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Bienal do Livro de Pernambuco aposta em criadores de conteúdo literário para conectar público ao evento

A XV Bienal Internacional do Livro de Pernambuco acontece de 3 a 12 de outubro, no Centro de Convenções, em Olinda, com direito a narradores oficiais

Por Paloma Xavier Publicado em 16/09/2025 às 17:05 | Atualizado em 16/09/2025 às 17:24

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A Bienal Internacional do Livro de Pernambuco vai dar mais espaço para os influenciadores digitais literários nesta edição. Além dos criadores de conteúdo credenciados, o evento contará com os narradores da Bienal, influenciadores oficiais que mostrarão de perto o que acontece e participarão mais ativamente da feira.

A coordenadora da programação jovem e curadora desta edição da feira, Mirela Paes, conta que a Bienal já realizava o credenciamento para os criadores de conteúdo e veículos há anos, mas que este é o primeiro ano que põe em prática o projeto dos narradores.

“São três criadores de conteúdo oficiais que recebem press kit oficial, mediam painéis, têm a possibilidade de publicar em colab [post em colaboração] todos os conteúdos que eles fizeram da Bienal e participam do podcast da feira - que também é uma novidade -, além de receberem um cachê pelo trabalho”, detalha as atividades.

Mirela afirma que a proposta torna a Bienal de Pernambuco pioneira entre as bienais do Brasil. “É a primeira entre todas as bienais do país a ter três criadores de conteúdo oficiais que vão receber um cachê e vão bater uma programação prévia com a organização. Sobre o que é que eles vão gravar, o que é que eles vão acompanhar e o que é que eles vão ter direito. É também uma oportunidade de mostrar a dinâmica do trabalho deles”, acrescenta.

A coordenadora ressalta que a proposta é criar uma programação mais jovem e pop: "A gente quer se aproximar mais do público. A Bienal continua atendendo todos os públicos e não vai deixar de atender todos os públicos de forma alguma, até porque ela sempre foi um evento plural. A diferença é que esse ano tem um investimento para ter esse lado um pouco mais pop."

Criadores de conteúdo ganham reconhecimento

O criador de conteúdo literário Apolo Andrade foi um dos três vencedores do concurso para narrador da Bienal. "Quando saiu o resultado do concurso, fiquei muito feliz. E, para mim, foi um pouco mais leve porque eram atividades que eu já estava preparado para fazer. Eu tenho experiência com cobertura, mediação de eventos, mediação em lançamentos, clube do livro e leitura coletiva", conta. Juntamente a ele, Ariane Moraes e Alessandra Queiroz serão os narradores da Bienal de Pernambuco 2025.

Além de ser um dos narradores do evento, Apolo também estará mediando painéis, como "Tour das Bienais por Aldeia de Livros: A riqueza da Bienal PE" com Larissa Viana, Mirela Paes, Fábio Lucas e Guilherme Robalinho. A mesa foca na Bienal, a grande homenageada da edição.

"Dessa vez vai ser bem diferente para mim, porque a primeira mesa que eu vou mediar vai ser sobre a Bienal de Pernambuco. É uma mesa que também serve de tributo, e isso é muito bonito e significativo. A homenagem sempre é a algum autor e neste ano não tem isso. É muito bonito também porque esse ano é o ano que a gente está vendo uma expansão maior da feira com relação à cultura pop e ao público jovem.”

Esta é a quinta Bienal que Apolo participa e, pela primeira vez, como criador de conteúdo oficial em uma feira. “É um marco para mim enquanto influenciador digital e enquanto leitor, ainda mais sendo uma pessoa que mora na periferia. Nós movimentamos muito o mercado literário, mas somos pouco reconhecidos. Antes da gente chegar ao dinheiro, a gente tem que trilhar caminhos para ser conhecido e fazer o portfólio”, conta.

