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Bienal Internacional do Livro de Pernambuco celebra 30 anos com recorde de público e inovação

Neste domingo (12), a XV Bienal Internacional do Livro de Pernambuco encerra sua edição comemorativa com muito sucesso. Saiba mais detalhes

Por Alice Lins Publicado em 12/10/2025 às 19:23

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A 15ª Bienal Internacional do Livro de Pernambuco encerrou neste domingo (12) sua edição de 30 anos com um saldo histórico. Durante dez dias, o Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda, reuniu milhares de leitores, autores e editoras, consolidando o evento como o maior do Nordeste e um dos três principais do país.

A Bienal superou as expectativas em público, vendas e engajamento. A procura foi tão intensa que a organização precisou criar um novo espaço — o auditório Conversas ViaOmar, com capacidade ampliada — para acomodar a demanda por encontros com autores como Mia Couto, Raphael Montes e a influenciadora Mih Tanino.

Mais público, mais negócios

Com mais de 300 mil visitantes (presenciais e online), a edição de 2025 manteve o ritmo de crescimento dos últimos anos. A projeção de movimentar mais de R$ 30 milhões em vendas e negócios confirma o peso econômico do evento no setor editorial.

O número de editoras saltou de 500 para 600, incluindo estreias de nomes como a Companhia das Letras e casas internacionais. O total de atividades também cresceu — foram 420 horas de conteúdo, contra 300 em 2023.

A Bienal é realizada com incentivo da Lei Rouanet, do Governo Federal, e conta com patrocínio premium da Petrobras e apoio do Banco do Nordeste do Brasil e Itaú Unibanco. A produção é da Cia de Eventos, Ideação e Vox Produções, com apoio do Sesc, Sebrae, Secretarias de Educação do Recife e do Estado de Pernambuco, Sudene e Odilo.

“Esta Bienal superou todas as nossas expectativas, tanto em público quanto em engajamento dos expositores e autores. É um evento que reafirma o papel do livro como instrumento de encontro e emoção”, comemorou o produtor Rogério Robalinho, da Companhia de Eventos, que coordena o evento ao lado de Guilherme Robalinho, Silvinha Robalinho e Sidney Nicéas.

Diversidade e inclusão em destaque

Sob o tema “Ler é sentir cada palavra”, a Bienal ofereceu uma programação ampla e diversa, com debates sobre fantasia, realismo mágico, literatura negra, regionalismo e o mercado editorial contemporâneo.

Entre os destaques, estiveram encontros com Itamar Vieira Junior, Aline Bei, Raimundo Carrero, Daniel Munduruku e Raphael Montes, além do sucesso da Bienalzinha, que foi expandida e que teve 135 horas de atividades educativas e lúdicas para crianças e adolescentes.

O evento também reservou espaço à literatura de fé, com a participação de editoras como CPAD, Bereia e Paulus, ampliando o diálogo com diferentes públicos.

Bienal verde e acessível

Pioneira no país, a Bienal se tornou o primeiro evento literário carbono zero do Brasil, com neutralização certificada pela Novo Olhar Sustentabilidade. As ações de compensação incluem o plantio de mudas de mangue-vermelho no estuário do rio Maracaípe, em parceria com o Projeto Remanguezar.

Além disso, nesta edição, o pavilhão interno do Centro de Convenções de Pernambuco foi cuidadosamente organizado a fim de evitar barreiras físicas para os usuários de cadeiras de rodas. Às editoras, foram repassadas recomendações de acessibilidade, como a utilização de rampas e espaços para deslocamento. Para reforçar a mobilidade, a organização da Bienal ofereceu o uso de cadeira de rodas de forma gratuita. A Bienal também contou com intérpretes de Libras e visitas guiadas com audiodescrição.

Outro destaque desta edição foi o Lugar de Acesso, espaço dedicado à inclusão e à troca de saberes sobre acessibilidade e inclusão no campo pedagógico e literário que operou com dois núcleos: o ponto de encontro, voltado para profissionais da acessibilidade e interessados, com programação diária destacando o protagonismo da pessoa com deficiência em debates, oficinas, sessões de autógrafos, vivências sensoriais e literatura inclusiva; e o Espaço de Acolhimento, pensado para pessoas neurodivergentes, oferecendo um ambiente silencioso, mobiliário aconchegante e decoração tranquilizadora, colaborando para reduzir a ansiedade e facilitar o reequilíbrio e a reorganização emocional em meio à movimentação do evento.

O cashback literário também fez sucesso: leitores que compraram ingressos antecipados receberam devolução de R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia) para gastar em livros durante o evento.

Ao completar três décadas, a Bienal Internacional do Livro de Pernambuco reforça sua vocação: unir cultura, diversidade e inovação — celebrando a força transformadora da leitura.

Bienal Internacional do Livro de Pernambuco encerra edição histórica com mais de R$ 30 milhões em vendas e celebra a força da literatura nordestina

A XV Bienal Internacional do Livro de Pernambuco encerrou neste domingo (12) uma das edições mais marcantes de sua história. Durante dez dias, o Centro de Convenções recebeu mais de 300 mil visitantes e movimentou mais de R$ 30 milhões em vendas e negócios, consolidando o evento como o maior do gênero no Nordeste e o terceiro do país.

Além dos números expressivos, a feira destacou-se pela diversidade literária, pela presença de autores independentes e pela força do mercado editorial regional. Editoras, livrarias e coletivos de todo o Brasil celebraram o desempenho das vendas e a excelente estrutura da Bienal, que comemorou 30 anos com uma edição plural, inclusiva e economicamente vibrante.

