Ex-presidente Diógenes Braga celebra aprovação da Recuperação Judicial do Náutico: "um caminho de saúde financeira"
A decisão de ingressar com o pedido de RJ foi iniciada durante o mandato do ex-presidente
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O ex-presidente do Náutico, Diógenes Braga, comemorou a aprovação do plano de Recuperação Judicial (RJ)do clube, validado na última quinta-feira (18), durante Assembleia Geral dos Credores realizada na Sala do Conselho Deliberativo. A decisão de ingressar com o pedido de RJ foi iniciada durante o mandato do gestor. Para o ex-dirigente, a aceitação representa um passo fundamental para o saneamento financeiro do Timbu e para a reconstrução estrutural do clube a médio e longo prazo.
“Eu estou muito feliz com a aprovação da recuperação judicial do clube. Muito feliz como alvirrubro e também com a decisão tomada lá atrás, que foi extremamente difícil, mas necessária naquele momento”, afirmou Diógenes. Segundo ele, a escolha por ingressar na RJ ocorreu em um contexto em que vários clubes brasileiros buscavam alternativas legais para reorganizar seus passivos e garantir sobrevivência financeira.
Para o ex-mandatário, a aprovação do plano não encerra o processo, mas inaugura uma nova fase. “Agora é seguir os próximos passos com dedicação e responsabilidade. A recuperação judicial é um assunto de Estado dentro do clube. Estruturar o Náutico financeiramente é o que torna possível que os resultados dentro de campo aconteçam”, concluiu.
A aprovação do plano é considerada um avanço importante no processo de reorganização financeira do Timbu. O modelo estabelece um cronograma de pagamentos escalonado, com foco na sustentabilidade do clube nos próximos anos, levando em conta os desafios esportivos e orçamentários da Série B do Campeonato Brasileiro.
Em 2026, por exemplo, o Náutico não realizará pagamentos aos credores da RJ. A medida busca garantir equilíbrio de caixa em um ano tratado internamente como estratégico para a consolidação esportiva e administrativa. Os pagamentos começam de forma gradual a partir de julho de 2027, enquanto o saldo restante dos credores trabalhistas passa a ser quitado em 2028.
Em um cenário conservador, mantendo-se na Série B, a projeção indica que o clube poderá quitar integralmente seu passivo em até 12 anos. Em caso de acesso à Série A, o aumento de receitas tende a acelerar o cumprimento do plano e antecipar a liquidação das dívidas.
Como ficou o plano de pagamento
O Náutico possui atualmente 781 credores, com uma dívida total estimada em R$ 152,8 milhões, distribuída da seguinte forma:
- Classe I – Trabalhistas: 675 credores | R$ 123.341.282,03
- Classe III – Quirografários: 68 credores | R$ 27.300.005,14
- Classe IV – Micro e pequenas empresas: 38 credores | R$ 2.222.580,94
O plano aprovado prevê condições específicas para cada classe de credores:
Credores Trabalhistas (Classe I)
- Créditos de até 15 salários mínimos: pagamento integral, sem deságio.
- Créditos entre 15 e 150 salários mínimos: deságio de 65%.
- Créditos acima de R$ 400 mil: deságio de 90%.
Credores Quirografários (Classe III)
- Parcela fixa de R$ 25 mil por credor.
- Deságio de 90% sobre o valor restante.
- Saldo pago em 120 parcelas mensais, após 18 meses de carência.
Microempresas e empresas de pequeno porte (Classe IV)
- Parcela fixa de R$ 20 mil por credor.
- Deságio de 90% sobre o valor excedente.
- Pagamento do saldo em 60 parcelas mensais, após 18 meses de carência.
De acordo com as projeções apresentadas no plano, o Náutico destinará cerca de R$ 1,5 milhão por ano aos credores caso permaneça na Série B, enquanto, em um cenário de Série A, esse valor pode chegar a R$ 3 milhões anuais, acelerando o processo de recuperação financeira.