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Como as 'bets' estão afetando a educação dos jovens? Pesquisa revela impacto no Brasil

Estudo revela que 14% dos universitários que apostam já atrasaram mensalidade; 40% dos apostadores frequentes do país são do Nordeste

Por Túlio Feitosa Publicado em 09/07/2025 às 19:49

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As apostas online, ou "bets", se tornaram um concorrente direto da educação superior pelo orçamento dos jovens brasileiros, com um impacto que pode impedir quase 1 milhão de pessoas de ingressar em uma faculdade particular em 2026. O alerta vem da nova pesquisa "O Impacto das Bets 2", realizada pelo instituto Educa Insights.

O estudo revela um cenário preocupante para quem já está na universidade: 14% dos estudantes que apostam já atrasaram o pagamento da mensalidade ou precisaram trancar o curso devido aos gastos com os jogos online.

A pesquisa, que ouviu mais de 11 mil jovens de 18 a 35 anos em todo o país, mostra que as apostas se tornaram parte da rotina de metade dos jogadores, com uma frequência de uma a três vezes por semana. Desse grupo de apostadores frequentes, 40% são da Região Nordeste, uma proporção quase idêntica à do Sudeste (41%), mostrando a forte penetração do hábito na nossa região.

Os dados também apontam para um aumento nos valores gastos. O percentual de apostadores que gastam mais de R$ 350 por mês saltou de 30,8% em setembro de 2024 para 45,3% neste ano.

"O estudo mostra que o mercado educacional ganha um novo concorrente pelo bolso do aluno potencial", observou Daniel Infante, diretor do Educa Insights, em entrevista à Agência Brasil.

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Outros impactos e perfil do apostador

Além da educação, o comprometimento da renda com as "bets" afeta outras áreas da vida dos jovens. Entre os entrevistados, 28,5% já deixaram de sair com amigos, 23,6% cortaram gastos com academia ou esportes, e 20,9% deixaram de investir em outros cursos, como os de idiomas.

O perfil do apostador frequente, segundo a pesquisa, é majoritariamente masculino (85%), trabalhador (85%), com filhos (72%) e pertencente às classes B (38%) e C (37%), com idade concentrada entre 26 e 35 anos.

Diante do cenário, a Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (Abmes), que representa o setor de educação particular, defende a necessidade de limites, controle e políticas públicas de conscientização sobre os riscos do vício em apostas.

(Com informações da Agência Brasil).

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