, nem Bolsonaro

A mesma pesquisa também revela outro dado simbólico: 65% dos entrevistados acreditam que Jair Bolsonaro não deveria ser candidato e deveria apoiar outra pessoa. Ao mesmo tempo, 58% dizem que Lula não deveria tentar a reeleição. O recado é claro: o eleitor brasileiro mais uma vez se vê diante da lógica de escolher o "menos ruim". Porque, se houvesse alternativas viáveis, a maioria não quer nem um e nem outro. É uma triste realidade para um país que tem potencial para ser tão próspero e feliz.

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