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Vídeo de pai e filha viraliza nas redes e expõe diferenças geracionais marcadas pelo trabalho infantil

Vídeo de pai e filha cearenses viraliza ao mostrar diferenças na infância e emociona milhões nas redes com relato sobre trabalho infantil

Por Isabella Moura Publicado em 05/09/2025 às 15:39

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Um vídeo publicado nas redes sociais pela influenciadora mirim cearense Larah Rabelo, de apenas 10 anos, emocionou milhões de internautas ao evidenciar as diferenças entre sua infância e a do pai, Airton Gomes, de 30 anos. A gravação, feita como parte de uma trend no TikTok, já ultrapassou 7 milhões de visualizações e provocou reflexões sobre desigualdade social, cuidado infantil e trabalho precoce.

Na dinâmica proposta pela mãe da menina, Aline Rabelo, pai e filha se posicionam lado a lado e dão um passo à frente sempre que se identificam com situações vividas na infância, como “levar lanche para a escola” ou “ter festas de aniversário”.

Enquanto Larah avança em quase todas as perguntas, revelando uma infância com mais estrutura e amparo, Airton permanece parado em boa parte do vídeo, até que, em um momento marcante, ele dá um passo à frente ao ouvir: “Dê um passo se você precisou trabalhar na infância.” Larah, que fica imóvel, começa a chorar ao perceber o contraste. Pai e filha se abraçam emocionados no fim da gravação.

O vídeo viral ganhou repercussão nacional e foi elogiado por retratar de forma sensível e direta o impacto das desigualdades entre gerações, uma realidade ainda presente, especialmente nas regiões mais vulneráveis do país.

Trabalho infantil ainda atinge mais de 1,6 milhão de crianças e adolescentes no Brasil

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do IBGE, o trabalho infantil atingia, em 2023, cerca de 1,607 milhão de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos, o equivalente a 4,2% da população nessa faixa etária. Embora o número represente uma queda de 14,6% em relação a 2022, o problema continua grave, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste, onde a vulnerabilidade social é maior.

Entre os que trabalham, mais da metade (55,7%) têm entre 16 e 17 anos, mas os números também preocupam nas faixas mais jovens: 346 mil crianças de 5 a 13 anos foram identificadas em situação de trabalho infantil, além de 366 mil adolescentes de 14 a 15 anos.

Outro dado alarmante é que 586 mil jovens estavam envolvidos em atividades consideradas perigosas, como as listadas na “Lista TIP” (Trabalho Infantil Perigoso), embora esse número tenha caído 22,5% em um ano.

A redução recente está associada à retomada de políticas públicas, aumento da fiscalização por parte do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e melhoria dos rendimentos familiares com a recuperação econômica pós-pandemia. Ainda assim, o cenário exige atenção e políticas contínuas de combate à exploração infantil.

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