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Secretário do Rio cita 'Estado de Guerra'; 'é 'impossível' combater crime organizado sozinho'

O governador Claúdio Castro também lamentou a falta de apoio de outras esferas de poder, ele diz que "as nossas polícias estão sozinhas"

Por Estadão Conteúdo Publicado em 28/10/2025 às 16:55

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O secretário da Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor Santos, disse nesta terça-feira (28), em entrevista à TV Globo, que o Estado não tem condições de enfrentar sozinho o crime organizado.

Ele ainda afirmou que o governo solicitou ajuda federal em uma operação anterior contra o Comando Vermelho (CV), mas teve o pedido negado.

A polícia do Rio realiza uma megaoperação contra a facção. Segundo o governo, o CV lançou bombas por meio de drones em retaliação. Vídeos divulgados pela Polícia Civil mostram o momento das explosões. Ao menos dois policiais e ao menos 64 mortos, entre eles alguns investigados. 81 foram presos.

O secretário explica que o local tem muitas casas foram construídas de forma irregular, becos que é impossível fazer o patrulhamento. Segundo ele, isso causa risco maior à população e aos policiais.

"Esses criminosos dominaram essa região. Hoje, por exemplo, utilizaram drones lançando artefatos explosivos contra os policiais e a população. Essa é a realidade, esse Estado de Guerra que a gente vive no Rio de Janeiro", disse Victor Santos.

Ele completa dizendo que são quase 1900 favelas no Rio de Janeiro, é o quarto menor Estado, mas o terceiro mais populoso. 

"É um diagnóstico muito ruim do Rio de Janeiro. E o Estado vem fazendo esse papel de combate sozinho há anos. É importante, sim, que o Estado, a prefeitura e a União sentem à mesa, sem ideologia", completou o secretário.

Governador lamenta falta de auxílio

Em entrevista coletiva no início da tarde, o governador Cláudio Castro também lamentou a falta de apoio de outras esferas de poder.

"As nossas polícias estão sozinhas. É uma operação maior do que a de 2010 e, infelizmente, dessa vez, como ao longo desse mandato inteiro, não temos o auxílio nem de blindados, nem de nenhum agente das forças federais, nem de segurança, nem de defesa. A gente sozinho nessa luta. Estamos fazendo a maior operação da história do Rio de Janeiro", afirmou Castro.

Questionado se o governo estadual pediu ajuda ao governo federal para a operação desta terça-feira, Castro disse que não foi solicitado nenhum apoio "desta vez" porque já houve três negativas de ajuda ao Estado.

"Nós já entendemos que a política é de não é ceder. Falam que tem que ter GLO (Garantia da Lei da Ordem), que tem que ter isso, que tem que ter aquilo, que podiam emprestar o blindado e depois não podiam mais emprestar porque o servidor que opera o blindado é um servidor federal. O presidente já falou que ele é contra GLO. A gente entendeu que a realidade é essa e a gente não vai ficar chorando pelos cantos", afirmou.

Ao todo, o Ministério Público do RJ denunciou 67 pessoas pelo crime de associação para o tráfico, e três homens também foram denunciados por tortura, dentre eles, Edgar, conhecido como Doca, apontado como operador e responsável pela expansão da facção.

A ação, que também conta com o apoio de promotores do Ministério Público Estadual, foi deflagrada a partir de mais de um ano de investigação e mandados de busca e apreensão e de prisão obtidos pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE).

"A Operação Contenção visa capturar lideranças criminosas do Rio e de outros Estados e combater a expansão territorial do Comando Vermelho. Os dois complexos abrigam 26 comunidades", disse a Polícia Civil do Rio.

Policiais militares do Comando de Operações Especiais e das unidades operacionais da PM da capital e região metropolitana participam das ações.

Já a Polícia Civil mobilizou agentes de todas as delegacias especializadas, distritais, da CORE, do Departamento de Combate à Lavagem de Dinheiro e da Subsecretaria de Inteligência.

A Operação Contenção é reforçada com tecnologia avançada, incluindo drones, dois helicópteros, 32 blindados terrestres, 12 veículos de demolição do Núcleo de Apoio às Operações Especiais da PM e ambulâncias para resgate.

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