A força política de João Campos no Recife e a polarização da eleição de 2026
Apostando na polarização, a centro-direita está otimista com a votação na capital, apesar da grande liderança que tem hoje o prefeito João Campos

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Com forte influência na Região Metropolitana, a cidade do Recife já foi berço da esquerda estadual inclusive na época da ditadura militar quando ficou famosa a performance na capital do então candidato a governador Marcos Freire, do MDB, apoiado pela esquerda contra o governador eleito, Roberto Magalhães (Arena), que perdeu na capital mas ganhou no estado onde teve 52,46% dos votos contra 46,86% de Freire. Até hoje os recifenses costumam dar a vitória a candidatos de esquerda, incluindo o presidente Lula, vencedor em 2022. A polarização e o crescimento do evangelismo adotado por 30% dos moradores do Recife, vêm, no entanto, mudando esta realidade. Na mesma eleição de 22 na disputa pelo Senado a candidata petista Teresa Leitão teve 43,70% dos votos do Recife enquanto o candidato bolsonarista Gilson Machado chegou aos surpreendentes 39,04%. A diferença entre os dois foi de apenas 4,66%.
Diante dessa realidade e apostando na polarização da eleição do próximo ano, a centro-direita está otimista com a votação na capital, apesar da grande liderança que tem hoje o prefeito João Campos. “A direita vai ganhar no Recife em 2026”- diz o deputado federal Mendonça Filho. Ele acha que o pleito do próximo ano não vai conseguir fugir da polarização e será nacionalizado. “Não se pode, evidentemente, desconhecer a força eleitoral do prefeito na capital, mas a radicalização da eleição nacional sobretudo da forma em que vem acontecendo vai se fazer mais forte”. Apoiador da governadora Raquel Lyra, ele acredita que o PSB e o PT vão continuar unidos em torno de Lula, apesar da aproximação do bom relacionamento da governadora com o presidente, e que Raquel, neste cenário, será abraçada pelos conservadores reduzindo muito a diferença para João Campos na cidade.
Outro que cantou a bola bem mais cedo sobre a força da direita na capital, se referindo sobretudo ao fato de hoje 30% dos recifenses se declararem evangélicos , foi o ex-prefeito de Jaboatão e atual presidente estadual do PL, Anderson Ferreira. Se no Senado a diferença entre Gilson e Teresa foi pequena em 2022, na eleição proporcional candidatos de direita foram os mais votados na capital. Os dois primeiros lugares da eleição para deputado federal no Recife ficaram com Clarissa Tércio (PP ) e André Ferreira (PL), ambos evangélicos. O deputado Pedro Campos ficou em terceiro lugar. Para estadual os mais votados foram o pastor Junior Tércio (PP) e o coronel Alberto Feitosa (PL). A delegada Gleide Ângelo foi a terceira e o ex-prefeito João Paulo, do PT, o quarto.
Chapa fechada
Já há prefeitos em Pernambuco com chapa fechada para o Senado. Um deles é Josafá Almeida, de São Caetano, que declarou apoio a Sílvio Costa Filho e a Fernando Dueire. Esta é mais uma evidência de que as vagas para o Senado podem não ser preenchidas, como sempre aconteceu no estado, por dois nomes do mesmo lado, no caso, do mesmo candidato a governador. Embora ainda não se saiba quais os quatro nomes que vão compor as chapas de João Campos e Raquel, fica cada vez mais evidente que os prefeitos têm suas preferências e vão influir bastante no pleito.
Goiana e suas preferências
O novo prefeito de Goiana, Marcílio Régio, vai votar para deputado federal em Guilherme Uchoa Júnior e para estadual deve se manter ao lado do deputado estadual Antônio Moraes, que é apoiado pelo ex-prefeito Eduardo Honório, de cujo grupo Marcílio faz parte. Mas, correndo por fora, os deputados federais Mendonça Filho e Sileno Guedes devem receber parte dos votos da cidade , vindos de correligionários do prefeito. Sileno já foi votado por Marcílio na última eleição e Mendonça está cultivando um bom relacionamento com ele e liberando emendas para o município.
João Campos com o MDB
O prefeito João Campos foi a um encontro da Fundação Ulisses Guimarães, do MDB, em Vitória de Santo Antão esta terça à noite, no mesmo dia em que o senador Fernando Dueire afirmou que é candidato à reeleição em 2026. Na chegada o prefeito elogiou o presidente estadual Raul Henry, que o apoia e o prefeito de Vitória, Paulo Roberto Arruda. Fernando Dueire não estava no encontro. Ele apoiou a candidatura do deputado estadual Jarbas Filho na eleição do MDB contrapondo-se a Raul, apoiado por João.
Pergunta que não quer calar
Qual vai ser a diferença em número de votos no Recife entre João Campos e Raquel Lyra em 2026?
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