Bruno Cunha: Burnout, excesso de trabalho ou trabalhar sem sentido?
Contra o que muitos acreditam, burnout nem sempre nasce do excesso de trabalho. A verdade, por vezes desconfortável, é que nasce da falta de sentido
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Imagine uma pessoa que trabalha 12 horas por dia, mas com brilho nos olhos, senso de direção e entusiasmo pelo que faz. Mesmo com altos níveis de exigência, ela se sente viva, desafiada e conectada com aquilo que entrega ao mundo. Agora, pense em outra que cumpre religiosamente suas 8 horas, com pausas, bons benefícios e um ambiente amigável, mas que sente um peso constante no peito, uma apatia crescente e uma vontade silenciosa de desistir. O domingo à noite é um tormento, e cada manhã parece mais um fardo do que um recomeço. Qual delas está mais perto do burnout?
Contra o que muitos acreditam, o burnout nem sempre nasce do excesso de trabalho. A verdade, muitas vezes desconfortável, é que ele nasce da falta de sentido. É a ausência de conexão entre o que você faz e quem você é que gera a verdadeira exaustão. E é exatamente isso que está acabando com sua energia: viver uma rotina em que seu talento não encontra espaço, seus valores são ignorados, e sua identidade profissional é sufocada pelo "tem que ser assim". Vamos aprofundar o tema?
O mito do cansaço físico
Durante muito tempo, acreditou-se que o burnout era apenas resultado de jornadas excessivas. "Trabalhar demais faz mal", dizem. Sim, o excesso pode adoecer. Mas não é ele, sozinho, o verdadeiro inimigo. Você pode até passar horas envolvido em algo que ama e sair revigorado, sentindo-se parte de algo maior. O problema não está no tempo, mas no tipo de esforço que você dedica.
O que realmente suga sua energia é gastar horas e horas fazendo algo que não conecta com quem você é. Estar ocupado com tarefas sem significado, engolido por metas que não são suas, e vivendo uma rotina que parece se repetir em looping eterno. Isso sim é exaustivo. É acordar todo dia sentindo que está empurrando uma pedra montanha acima, sem saber por quê. Não é só o corpo que cansa, é a alma que se esvazia.
O vazio disfarçado de produtividade
Quantas vezes você já ouviu elogios como: "Fulano é super produtivo, trabalha muito!"? A produtividade virou uma armadilha. Ela mascara a falta de sentido. Pessoas esgotadas continuam entregando, batendo metas, cumprindo prazos. Mas por dentro estão vazias. Elas seguem funcionando no automático, sendo celebradas enquanto perdem, pouco a pouco, a conexão com o que as move de verdade.
Esse é o burnout silencioso: aquele que não grita, mas corrói. Ele se manifesta em pequenas coisas. Na segunda-feira arrastada. No alívio de uma folga que nunca parece suficiente. No desconforto ao ouvir a pergunta: "O que você faz da vida?". Na sensação de estar sempre correndo, mas nunca chegando a lugar nenhum. E, principalmente, na ausência de entusiasmo pelo futuro — aquele brilho que um dia já existiu, mas, pouco a pouco, foi apagado pelo excesso de fazer sem sentido.
Isso está acontecendo com você?
Se você sente que seu trabalho não tem nada a ver com quem você é... Se você se sente constantemente cansado, mesmo sem grandes demandas físicas... Se você não vê sentido em continuar fazendo o que faz, mas também não sabe por onde mudar... Se, no fundo, sente que está vivendo no piloto automático, cumprindo tarefas que não despertam mais curiosidade, entusiasmo ou vontade de continuar...
Bem-vindo ao burnout existencial. Ele não vem do corpo, vem da alma. Ele não se expressa em dores ou exaustão física, mas em um silêncio pesado que toma conta dos seus dias. É a sensação de estar presente, mas não pertencer. É olhar para o futuro e enxergar apenas uma repetição do que já não faz mais sentido. É o tipo de esgotamento que não passa com férias — porque ele não nasce da falta de descanso, mas da falta de propósito.
As consequências de ignorar esse sinal
Não dar atenção a essa desconexão pode levar a algo mais profundo do que cansaço. Pode levar à perda de identidade profissional, a sentir que você não se reconhece mais no espelho ao final de um dia de trabalho. Ao medo constante de mudar, à insegurança de sair do conhecido — mesmo quando o conhecido já não te nutre — e ao arrependimento de ter vivido anos no piloto automático, como se sua vida estivesse acontecendo sem a sua permissão. É comum vermos pessoas que esperaram chegar ao colapso, ao limite do emocional, para repensar suas escolhas. Mas você não precisa chegar a esse ponto. Há caminhos antes do cansaço extremo, há decisões possíveis antes que o corpo e a mente comecem a gritar.
Se você leu até aqui e sentiu que algo dentro de você foi tocado, talvez seja a hora de conversar sobre sua carreira com mais profundidade. Não com uma planilha de prós e contras, mas com um olhar humano, que leve em conta sua história, seus valores e o que faz sentido para você. Uma conversa que não tenta te encaixar em fórmulas prontas, mas te ajuda a entender quem você é de verdade e para onde quer ir — antes que a falta de sentido se torne insuportável. Porque carreira não é só sobre ganhar dinheiro ou ter estabilidade. É sobre viver em paz com o que você entrega ao mundo.
Agende aqui o seu Diagnóstico de Carreira, e juntos podemos entender juntos o que está te esgotando de verdade — e o que pode te devolver o brilho nos olhos.
Sobre Bruno Cunha
Bruno Cunha, Administrador, Psicanalista, Headhunter e Especialista em Carreira, Ex-Diretor do Grupo CATHO em estados do Brasil, com experiência há mais de 19 anos assessorando profissionais (técnicos, gestores, consultores, docentes, empreendedores e autônomos/liberais) que buscam recolocação, mudança de emprego, desenvolvimento profissional ou transição de área/carreira, através métodos de diagnósticos profissionais capazes de identificar necessidades individuais de centenas de profissionais. Autor do livro “Descubra: você tem um Emprego ou uma Carreira?”. Mais de 41 mil seguidores no Linkedin e mais de 60 mil seguidores no Instagram, Docente em Pós-Graduação de renomadas instituições de ensino e Colunista do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação e da UOL, e publicações na TV GLOBO, SBT, RECORD TV, JOVEM PAN, TRANSAMÉRICA, FOLHA CAPITAL, JORNAL UNIÃO, dentre outros. Atual Diretor da ASSESSORIA DE CARREIRA com Bruno Cunha.
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