Criador deixa Reacher e pode ameaçar o futuro da franquia
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A franquia Jack Reacher passa por uma mudança histórica. Lee Child, criador e autor original da longa série de livros, confirmou oficialmente que está se afastando da saga. Apesar disso, a continuidade está garantida: seu irmão, Andrew Child, seguirá escrevendo os próximos romances.
Embora a troca de autores não seja necessariamente prejudicial – já que Andrew coescreveu diversas obras recentes, como “Exit Strategy”, “In Too Deep” e “The Sentinel” – existe um ponto crítico que ameaça o futuro da franquia como um todo.

O verdadeiro problema não é a troca de autor
A transição entre Lee e Andrew Child vem sendo preparada há anos. Andrew demonstrou boa compreensão do ritmo, do tom e da aspereza que definem o universo de Reacher. O obstáculo maior, porém, está na própria extensão da série.
Com 30 livros publicados, o arco de Jack Reacher já alcançou um ponto que poderia ser considerado um encerramento lógico. Do ponto de vista narrativo, o personagem também já teria idade suficiente para pendurar as botas.
Assim, a saída de Lee Child poderia ter sido o momento ideal para concluir a saga com um final natural.
No entanto, ao estender a linha do tempo e seguir produzindo novos volumes, a série corre o risco de gerar fadiga de franquia, repetindo fórmulas e diluindo o impacto de elementos que antes pareciam frescos e marcantes.

O final original de Lee Child era mais ousado – e talvez melhor
Curiosamente, Lee Child já havia imaginado um desfecho definitivo para seu personagem. Em entrevista, contou que pretendia escrever um livro chamado “Die Lonely”, no qual Jack Reacher morreria sangrando em um banheiro de motel. Considerando esse final cruel demais, pensou então em uma “morte metafórica”: Reacher adotaria um cachorro, alugaria uma casa e finalmente se aposentaria.
Ambas as ideias foram descartadas, especialmente quando Lee decidiu transferir a série ao irmão. Ainda assim, um final, seja ele trágico ou melancólico, poderia ter dado à saga um encerramento marcante, semelhante ao de personagens icônicos como John Wick, Tony Stark e Logan. Encerrar no auge poderia ter eternizado Reacher de outra forma.

O impacto na série do Prime Video
Por outro lado, a série Reacher, do Prime Video, pode se beneficiar dessa nova fase literária. Um fluxo constante de livros mantém o interesse vivo entre os fãs, especialmente nos intervalos entre temporadas. Além disso, mesmo com uma vasta quantidade de material já existente, mais romances oferecem novas histórias para adaptação e potencialmente prolongam a vida útil da produção televisiva.
Ou seja: enquanto o universo literário corre o risco de desgaste, o audiovisual pode sair ganhando com o novo ciclo criativo. A longo prazo, o futuro da franquia dependerá do equilíbrio entre manter Reacher relevante e evitar o esgotamento de sua essência – algo que apenas o tempo dirá se Andrew Child conseguirá sustentar.
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