Dividido, MDB corre risco de não fazer chapa proporcional para 2026
Uma fonte nacional informou a este blog, que os atuais acontecimentos em Pernambuco, têm sido acompanhados diariamente e com grande preocupação

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O MDB, que já foi um dos maiores partidos de Pernambuco e que em 2018 não conseguiu formar chapa para a disputa de deputado estadual, obrigando os parlamentares Jarbas Filho e Tony Gel a mudar de legenda para poder participar do pleito, está ameaçado de repetir o feito em 2026, caso uma providência não seja tomada a tempo de atrair novos quadros para o partido. O motivo é um só: a divisão entre o grupo que apoia a governadora Raquel Lyra, liderado pelo senador Fernando Dueire e pelo deputado estadual Jarbas Filho, atual líder na Assembleia, e o grupo do ex-deputado federal Raul Henry, que apoia o prefeito João Campos.
Esta quarta-feira o clima, que já vinha tenso desde que Raul e Jarbas Filho disputaram a presidência do partido, esquentou ainda mais quando a Executiva Estadual, convocada por Raul, decidiu que a legenda deveria fazer parte do bloco de oposição na Alepe e o líder Jarbas Filho afirmou que vai continuar na base de apoio da governadora, acrescentando que, como líder, é ele quem define a posição do partido na casa. Filho do ex-governador e senador Jarbas Vasconcelos, um dos fundadores do MDB, o deputado acusou Raul Henry de desrespeito a decisões judiciais e foi chamado por ele de “dissidente” (pessoa que diverge da maioria).
O que chegou à imprensa, através de notas oficiais dos dois lados, foi só o ápice do que aconteceu na reunião da executiva que não contou com a presença do senador Fernando Dueire porque ele era relator de várias matérias em discussão no Senado e não teve atendido, segundo informou a amigos, o seu pedido de adiamento do encontro. Jarbas Filho, no entanto, compareceu e deixou claro, segundo uma fonte deste blog, que não iria deixar por menos a proposta, que tinha chegado aos seus ouvidos, de substituí-lo na liderança da Alepe pelo deputado Waldemar Borges, ex-PSB, e filiado recentemente à legenda. Quando a sugestão foi feita, ele afirmou que ninguém poderia tirá-lo da liderança reconhecida pela Justiça. Foi então aceito, mas sem antes ouvir de Henry: “vou lutar até a última instância judicial para conseguir isso”.
Perdem todos
Não sendo possível um meio-termo para pôr fim a essas desavenças, a tendência é todos perderem na luta política. A começar pelo senador Fernando Dueire que tem o aval dos 12 senadores emedebistas e do presidente nacional Baleia Rossi para disputar a reeleição – ele tem compromisso de voto de 86 prefeitos – e que já declarou apoio à governadora. Se a confusão não tiver fim, ele precisará migrar para outra legenda, porém, se mantém irredutível: “serei candidato do MDB”. A deputada federal Iza Arruda, a única do partido no estado, vai precisar garantir 200 mil votos para renovar o seu mandato, necessitando de caldas – candidatos menos votados para chegar a isso- o que não é fácil na disputa reinante. O que menos perderia seria Jarbas Filho que tem votos para se eleger em qualquer legenda mas teria que migrar, como aconteceu em 2018.
Cobranças
Na mesma reunião da Executiva esta quarta discutiu-se sobre os nomes da governadora e do prefeito do Recife, defendido pela maioria dos 15 membros da executiva presentes. Esse foi mais um momento de tensão entre Raul e Jarbas Filho que, ao ouvir o ex-deputado afirmar que o MDB sempre esteve com o PSB e João Campos, ouviu, de pronto uma resposta de Jarbas afirmando que fora Raul o primeiro a apoiar Raquel indicando uma secretária estadual e seu chefe de gabinete para presidente da Junta Comercial.
Questão nacional
Não está fora de cogitação a possibilidade da situação de Pernambuco acabar chegando à esfera nacional do MDB. Já não tinha sido vista com bons olhos na direção nacional a disputa judicial dentro do estado quando Jarbas Filho foi destituído da liderança para dar lugar a Waldemar Borges de forma a garantir maioria à oposição na Alepe que apóia João Campos, sem conhecimento prévio dele próprio, o que o obrigou a recorrer à justiça para voltar ao posto, com respaldo do Tribunal de Justiça. Uma fonte nacional informou a este blog que os atuais acontecimentos têm sido acompanhados diariamente e com grande preocupação.
Pergunta que não quer calar
Onde vai parar o jogo do perde-perde no MDB pernambucano?
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