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Náutico: entenda importância, como será e próximos passos da Recuperação Judicial do clube

Diretor executivo afirma que aprovação do plano garante segurança jurídica, reorganiza dívidas e permite planejar o futuro esportivo do clube

Por Thiago Seabra Publicado em 23/12/2025 às 9:08

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A aprovação do plano de Recuperação Judicial (RJ) foi classificada como a maior conquista do Náutico nos últimos anos pelo diretor-geral executivo do clube, Luciano Leônidio.

Em entrevista ao programa Fórum Esportivo, da Rádio Jornal, na última segunda-feira (22), o dirigente afirmou que o processo foi decisivo para evitar a falência da instituição e recuperar o controle financeiro.

Segundo Leônidio, mais do que uma formalidade jurídica, a RJ representa o único caminho viável para garantir a sobrevivência institucional do clube e permitir um planejamento sustentável a médio e longo prazo.

Entenda a importância da Recuperação Judicial do Náutico

Sobrevivência institucional em jogo

Durante a entrevista, Luciano Leônidio foi enfático ao tratar a aprovação do plano, ocorrida em 18 de dezembro, durante Assembleia Geral de Credores, como uma questão de vida ou morte para o clube.

De acordo com o dirigente, qualquer empresa que não tenha seu plano aprovado ou não consiga cumprir os pagamentos previstos em um processo de Recuperação Judicial acaba caminhando para a falência.

O que a Recuperação Judicial muda na prática

Leônidio explicou que a RJ trouxe mudanças estruturais para o funcionamento financeiro do Náutico, permitindo previsibilidade e retomada da autonomia administrativa.

O plano de Recuperação Judicial envolve uma dívida estimada em R$ 152,8 milhões, distribuída entre 781 credores.

Luciano Leônidio definiu a aprovação como um “freio de arrumação”, que estabelece uma nova lógica de pagamentos, mas exige disciplina para evitar a criação de novos passivos.

Entre os principais pontos do plano aprovado estão:

  • Carência estratégica: em 2026, o Náutico não realizará pagamentos aos credores da RJ, medida considerada essencial para equilibrar o caixa.
  • Início dos pagamentos: os repasses aos credores começam de forma gradual em julho de 2027.
  • Quitação trabalhista: o pagamento do saldo restante dos credores trabalhistas está previsto para começar em 2028.
  • Deságios elevados: o plano prevê descontos significativos, como o deságio de 90% para credores trabalhistas com valores acima de R$ 400 mil.
  • Prazo de quitação: em caso de permanência na Série B, a projeção é de quitação do passivo total em até 12 anos.

A segurança jurídica proporcionada pela Recuperação Judicial permite ao clube projetar um cenário esportivo mais robusto para 2026.

A diretoria trabalha com a previsão de elevar a folha salarial de aproximadamente R$ 700 mil, em 2025, para R$ 2,5 milhões na temporada seguinte.

Para Luciano Leônidio, o esforço de negociação, que envolveu localizar credores e conduzir tratativas antes da Assembleia, foi recompensado pela estabilidade gerada para as próximas gestões.

Segundo ele, o plano cria condições para que o clube se organize, planeje o futuro e busque novos resultados esportivos de forma sustentável.

Como ficou o plano de pagamento da RJ

O Náutico possui atualmente 781 credores, com uma dívida total estimada em R$ 152,8 milhões, distribuída da seguinte forma:

  • Classe I – Trabalhistas: 675 credores | R$ 123.341.282,03
  • Classe III – Quirografários: 68 credores | R$ 27.300.005,14
  • Classe IV – Micro e pequenas empresas: 38 credores | R$ 2.222.580,94

O plano aprovado prevê condições diferentes para cada classe:

Credores Trabalhistas (Classe I)

  • Créditos de até 15 salários mínimos: pagamento integral, sem deságio
  • Créditos entre 15 e 150 salários mínimos: deságio de 65%
  • Créditos acima de R$ 400 mil: deságio de 90%

Credores Quirografários (Classe III)

  • Parcela fixa de R$ 25 mil por credor
  • Deságio de 90% sobre o valor restante
  • Saldo pago em 120 parcelas mensais, após 18 meses de carência
  • Microempresas e empresas de pequeno porte (Classe IV)
  • Parcela fixa de R$ 20 mil por credor
  • Deságio de 90% sobre o valor excedente
  • Pagamento do saldo em 60 parcelas mensais, após 18 meses de carência

Próximos passos da Recuperação Judicial

Uma das principais fontes de recursos previstas no plano é a rescisão do contrato com a Arena de Pernambuco, ação na qual o Náutico já tem causa ganha, com valor estimado em R$ 20 milhões.

Esse montante será utilizado para auxiliar no cumprimento das obrigações previstas na recuperação judicial.

Com a aprovação do plano, o processo segue agora para homologação judicial, etapa que oficializa os termos definidos em assembleia.

A partir disso, o Náutico passa a operar dentro de um novo cenário financeiro, com previsibilidade de pagamentos e redução significativa do passivo.

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