Do Jornal do Commercio com agências
João Havelange renunciou ao cargo de presidente de honra da Fifa, que ocupava desde 1998. O anúncio oficial foi divulgado pela entidade ontem, mas o brasileiro já havia deixado o posto há duas semanas. Acusado de corrupção, o dirigente de 96 anos sai de cena antes de sofrer possíveis punições.
O presidente do Comitê de Ética da Fifa, Hans-Joachim Eckert, anunciou por meio de um comunicado que Havelange deixou seu cargo em 18 de abril. A renúncia oficial do cartola brasileiro ocorre no mesmo dia em que o órgão publicou o relatório sobre o caso de corrupção envolvendo a ISL, extinta empresa que foi parceira de marketing da entidade.
Com a renúncia, Havelange se livra de receber qualquer punição por seu envolvimento no escândalo da ISL, que declarou falência em 2001. Após suspeitas de corrupção levantadas há mais de uma década, o caso voltou a ser investigado pela Fifa quando a rede britânica BBC publicou reportagem, no ano passado, denunciando que a extinta empresa de marketing teria subornado membros da entidade para ganhar direitos de transmissão da Copa do Mundo.
O relatório do Comitê de Ética da Fifa sobre o caso, divulgado ontem, comprova que Havelange, o também brasileiro Ricardo Teixeira e o paraguaio Nicolas Leoz receberam propina da ISL entre 1992 e 2000, por conta da negociação da venda de direitos de transmissão para a Copa de 2002 e de 2006 - os valores não foram divulgados, mas ultrapassariam os R$ 45 milhões. Ambos também renunciaram seus cargos.
No relatório apresentado ontem, Eckert escreveu que Havelange e Ricardo Teixeira agiram com uma "conduta moralmente e eticamente reprovável", mas enfatizou que aceitar propina não era considerado um crime na Suíça na época do ocorrido. Pelo fato de Havelange ter renunciado, qualquer punição teria caráter "supérfluo".