Arquivo Pessoal
Para Apolo, um homem LGBT, PCD e periférico, a seleção para Bienal de Pernambuco foi muito importante para mostrar que é possível ocupar espaços e ser devidamente reconhecido por isso - Arquivo Pessoal

“Estou sendo reconhecido agora, sendo pago, mas eu já fiz muita coisa de graça. São coisas que hoje em dia eu eu cobro. A trajetória funciona assim. E mesmo que você não seja remunerado agora, você vai entender como é que funciona o mercado”, acrescenta.

O influenciador digital também destaca que o mercado literário de Recife é muito restrito e que a conexão com comunidades digitais literárias como o Bookstagram pode fortalecer a relação com eventos como a Bienal: “Estamos retomando essa cena literária que Recife perdeu e redescobrindo esse público leitor. Temos um público leitor na cidade que vive de leitura, mas que por não conhecer não interage com os eventos.”

Apolo aposta que a XV Bienal Internacional do Livro de Pernambuco será a mais marcante da história da feira, especialmente pela valorização dos criadores de conteúdo, que mostrarão a feira pelas suas perspectivas.

"Ela está mostrando que, ainda que a gente não tenha o mesmo reconhecimento em nível nacional ou o mesmo investimento que o Rio e São Paulo têm, o Nordeste pode dar vozes a outros nomes [de influenciadores] além dos que estão sempre no hype. Podemos mostrar que esses nomes importam e que conseguimos valorizar esses criadores de conteúdo da forma como eles merecem."

Público se sente mais conectado com o evento

A auxiliar administrativa Mariana Brito, de 34 anos, consome conteúdo literário no Instagram, Tik Tok e Youtube e aprovou o projeto dos narradores da Bienal do Livro de Pernambuco.

"Eu gostei bastante porque esse tipo de cobertura já era uma tendência que vinha das outras bienais, e agora chegou por aqui com bastante força. E são pessoas que foram escolhidas pelo público, que a gente votou para estar lá", conta.

Mariana destaca que a divulgação da Bienal feita pelos influenciadores facilita o acesso às informações sobre a feira: "Hoje as pessoas consomem muito mais conteúdo de internet, porque não têm tempo para parar para assistir televisão ou ouvir rádio. Então, eu gostei dessa forma de divulgação complementar."

"E essa cobertura digital do evento vai se somar à tradicional. Além disso, o conteúdo digital acaba proporcionando um contato maior com a Bienal, tornando a experiência muito mais imersiva", acrescenta.

Ela afirma, ainda, que a inserção dessas informações nas comunidades literárias pode atrair públicos que ainda não conheciam o evento. "Esse momento é importantíssimo para literatura e para cultura em geral", destaca.

Arquivo pessoal
As leitoras Mariana Brito e Lillian Silva avaliam como positivo o investimento da Bienal de Pernambuco em produtores de conteúdo - Arquivo pessoal

A psicóloga Lillian Silva, de 28 anos, também achou positiva a seleção de narradores da Bienal e o investimento na divulgação digital. "Tinha muitas contas que eu já conhecia do Instagram e Tik Tok, mas também teve influenciadores que eu só conheci por causa da seleção. Eu achei muito importante o apoio aos influenciadores e toda essa visibilidade que a Bienal vem ganhando."

Lillian acredita que a imersão com a cobertura dos criadores de conteúdo no evento do Rio de Janeiro também deve acontecer com a edição pernambucana: "Na época da Bienal do Rio, por exemplo, você abria o Tik Tok e tinha uma enxurrada de conteúdo. E quando for a semana da Bienal de Pernambuco, vou entrar nas redes sociais e vai ter um monte de conteúdo sobre ela, e eu vou ficar muito feliz. Vai ser uma sensação de orgulho, de ver o valor da nossa Bienal e dos nossos influenciadores."

"Eu estou muito ansiosa para essa Bienal. Espero que seja um evento maravilhoso e que as pessoas olhem e se perguntem: 'Por que eu não vim antes?'. Espero que as pessoas olhem com orgulho e que cada vez mais investidores e patrocinadores vejam que vale a pena investir na leitura e na arte", finaliza.

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