Grupo JCPM apresenta na COP30 caso de regeneração ambiental no Recife e reforça papel do setor privado na agenda climática
Projeto de regeneração ambiental do RioMar integrou dia dedicado a florestas e biodiversidade na COP30; participação do Grupo segue até esta quarta
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O Grupo JCPM apresentou nesta terça-feira (18) na COP30, em Belém, a experiência de regeneração ambiental desenvolvida no entorno do RioMar, na Bacia do Pina, no Recife. O projeto, que transformou o entorno de um antigo aterro industrial em uma área verde integrada ao Parque dos Manguezais, foi detalhado em painel conduzido pela gerente de Sustentabilidade do grupo, Thayara Paschoal, e destacou como o setor privado pode contribuir para a adaptação climática urbana.
O encontro foi promovido pela ONG britânica Responding to Climate Change (RTCC), entidade reconhecida pela ONU por disseminar boas práticas globais de sustentabilidade. Thayara dividiu o painel com Guilherme Pessini, diretor de Estratégia e Produtos do Itaú, e Ivani Benazzi, superintendente de Sustentabilidade do Grupo Bradesco Seguros, ampliando a discussão sobre o papel das empresas na regeneração de territórios e na construção de cidades mais resilientes.
Logo no início da apresentação, Thayara contextualizou o desafio de erguer um empreendimento desse porte, com área construída de 564.856 m² (levando em consideração as 5 torres empresariais e o shopping), em uma das cidades mais vulneráveis às mudanças climáticas no Brasil.
“Fazer um projeto de implementação de uma grande obra já é um desafio. Fazer isso em alguns lugares é ainda mais difícil. Quando a gente fala da cidade do Recife, estamos falando da capital brasileira mais ameaçada pelas mudanças do clima. A cidade está mais exposta por conta da sua geografia e da forma como o território foi ocupado”, afirmou.
A capital pernambucana é considerada a 16ª cidade do mundo e a primeira do Brasil mais ameaçada pelo aumento do nível do mar, de acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Essa vulnerabilidade torna a cidade suscetível a inundações, alagamentos e erosão costeira.
De aterro industrial a “laboratório vivo”
A experiência apresentada na COP30 faz parte do Projeto Revitalização de Áreas Verdes (PRAV), iniciado em 2012. O grupo recuperou 2,53 hectares — quase três campos de futebol — onde antes funcionava um aterro industrial por mais de 30 anos. No local, foram plantadas 686 mudas de espécies nativas da Mata Atlântica, como ipês, pau-brasil, ingá e aroeira, que hoje compõem uma área com 75% de cobertura vegetal e árvores que chegam a até 15 metros de altura.
Estudos indicam uma taxa média de sequestro de carbono de 1,32 t/ha/ano, contribuindo para mitigar parte das emissões urbanas — o equivalente às emissões anuais de um carro de passeio rodando entre 5 mil e 6 mil quilômetros.
Em sua fala, Thayara lembrou que o compromisso ambiental do grupo antecede o uso da sigla ESG no mercado. “Assim como o colega (do Itaú) disse que vocês pensavam em sustentabilidade antes mesmo de chamarem ESG, nós também temos esse compromisso há décadas — não apenas ambiental, mas também social, porque é o tempo que o grupo está estabelecido”, destacou.
A gestora também chamou atenção para as fragilidades urbanas da capital. “Mais de 80% da população do Recife é urbana, então temos poucos espaços abertos, muita concentração e o pior trânsito do país. Isso faz com que a emissão de gases seja muito expressiva”, disse.
Foi nesse cenário que o grupo decidiu transformar o entorno do antigo aterro em uma área verde ativa e integrada ao território. “Implementar um projeto numa área como essa, que foi um terreno industrial por mais de 30 anos, e pensar no investimento para criar um shopping center ali, respeitando o social e o ambiental, era o nosso desafio”, explicou.
Floresta urbana e segurança alimentar
O Projeto Revitalização de Áreas Verdes (PRAV) do Grupo JCPM fez surgir uma floresta urbana no coração do Recife. “Plantamos mais de 600 árvores e mais de 60 espécies para garantir a cobertura do solo e o crescimento natural de uma área completamente devastada.”
O espaço também se transformou em um instrumento de educação ambiental. “Hoje temos um laboratório vivo. Uma área regenerada como essa tem função educativa para mostrar às pessoas a diferença do ambiente e como isso interfere em outras frentes além da sensação térmica”, disse.
Um estudo recente com o Instituto Bioma Brasil mediu os impactos da vegetação. “Identificamos que as árvores têm, em média, 8 metros de altura, mas também temos exemplares com 15 metros. Para o Recife, isso é impressionante”, destacou.
