Tido como excêntrico, Trump usa força do poderio bélico americano para pôr fim ao conflito entre Israel e o Hamas
O presidente americano não fugiu ao figurino e esta quinta-feira recebeu elogios de algumas das mais importantes nações mundiais pelo desempenho

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Não se tem notícia até hoje de uma pessoa ter pedido publicamente para ganhar o prêmio Nobel da Paz. Por isso, a insistência do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em falar sobre isso foi levada na chacota e interpretada como mania de grandeza ou falta de mancômetro. Recentemente ele disse, falando de improviso na ONU, que tinha acabado sete guerras depois que virou presidente para se credenciar como pacificador, mas logo se descobriu que se referia a pequenas desavenças entre grupos de poder africanos que sequer ganharam dimensão.
Esta quinta-feira, no entanto, Trump, que prometeu a seus eleitores não mais usar as armas americanas para provocar guerras, conseguiu finalmente uma vitória com a celebração do acordo entre Israel e o Hamas que poderá pôr fim ao inquietante conflito no Oriente Médio que inquietava o mundo desde que começou, há exatos 2 anos.
A população israelense e os moradores de Gaza foram às ruas dançar e celebrar a perspectiva de uma paz duradoura. Os primeiros aguardando para a próxima terça-feira a volta dos reféns, sequestrados pelo Hamas – a maioria faleceu mas as famílias vão ter direito a enterrá-los – e os segundos a possibilidade de reconstruir suas vidas após dois anos de sobressaltos e bombardeios. Mais de 1 mil israelenses perderam a vida no ataque do Hamas a Israel há dois anos, que deu início ao conflito, e milhares de palestinos tiveram o mesmo fim em meio a escombros em Gaza.
O que fez Trump para conseguir o que todos imaginavam impossível? Conhecido como um grande jogador, inclusive quando blefa, ele praticamente, ameaçou. Não só o Hamas, prometendo transformar Gaza num balneário ou, recentemente, quando disse que se eles não cedessem ia deixar os israelenses destruí-los, transformando suas vidas em “um inferno”. Para vencer a resistência israelense a um acordo antes que tudo fosse literalmente destruído, ameaçou abandonar o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, deixando que ele próprio descascasse o abacaxi que tinha nas mãos.
Quem além do presidente da nação de maior potencial bélico em todo o mundo poderia ter sucesso nessa empreitada? É difícil imaginar. Mas o presidente americano não fugiu ao figurino e esta quinta-feira recebeu elogios de algumas das mais importantes nações mundiais pelo desempenho. Além das famílias dos reféns israelenses que já preparam uma carta indicando-o para o Nobel da Paz, a não ser que haja um acidente de percurso, muito mais gente pode se juntar a isso na esperança de que ele também ajude a por fim à guerra da Ucrânia, outra mazela mundial.
Plano engenhoso
O plano para o acordo de paz entre Israel e o Hamas foi engenhoso, como reconheceram analistas políticos internacionais. Trump usou da amizade com os chefes dos países árabes, com os quais se credenciou no primeiro mandato ao celebrar os Acordos de Abraão, que normalizaram o relacionamento de Israel com os Emirados Árabes, para trazê-los para junto de si. Depois incluiu o compromisso de, com a saída de Israel de Gaza e a destruição do poderio bélico do Hamas, entregar a região a um Conselho Internacional presidido pelo ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair. O objetivo seria reconstruir Gaza e ajudar na escolha de um líder palestino, eleito pela população, para administrar o território. Pode até não dar certo, mas a proposta foi abraçada até pela ONU que não gosta do presidente americano.
Quando o Internacional se sobrepõe ao local
Esta coluna costuma todos os dias tratar de assuntos políticos pernambucanos para manter seus leitores informados do que se passa nos bastidores políticos. Esta semana, no entanto, tivemos por duas vezes de fugir ao script para falar de assuntos nacionais e internacionais. Na primeira vez sobre o encontro do presidente Lula com o presidente Trump, por telefone, quebrando gelo entre o Brasil e os Estados Unidos. E hoje para falar do acordo do Oriente Médio, coisa que poucos acreditavam que viesse a acontecer. Pedimos desculpas se não falamos de Pernambuco.
Pergunta que não quer calar
Se Trump, que conseguiu o acordo no Oriente Médio,também ajudar no fim da guerra da Ucrânia, merece receber o Nobel da Paz?
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