Adaptação sombria de livro explora a culpa e a loucura na Netflix

Por Redação - Observatório da TV Publicado em 07/08/2025 às 15:03

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Disponível na Netflix, o filme Coração Delator é uma adaptação moderna e perturbadora do clássico conto escrito por Edgar Allan Poe, que mergulha no abismo da mente humana para explorar a culpa, o remorso e a obsessão. Com atmosfera carregada e ritmo psicológico intenso, a obra traz à tona a fragilidade da sanidade, conduzindo o espectador por uma narrativa que desafia a lógica e a moralidade.

A trama gira em torno de um cuidador contratado para assistir um idoso recluso e enigmático. O protagonista, que inicialmente parece inofensivo e prestativo, começa a nutrir uma obsessão pelo velho — mais especificamente por seu olho, descrito como perturbador e capaz de “ver demais”. Essa fixação cresce até o ponto de ruptura, levando o cuidador a cometer um crime brutal, acreditando que assim se livraria de sua angústia. No entanto, o peso da culpa se manifesta de forma crescente e insuportável.

O filme se apoia fortemente em elementos psicológicos, intensificando a tensão por meio de recursos visuais e sonoros que refletem o desequilíbrio mental do personagem principal. A escolha estética por ambientes escuros, planos fechados e o uso de ruídos repetitivos — especialmente o som de um coração batendo — colabora para criar uma sensação de paranoia constante. O espectador é gradualmente inserido na mente do assassino, experimentando com ele a lenta degradação de sua percepção da realidade.

Um dos pontos altos da produção é a atuação do protagonista, que entrega um desempenho visceral e instável, oscilando entre momentos de aparente lucidez e surtos de delírio. A narração em primeira pessoa, recurso presente no conto original de Poe, é mantida e reforça a ideia de um relato carregado de subjetividade e distorção, onde a verdade é constantemente questionada.

Coração Delator não é apenas um suspense sobre crime, mas uma reflexão profunda sobre a culpa como força destrutiva. O filme atualiza com eficácia os dilemas existenciais do texto de Poe, transportando-os para um cenário contemporâneo sem perder a essência do terror psicológico. É uma obra que incomoda, perturba e, ao mesmo tempo, fascina pela sua capacidade de transformar a mente humana em palco de horror.

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