A preparação do solo favoreceu a fixação de carbono. “Só essa massa, que hoje cobre mais de 70% do terreno, tem uma capacidade de captura e retenção de carbono de 1 tonelada. Essa franja garante a sobrevivência de populações que vivem da pesca artesanal, da coleta de mariscos e dependem desse fluxo migratório das espécies marinhas. Ela garante segurança alimentar e desenvolvimento econômico associado ao empreendimento”, comemorou.
Os efeitos se estendem ao manguezal
A densidade ecológica da área permite a formação de um corredor ambiental.
“Conseguimos realmente construir uma floresta urbana. É a regeneração de uma floresta urbana que favorece um corredor ecológico. A área revitalizada soma 2,5 hectares e é uma das maiores áreas verdes privadas do Recife. Estamos entre as maiores áreas verdes da cidade”, ressaltou Thayara.
“Isso demonstra como a iniciativa privada pode trabalhar pela regeneração e ajudar na adaptação climática, mesmo que isso não seja nosso core business. Não existe sustentabilidade feita sozinha”, arrematou.
“A contribuição da iniciativa privada é fundamental, tanto no desenvolvimento econômico quanto nos efeitos que esse crescimento tem sobre a sociedade. Escolhemos impulsionar as regiões tendo o cuidado de olhar para as pessoas e para o meio ambiente. Mesmo que isso signifique aportes maiores”, comentou Marcelo Tavares de Melo Filho, o membro do Conselho do Grupo JCPM que está em Belém para acompanhar a participação da empresa na COP
Obra pensada para dentro e para fora
A recuperação da área começou ainda na fase de construção do shopping, com a gestão dos resíduos da antiga fábrica. “Tivemos o cuidado de reutilizar todo o material da demolição para evitar trânsito de caminhões e reduzir esse fluxo dentro da comunidade”, explicou.
O empreendimento foi desenhado para consumir menos recursos naturais. “A iluminação é majoritariamente natural. Temos grandes áreas envidraçadas, películas protetoras para evitar troca de calor e garantir um ambiente naturalmente iluminado, reduzindo o consumo de energia”, detalhou.
Outra estratégia para preservar os recursos naturais foi a priorização do uso racional da água, com sistemas sanitários que garantem consumo de um terço do convencional, além da captação e reutilização da água de chuva.
O maior impacto ambiental de um shopping center é o consumo de energia. Por isso, o RioMar Recife adotou sistemas de climatização mais eficientes. “É um sistema que otimiza o consumo e permite que o empreendimento use menos água e menos energia”, observou.
Oportunidades para a comunidade
Além das soluções ambientais, o grupo apostou na integração com o território e na formação profissional.
“Envolvemos a comunidade em todo o processo construtivo e realizamos formação profissional ao longo de toda a obra pelo Instituto JCPM de Compromisso Social, que trabalha com a juventude”, contou.
A estratégia buscou reduzir a migração forçada e preparar moradores do entorno para ocupar vagas criadas pelo empreendimento e pela cadeia de serviços no entorno.
Para Lúcia Pontes, diretora de Desenvolvimento Social do Grupo JCPM, a presença na COP30 reforça uma visão de longo prazo. “A sustentabilidade está no centro dos nossos valores corporativos. Buscamos ampliar o diálogo sobre o compromisso empresarial, com atuações que aliem desenvolvimento econômico, inclusão social e preservação ambiental”, ressaltou. As ações ambientais apresentadas pelo Grupo JCPM na COP30 compõem seu Relatório ASG 2024, disponível em: sustentabilidade2024.jcpm.com.br.
Com 90 anos de história, o Grupo JCPM consolidou-se como líder no setor de shopping centers no Nordeste e está entre os cinco maiores do Brasil, gerando 3,2 mil empregos diretos e movimentando outras 40 mil oportunidades de trabalho.
Presença na COP30 segue nesta quarta
A agenda do Grupo JCPM na COP30 segue nesta quarta-feira (19), com participação em painel sobre Comércio Sustentável, junto com a Abrasce (Associação Brasileira de Shoppings). No encontro, serão compartilhadas experiências de descarbonização das operações, fortalecimento de cadeias de suprimentos resilientes ao clima, financiamento da inovação verde e engajamento dos consumidores em escolhas mais sustentáveis.
Thayara vai apresentar as práticas dos shoppings do Grupo JCPM, como o uso de 100% de energia de fontes renováveis certificadas (I-REC) e o encaminhamento de 70% dos resíduos recicláveis para cooperativas locais.