Mudanças em pastas-chave tem objetivo administrativo e também eleitoral
Os dois novos secretários são do PSD da governadora, devem ser candidatos em 2026 e têm a missão de dinamizar ações na Região Metropolitana.

Quando terminou a eleição de 2024 no Recife, quem não havia acompanhado o processo nos bastidores acreditava que Daniel Coelho (PSD) voltaria imediatamente para alguma secretaria no governo. O problema é que a eleição não foi das mais tranquilas para a relação entre ele e o Palácio do Campo das Princesas. Num determinado momento da campanha, o candidato à prefeitura e a equipe que a governadora havia colocado para ajudá-lo se afastaram.
Conversando com um cientista político que acompanhou o processo na época, ele apontou um equívoco de Daniel que, acredita-se, achando ser melhor se resguardar de uma rejeição à governadora na capital, naquele momento, preferiu não colocá-la na campanha com mais ênfase. “Se a rejeição era alta, a aprovação dela que era baixa ainda era maior do que o que ele tinha de intenção de voto. Deveria ter apostado em Raquel. Mirella, em Olinda, apostou e venceu. Talvez ele não vencesse, mas poderia ter tido um resultado melhor que o quarto lugar”, analisava.
Votos
A relação teve um desgaste, é verdade, mas não se desfez por completo. Tanto que, demorou seis meses, mas ele voltou. Daniel quer ser candidato a deputado novamente e o PSD da governadora precisa de nomes com boa votação para formar uma chapa competitiva em 2026.
Voto ele pode ter. Em 2022, só não foi reeleito porque teve a chapa esvaziada na última hora no arranjo da majoritária. Conseguiu 110 mil votos e ficou numericamente à frente de 15 deputados eleitos. Ficou de fora porque não tinha um partido forte, estava no Cidadania e dependendo do PSDB em uma federação. Era a composição eleitoral de uma tragédia. Quem quiser entender, procure saber como estão, hoje, o Cidadania e o PSDB.
Além disso, agora, a secretaria de Meio Ambiente é um retorno de Daniel às origens que lhe colocaram em evidência até alcançar seus mandatos de deputado federal. Se é pra começar de novo, reinicia no lugar certo, comandando uma pauta que domina.
Meio a meio
A transferência de André Teixeira (PSD) da Adepe para a secretaria de Mobilidade e Infraestrutura também tem ao menos 50% de motivação eleitoral. Os outros 50% se dão pelo perfil dele. André é potencial candidato a deputado e a pasta pode ajudar muito nesse objetivo.
Mas o novo secretário também tem outras duas características importantes: é da mais alta confiança da governadora, apontado por muitos como alguém que ouve bastante dela e é ouvido pela governadora com frequência.
Além disso, é dinâmico e totalmente comprometido com resultados. No momento, para as obras que Raquel Lyra precisa entregar na Região Metropolitana em busca de melhora na popularidade, rapidez é algo essencial.
Gargalos
A secretaria de Mobilidade e Infraestrutura é a responsável por vários gargalos da economia e da logística regionais, como o Consórcio Metropolitano, o Arco e outras obras viárias muito esperadas na região. Teixeira tem a missão de fazer entregas onde não há tanto problema com dinheiro, mas os processos de execução ainda estão bastante travados, inclusive pela dificuldade de articulação política da gestão com a Alepe.
A responsabilidade é do tamanho do desafio.
PSD
O novo secretário tem uma outra função estratégica que o grande público não conhece. Como vice-presidente do PSD, é um dos protagonistas, inclusive, do crescimento do partido com a atração de prefeitos para a sigla governista.
No mesmo dia em que foi confirmado na secretaria, Teixeira confirmou mais um gestor municipal filiado que foi recebido pela governadora. O prefeito de Machados, Juarez da Banana, saiu do PSB e entrou no partido de Raquel.