A importância do centro de campo para o futebol e para o pleito de 2026
Num jogo em que os dois times estão empatados, têm a mesma força de defesa e os dois ataques estão anulados, o que desequilibra é o meio de campo.

Em alguns dias o PT vai realizar sua eleição nacional para escolher um novo presidente. O partido de esquerda tem um grupo mais à esquerda, com candidatos que vão tentar tirar o nome preferido de Lula, Edinho Silva (PT), do alto de seu favoritismo, com o discurso de que ele é “muito ao centro”.
O que está em discussão dentro do partido do presidente da República hoje é algo que também é tema de discussão em outras siglas para 2026. Há um entendimento de que será uma eleição mais ao centro do que foram as últimas. Todo discurso mais radical, seja qual for o lado de preferência, pode ser nocivo a um bom resultado no próximo pleito que deve definir, ou não, a continuidade dos petistas no poder.
Cansou
Edinho, principalmente por ter a oposição forte dos grupos à esquerda, está sendo visto como uma guinada do PT ao centro, caso seja escolhido. E ele é a preferência de Lula e de José Dirceu. Ambos conhecidos pelo pragmatismo.
O centro está bem na perspectiva eleitoral porque, entre outros motivos, a polarização dos últimos anos cansou o eleitor. Cada lado teve ou está tendo sua cota de drama. A esquerda sofreu com a prisão de Lula e a direita vai sofrendo com a prisão cada vez mais próxima de Bolsonaro (PL). No mais, a briga eterna em que tudo é motivo para atacar o adversário dá sinais de desgaste.
Dramas prolongados demais costumam gerar impasse e afastar o público. Numa campanha eleitoral situações assim podem abrir espaço para dois tipos de saída: pelo drible ou pela força.
Força
Pela força bruta a saída é com com o atropelo de figuras externas aos ambientes partidários tradicionais, que carregam o imponderável na medida de suas idiossincrasias. São os outsiders em que ninguém põe confiança de verdade mas são eleitos pelo voto de protesto com a expectativa de que é impossível piorar a situação e a crença de que, no fundo do poço, tudo é válido.
Esse tipo de personagem, quase sempre, vai gerar mais prejuízo do que solução, porque será engolido pelo sistema ao ponto de prejudicar o país por muitos anos à frente ou inviabilizar o sistema de tanto lutar contra ele, ao ponto de inviabilizar o país por muitos anos à frente. O poço sempre pode ficar um pouco mais fundo.
Drible
Na saída do impasse pelo drible, a política se assemelha ao futebol. Num jogo em que os dois times estão empatados, têm a mesma força de defesa e os dois ataques estão anulados, o que vai desequilibrar a partida é o meio campo. O centro, onde o drible abre novos caminhos.
Todos começam a mandar suas bolas para essa região do campo, buscando maior domínio e oportunidade para driblar o adversário.
Todos
É por isso que Lula tenta centralizar mais o PT com Edinho Silva. É por isso que o PSB colocou João Campos como presidente nacional com ele declarando que o PSB é um partido de centro-esquerda. É por isso que o PP nacional se afastou do PL e se juntou com o União Brasil. É por isso que o PSD de Gilberto Kassab já é o maior partido do país e é por isso que até entre os bolsonaristas, o favorito para a eleição de 2026 é alguém mais identificado com o centro, por ser um quadro mais técnico que político: Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Futuro
Agora, imagine a tensão de Lula nessa eleição interna. Caso a presidência nacional do seu partido fique com Rui Falcão, desse grupo à esquerda do PT, como será possível negociar apoio de partidos do centro à sua reeleição, num cenário em que ele não anda tão popular assim para ser ímã natural nessas articulações?