Náutico: entenda importância, como será e próximos passos da Recuperação Judicial do clube
Diretor executivo afirma que aprovação do plano garante segurança jurídica, reorganiza dívidas e permite planejar o futuro esportivo do clube
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A aprovação do plano de Recuperação Judicial (RJ) foi classificada como a maior conquista do Náutico nos últimos anos pelo diretor-geral executivo do clube, Luciano Leônidio.
Em entrevista ao programa Fórum Esportivo, da Rádio Jornal, na última segunda-feira (22), o dirigente afirmou que o processo foi decisivo para evitar a falência da instituição e recuperar o controle financeiro.
Segundo Leônidio, mais do que uma formalidade jurídica, a RJ representa o único caminho viável para garantir a sobrevivência institucional do clube e permitir um planejamento sustentável a médio e longo prazo.
Entenda a importância da Recuperação Judicial do Náutico
Sobrevivência institucional em jogo
Durante a entrevista, Luciano Leônidio foi enfático ao tratar a aprovação do plano, ocorrida em 18 de dezembro, durante Assembleia Geral de Credores, como uma questão de vida ou morte para o clube.
De acordo com o dirigente, qualquer empresa que não tenha seu plano aprovado ou não consiga cumprir os pagamentos previstos em um processo de Recuperação Judicial acaba caminhando para a falência.
O que a Recuperação Judicial muda na prática
Leônidio explicou que a RJ trouxe mudanças estruturais para o funcionamento financeiro do Náutico, permitindo previsibilidade e retomada da autonomia administrativa.
O plano de Recuperação Judicial envolve uma dívida estimada em R$ 152,8 milhões, distribuída entre 781 credores.
Luciano Leônidio definiu a aprovação como um “freio de arrumação”, que estabelece uma nova lógica de pagamentos, mas exige disciplina para evitar a criação de novos passivos.
Entre os principais pontos do plano aprovado estão:
- Carência estratégica: em 2026, o Náutico não realizará pagamentos aos credores da RJ, medida considerada essencial para equilibrar o caixa.
- Início dos pagamentos: os repasses aos credores começam de forma gradual em julho de 2027.
- Quitação trabalhista: o pagamento do saldo restante dos credores trabalhistas está previsto para começar em 2028.
- Deságios elevados: o plano prevê descontos significativos, como o deságio de 90% para credores trabalhistas com valores acima de R$ 400 mil.
- Prazo de quitação: em caso de permanência na Série B, a projeção é de quitação do passivo total em até 12 anos.
A segurança jurídica proporcionada pela Recuperação Judicial permite ao clube projetar um cenário esportivo mais robusto para 2026.
A diretoria trabalha com a previsão de elevar a folha salarial de aproximadamente R$ 700 mil, em 2025, para R$ 2,5 milhões na temporada seguinte.
Para Luciano Leônidio, o esforço de negociação, que envolveu localizar credores e conduzir tratativas antes da Assembleia, foi recompensado pela estabilidade gerada para as próximas gestões.
Segundo ele, o plano cria condições para que o clube se organize, planeje o futuro e busque novos resultados esportivos de forma sustentável.
Como ficou o plano de pagamento da RJ
O Náutico possui atualmente 781 credores, com uma dívida total estimada em R$ 152,8 milhões, distribuída da seguinte forma:
- Classe I – Trabalhistas: 675 credores | R$ 123.341.282,03
- Classe III – Quirografários: 68 credores | R$ 27.300.005,14
- Classe IV – Micro e pequenas empresas: 38 credores | R$ 2.222.580,94
O plano aprovado prevê condições diferentes para cada classe:
Credores Trabalhistas (Classe I)
- Créditos de até 15 salários mínimos: pagamento integral, sem deságio
- Créditos entre 15 e 150 salários mínimos: deságio de 65%
- Créditos acima de R$ 400 mil: deságio de 90%
Credores Quirografários (Classe III)
- Parcela fixa de R$ 25 mil por credor
- Deságio de 90% sobre o valor restante
- Saldo pago em 120 parcelas mensais, após 18 meses de carência
- Microempresas e empresas de pequeno porte (Classe IV)
- Parcela fixa de R$ 20 mil por credor
- Deságio de 90% sobre o valor excedente
- Pagamento do saldo em 60 parcelas mensais, após 18 meses de carência
Próximos passos da Recuperação Judicial
Uma das principais fontes de recursos previstas no plano é a rescisão do contrato com a Arena de Pernambuco, ação na qual o Náutico já tem causa ganha, com valor estimado em R$ 20 milhões.
Esse montante será utilizado para auxiliar no cumprimento das obrigações previstas na recuperação judicial.
Com a aprovação do plano, o processo segue agora para homologação judicial, etapa que oficializa os termos definidos em assembleia.
A partir disso, o Náutico passa a operar dentro de um novo cenário financeiro, com previsibilidade de pagamentos e redução significativa do passivo.