João Campos entra no jogo de 2026 e colhe os primeiros frutos de suas ações
Na capital João Campos vem dando demonstrações claras de que pretende passar o bastão para o vice-prefeito Victor Marques

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“Não dava mais para esconder a candidatura”- diz um aliado próximo do prefeito João Campos, referindo-se aos últimos movimentos do prefeito do Recife que abandonou de vez a postura comedida e está dando sinais cada vez mais claros de que em abril deve deixar o Palácio Capibaribe para medir forças com a governadora Raquel Lyra como candidato à cadeira por ela ocupada no Palácio do Campo das Princesas.
A estratégia adotada tem várias vertentes, segundo apurou este blog.
Ao mesmo tempo em que aumentou suas aparições na capital – no ultimo final de semana inaugurou uma obra de contenção de encosta com o senador Humberto Costa – o prefeito, que estava sendo criticado por preferir São Paulo e Brasilia depois que assumiu a presidência nacional do PSB, resolveu ficar o mais que puder no Recife mas manter conversas políticas com lideranças do interior em busca de adesão ao seu projeto para 2026.
Victor, o coringa
Na capital ele vem dando demonstrações claras de que pretende passar o bastão para o vice Victor Marques, que o tem acompanhado por toda cidade mas esta semana assumiu sozinho, como se prefeito fosse, o enfrentamento ao Governo do Estado nas redes sociais na contenda em torno do Túnel da Abolição, iniciado pelo governador Paulo Câmara e concluído por Raquel Lyra.
Há meses o Palácio das Princesas tentava passar a obra para a Prefeitura a quem caberia a manutenção do túnel e não conseguia, até que recorreu à justiça e o vice se adiantou dizendo que estava assumindo a obra mas ia passar o custo da manutenção para o estado. Falou grosso para quem é novo na política.
A previsão é a de que, a partir de agora, Victor assuma uma postura mais crítica ao Governo, deixando para o prefeito a tarefa de falar de projetos para o estado e compromissos futuros. Tática que está na cartilha de todo bom marqueteiro. O vice também agiria com protagonismo para acostumar a população com sua imagem muito menos carismática do que a de João Campos.
A busca pelos prefeitos
O PSB não diz qual o número de prefeitos que já apoiam a candidatura de Campos mas nos corredores da Assembléia deputados estimam um número inferior a 40, em contraste com os 130 contados como base da governadora Raquel Lyra, aí incluindo os do PSD e demais partidos aliados.
O que teria levado o prefeito do Recife a começar a esquentar as baterias por esses dias? É impossível adivinhar mas, nos corredores da Alepe, atribui-se a guinada ao extinto de sobrevivência. Embora esteja bem à frente nas pesquisas, João Campos quer solidificar suas intenções de voto, procurando as lideranças políticas que numa campanha estadual são fundamentais para amarrar o voto. Além disso ele teria sentido o sinal de alerta quando a bancada do PSB na Câmara Federal votou a favor da PEC da Blindagem, sob o comando do seu irmão Pedro Campos e a reação da Internet foi devastadora.
Sinal de alerta
É possível que até a eleição este assunto esteja morto e enterrado mas a presença de multidões nas ruas e o recuo do Senado foram sinais de que um cochilo desses em plena arrancada eleitoral poderia ser fatal. A Internet, por sinal, que sempre foi a maior aliada do prefeito tem sido melhor aproveitada pela governadora, não só na divulgação de obras e ações como nas críticas ao PSB. Só nos últimos dias, o que é outro sinal da reação de João Campos, é que o jogo começou a empatar no mundo digital.
Sobre os apoios no interior as informações são de que eles passarão a ser frequentes a partir de agora. A primeira conquista foi celebrada esta semana com o apoio que João recebeu do prefeito Thiago de Miel do município de Xexéu, na Mata Sul. Thiago era do PSD, mesmo partido da governadora, mas estava na legenda antes de Raquel se filiar e na última eleição votou em Miguel Coelho para governador e Antonio Coelho para estadual.
Com 14 mil habitantes Xexéu é um dos menores municípios pernambucanos mas o prefeito tem liderança na região pois é presidente do Consórcio de prefeitos da Mata Sul, chamado de COMSUL.
A reação do Palácio
“Daqui para a frente muitos outros virão”, aposta um assessor de João Campos, escondendo o jogo. Para ele, o apoio de Thiago é significativo pela demonstração que dá de que o prefeito é mesmo candidato, atraindo novas lideranças interioranas.
O PSB conta também com o fato de que dificilmente a oposição a um prefeito aceitaria de bom grado subir no mesmo palanque do adversário, sobrando sempre um lado para quem é candidato de oposição, ainda mais se está bem à frente nas pesquisas.
Também não parece que a governadora pretenda perder aliados de braços cruzados. No caso do prefeito de Xexéu, por exemplo, 24 horas depois que ele declarou apoio a João Campos, o PSB soltou foto de Raquel Lyra com o prefeito de João Alfredo, José Martins, do PSB, anunciando filiação ao PSD da governadora. Tudo indica que jogo de perde-ganha vai ser constante nos próximos meses. Quem viver verá.