Para Simone Souza, CEO da Editora Fruto Proibido, especializada em romances eróticos femininos, o retorno foi imediato. “Escolhemos Pernambuco por ser muito pedida pelo nosso público. A experiência foi surpreendente, tanto pela organização quanto pelo carinho dos leitores”, disse. A editora, sediada no Rio de Janeiro, esgotou seus principais títulos já no primeiro sábado do evento.

No estande do Grupo Aleph, referência em ficção científica, o movimento também superou as expectativas. “A estrutura e o público evoluíram bastante em relação a 2019. As pessoas estão mais abertas à leitura de ficção científica, e isso é reflexo do acesso a novas obras e autores”, destacou Lidiana Pessoa, consultora comercial da editora paulista.

O Espaço Leia Mais, voltado a autores independentes, registrou resultados expressivos. “Nosso foco é dar visibilidade aos escritores que não têm o apoio de grandes editoras. A interação entre autores e leitores impulsionou as vendas e enriqueceu a experiência do público”, avaliou Cilene Lima, idealizadora do projeto.

Entre os expositores religiosos, a Livraria Paulus comemorou um aumento de vendas sete vezes maior do que na última edição. “O público tem comparecido em peso, interessado em títulos de espiritualidade e na coleção Patrística”, afirmou Marcelo Quirino, gerente da loja no Recife.

Outro destaque foi a Livraria Bereia, estreante na feira, que atribuiu parte do sucesso ao programa de cashback da Zig, fintech parceira da Bienal. O sistema devolveu parte do valor do ingresso em crédito para compra de livros durante o evento. “A movimentação foi intensa todos os dias. Essa parceria impulsionou o comércio e fortaleceu os expositores”, comemorou Jailson Aguiar, representante da livraria recifense.

A presença nordestina foi um dos pontos altos da edição. O escritor Well Morais, do estande de autores independentes do Ceará, destacou a importância do contato direto com o público. “Nosso propósito é aproximar o autor do leitor. A receptividade dos pernambucanos foi incrível”, afirmou.

Também estreante, a Editora Flyve, de Campinas (SP), saiu satisfeita com o desempenho. “O público valoriza o livro físico. Mesmo quem lê no Kindle faz questão de levar o exemplar impresso. Foi uma estreia muito positiva”, afirmou Mari Vieira, coordenadora de comunicação da editora.

O Clube de Literatura Clássica, serviço de assinatura de livros de colecionador, vendeu metade do estoque já no primeiro fim de semana. “Foi uma oportunidade excelente de sair da bolha do Sudeste e conhecer um público diverso e engajado”, contou Natália Gliech, gestora de marketing.

Representando o Grupo Autêntica, Jaqueline Pontes elogiou o desempenho e sugeriu novas ações de incentivo. “As vendas foram expressivas, impulsionadas pelo bônus para professores. Seria interessante criar um cartão exclusivo para docentes, estimulando ainda mais a compra de livros educacionais”, avaliou.

Independentes em destaque

Entre os espaços mais visitados, a Mostra de Publicações Independentes (MOPI) foi um sucesso. Reuniu editoras autorais de Pernambuco e de outros estados, destacando-se pela originalidade dos títulos e pelas técnicas artesanais de produção. “Tivemos um salto qualitativo e quantitativo em público, número de editoras participantes e programação. Foi, sem dúvida, a melhor edição até agora”, afirmou Rodrigo Acioly, curador da mostra.

Para ele, a Bienal desempenha um papel essencial ao abrir espaço para editoras independentes. “Trazemos livros autorais, com tiragens menores, mas que representam uma diversidade literária fundamental para o país.”

A Cia do Livro, de Igarassu (PE), também comemorou os resultados. “Foi muito gratificante. Os dias de maior público foram os finais de semana, mas mesmo durante a semana tivemos boas surpresas”, contou Kaique Ferreira. “Os livros de Colleen Hoover e Rafael Montes, além dos clássicos, foram os mais procurados. Tivemos que repor o estoque diversas vezes.”

Há 30 anos participando da Bienal, Ednilson Xavier, da livraria Palavra Encantada, avaliou que a edição de 2025 foi uma das mais organizadas e acessíveis. “Os corredores estão mais espaçosos, a sinalização está melhor e a acessibilidade foi um ponto muito positivo”, disse. “Vários autores independentes esgotaram o material. A sensação é de dever cumprido.”

Representando o Rio Grande do Norte, a escritora Fernanda Martins encantou o público com a saga infantojuvenil Vagary. “São livros de aventura que tratam de coragem e sentimentos profundos das crianças. Foi maravilhoso ver o retorno do público”, afirmou.

Outro coletivo que marcou presença foi o Somos Autores, formado por Lily A., Eberton Ferreira, Victor Chaffim e Laura Spíndola. “O público pernambucano compareceu em peso e mostrou interesse em conhecer novos autores. As vendas foram ótimas e o retorno dos leitores foi emocionante”, relatou Lily.

Encerramento com saldo positivo

Realizada com incentivo da Lei Rouanet, do Governo Federal, patrocínio premium da Petrobras e apoio do Banco do Nordeste do Brasil, Itaú Unibanco, Sesc, Sebrae, Secretaria de Educação do Estado, Prefeitura do Recife, Sudene e Odilo, a Bienal é organizada pela Cia de Eventos, Ideação e Vox Produções.

“O resultado é fruto de um esforço coletivo — de expositores, público e equipe — para fazer da Bienal uma experiência literária cada vez mais inclusiva, sustentável e economicamente forte”, resumiu Guilherme Robalinho, um dos produtores do evento.

Com 30 anos de história, a Bienal Internacional do Livro de Pernambuco reafirma seu papel como vitrine da produção literária nacional e motor da economia criativa no Nordeste.

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