Você culpa o mercado, mas o verdadeiro sabotador da sua recolocação pode ser você!

E se hábitos sutis — como uma narrativa confusa sobre sua trajetória, postura defensiva nas entrevistas — estiverem sabotando suas chances?

Por BRUNO CUNHA Publicado em 22/09/2025 às 8:02

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Você revisou o currículo, lapidou o LinkedIn, enviou candidaturas para todas as vagas que combinam com seu perfil — e, ainda assim, nada. Entrevistas que não avançam da primeira etapa, retornos que não chegam, um silêncio que vai minando a confiança e instalando a sensação de impotência. É natural concluir que “o mercado está ruim” ou que “os recrutadores são injustos”.

Mas e se o verdadeiro bloqueio estiver mais perto do que parece? E se hábitos sutis — como uma narrativa confusa sobre sua trajetória, postura defensiva nas entrevistas, comunicação pouco estratégica ou até expectativas desalinhadas — estiverem sabotando suas chances? No artigo desta semana, vamos explorar os sinais da autossabotagem na recolocação, entender por que ela acontece e traçar um plano prático para virar o jogo. Vem comigo!

O mito do mercado cruel: Por trás da falta de oportunidades

Há uma narrativa recorrente entre profissionais em transição: “o mercado está saturado”, “não há espaço para quem tem mais idade”, “as vagas são poucas” ou “tudo depende de QI (quem indica)”. Embora compreensível, essa leitura costuma esconder um ponto mais profundo: a autoimagem. Quando você se enxerga como alguém “sem vez”, sua comunicação, seu posicionamento e até suas escolhas de candidatura passam a confirmar — sem perceber — a história que você conta para si mesmo.

A verdade é que muitos profissionais não perdem oportunidades por falta de competência, e sim pela forma como se apresentam. E essa apresentação começa muito antes da entrevista: começa na mente. A narrativa interna molda seu tom de voz, sua linguagem corporal, a clareza do seu valor e a consistência do seu portfólio. Ao reposicionar a autoimagem, você reorganiza o discurso, seleciona evidências mais fortes, transforma experiência em resultados mensuráveis e passa a comunicar proposta de valor — não apenas cargos passados. É aí que as portas começam a se abrir.

Sabotadores mentais: O inimigo invisível

Quantas vezes você já pensou, ainda que em silêncio: “Sou velho demais para ser contratado”, “Nunca fui bom em entrevistas”, “Não tenho experiência suficiente para essa vaga”, “Eles nunca vão me escolher”? Essas frases soam realistas e inofensivas, mas são crenças limitantes disfarçadas. Funcionam como sabotadores mentais que corroem sua confiança, alteram sua postura e drenam sua energia — e isso transparece no discurso, na linguagem corporal e até nas decisões que você toma ao longo do processo seletivo.

Recrutadores percebem quando o candidato não acredita em si mesmo — é como entrar na entrevista com uma placa invisível dizendo: “Não acredito que pertenço a este lugar”. E se você não acredita, por que o recrutador acreditaria? Mudar esse roteiro interno não é perfumaria: é estratégia. Ao transformar a narrativa que você conta a si mesmo, você ajusta sua presença, amplia a clareza sobre seu valor e começa a comunicar resultados com convicção — o primeiro passo para virar o jogo.

As consequências emocionais da autossabotagem

A autossabotagem silenciosa cobra caro. A ansiedade cresce a cada candidatura, a frustração constante respinga nos relacionamentos e instala-se a sensação de invalidação profissional; muitas vezes, surgem sintomas físicos (insônia, tensão, falta de foco) e um diálogo interno cada vez mais crítico. Vem também o arrependimento por não ter se posicionado com mais força quando houve oportunidade — como se cada chance perdida confirmasse um roteiro de “não sou suficiente”.

Forma-se um ciclo que se retroalimenta: a cada “não”, a crença de que você não é bom o suficiente se fortalece; a cada entrevista mal-sucedida, a autoestima fica mais frágil. Aos poucos, o medo de tentar supera a vontade de conquistar e você passa a evitar processos, a adiar candidaturas e a aceitar versões menores de si mesmo — uma proteção que dói menos no curto prazo, mas que rouba possibilidades no longo prazo. Romper esse ciclo exige consciência, pequenas vitórias deliberadas e um novo pacto com você: avançar mesmo com insegurança, transformar feedback em ajuste e resgatar a própria voz.

Como romper esse ciclo: O primeiro passo é o diálogo

Não basta ajustar o currículo ou decorar respostas para entrevistas. O verdadeiro diferencial está em reprogramar a mentalidade, reconstruir a narrativa interna e enxergar a própria trajetória por outra lente — destacando evidências, resultados e aprendizados. Quando você se posiciona com autenticidade e confiança, sua comunicação ganha clareza, seu valor fica explícito e as oportunidades começam a reconhecer quem você é (e não apenas o que você fez).

Se você percebe que está preso ao ciclo da autossabotagem, é hora de abrir um espaço seguro para falar sobre isso: mapear pontos fortes, revisar estratégias e, sobretudo, resgatar a confiança. Com orientação certa, você alinha discurso e presença, toma decisões mais assertivas e volta a avançar com consistência rumo à sua recolocação.

Sobre Bruno Cunha

Bruno Cunha, Administrador, Psicanalista, Headhunter e Especialista em Carreira, Ex-Diretor do Grupo CATHO em estados do Brasil, com experiência há mais de 19 anos assessorando profissionais (técnicos, gestores, consultores, docentes, empreendedores e autônomos/liberais) que buscam recolocação, mudança de emprego, desenvolvimento profissional ou transição de área/carreira, através métodos de diagnósticos profissionais capazes de identificar necessidades individuais de centenas de profissionais. Autor do livro “Descubra: você tem um Emprego ou uma Carreira?”. Mais de 41 mil seguidores no Linkedin e mais de 60 mil seguidores no Instagram, Docente em Pós-Graduação de renomadas instituições de ensino e Colunista do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação e da UOL, e publicações na TV GLOBO, SBT, RECORD TV, JOVEM PAN, TRANSAMÉRICA, FOLHA CAPITAL, JORNAL UNIÃO, dentre outros. Atual Diretor da ASSESSORIA DE CARREIRA com Bruno Cunha.

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