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"Entre Nós - Uma Dose Extra de Amor" aborda maternidade e relações modernas de um jeito divertido e descontraído

Com estreia no dia 11 de dezembro nos cinemas brasileiros, o filme de Chad Hartigan promete ser um filme leve, divertido e que não será esquecido

Por Alice Lins Publicado em 01/12/2025 às 12:00

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*Esta matéria contém spoilers

Imagine viver uma história de amor moderna, com a melhor definição da palavra. Imagine ter uma ficante, na qual você sempre foi doidinho para ter um relacionamento, ou pelo menos ficar com ela de novo, e isso ocorre quando ela propõe um ménage com uma mulher que vocês acabaram de conhecer juntos e se dão muito bem... O que poderia dar errado?

Essa é a premissa de "Entre Nós - Uma Dose Extra de Amor", dirigido pelo cineasta irlandês-americano Chad Hartigan. Com classificação indicativa para maiores de 16 anos, o filme estreia no dia 11 de dezembro nos cinemas brasileiros.

A história envolve Connor (Jonah Hauer-King), um rapaz num relacionamento sem rótulos ou compromisso com Olivia (Zoey Deutch), por quem ele nutre uma paixão há tempos.

Um dia, Greg (Jaboukie Young-White), amigo dele, sugere uma resolução de indecisão fazendo ciúmes em Olivia com Jenny (Ruby Cruz), uma desconhecida no bar. Olivia rapidamente, ao ver os dois conversando e se divertindo, passa a se infiltrar no encontro dos dois, flertando não só com Connor, mas também com Jenny.

Os três terminam fazendo um ménage, mas o que era para ser uma fantasia de uma só noite acaba em consequências peculiares: as duas ficam grávidas.

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Cena do filme "Entre Nós - Uma Dose Extra de Amor" - Divulgação

Comédia romântica atual, mas sem forçar atualidade

O longa se inicia de forma descontraída, quase clichê: casamento gay, melhor amigo hétero apaixonado pela ex-colega de trabalho, mas, mesmo insistindo, ela não quer nada além do casual, brinde engraçadinho e romances que não rolam durante a festa, deixando o mocinho triste.

Porém, como nem tudo deixa de ser flores, a oportunidade perfeita para agarrar aquela tão sonhada mulher chega: causar ciúmes com uma desconhecida no bar em que os dois costumavam trabalhar juntos. É o plano perfeito... Até que essa mesma mulher decide propor um ménage entre os três.

Daí desenrola a melhor noite da vida dos personagens envolvidos, mas de maneiras diferentes. Para Connor, deu a certeza de que ele está, realmente, apaixonado por Olivia; já para Jenny, duas novas experiências desbloqueadas de uma vez só: ficar com uma mulher e participar de um a três; e Olivia... Bem, como os personagens falam, Olivia sempre consegue o que quer. Mais um ponto provado para ela mesma.

E, quando Connor, finalmente, consegue conquistar a mulher, o mundo vira de cabeça para baixo muito rápido: após algumas semanas, Jenny aparece grávida na porta da casa dele. O problema é que Olivia também estava.

Nessa confusão toda, o aborto é sugerido diversas vezes em ambos os casos. É a partir desse momento que o filme tenta passar uma ideia mais "mente aberta" sobre o assunto, visto que Olivia, a personagem mais destemida percebe que não irá conseguir ter um filho com o homem que ela está se relacionando devido à, também, gravidez de Jenny.

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Cena do filme "Entre Nós - Uma Dose Extra de Amor" - Divulgação

Porém, como estamos lidando com uma comédia romântica, era óbvio que nenhuma das mulheres iriam conseguir realizar o procedimento: Jenny, por sentir que não se perdoaria, e Olivia, por perceber que o amor que ela sente por Connor é maior que a razão (que ela julgava no momento).

Tentando não demonizar, acabou tirando a credibilidade e a responsabilidade da pauta, jogada apenas para ser mais um conflito na vida do casal principal. E está tudo bem! O procedimento não é a escolha mais fácil do mundo de se fazer, mas um fundo de banalização ainda existe lá.

Em contrapartida, a maternidade não é tão romantizada no roteiro. Situações reais são mostradas e, mesmo sem a profundidade de um filme de drama, ele prova que aceitar ser mãe não é uma decisão fácil. E o pós-parto é uma situação ainda pior. E as crianças em fase de crescimento também podem tirar a sanidade de qualquer um.

No entanto, acaba caindo na mesma narrativa clichê das comédias românticas dos anos 2000 de que é preciso trair para entender que o atual parceiro é o amor da sua vida. Mesmo não sendo uma traição enquando eles estavam juntos, ao final do filme, Olivia descobre que o homem que ela ficava antes é o verdadeiro pai da filha dela.

A personagem de Zoey Deutch, que infernizou por grande parte do filme a decisão de Connor de ser um "pai" presente para a filha de Jenny, acaba sendo atingida pelo próprio feitiço. Não se sabe se a mulher ainda mantinha contato com o "amante" (digamos assim) enquanto estava com Connor, mas o filme dá a entender que sim, só não diz explicitamente qual tipo de contato eles mantinham.

Obviamente, para todo personagem com falhas de caráter, alegando ter apenas "personalidade forte", Olivia tem um arco de redenção: ela recebe a notícia da real parternidade, Connor decide acabar com tudo, ela dá a luz à bebê dela sozinha, enquanto Connor estava presente no parto de Jenny, e, com tudo isso, ela percebe que poderia ter sido um pouquinho menos egocêntrica e egoísta, e não estamos falando apenas dos hormônios da gravidez.

Com frases de efeito para encantar o público, "Entre Nós" tem o desfecho que todos já esperavam e o perdão, apesar de ter sido mal desenvolvido para o tanto de história que ocorreu durante o filme, finalmente chega.

Apesar da fórmula básica de romance, o filme tem um dos maiores pontos positivos das últimas comédias românticas lançadas: o humor não é forçado, nem datado. O que ainda traz o brilho do filme e aquela sensação de valeu a pena ter assistido é justamente como os personagens conversam como pessoas atuais, mas sem parecer que um roteirista está tentando enfiar gírias da Geração Z em filmes.

Olivia, apesar de ter os defeitos de personagem, é engraçada e consegue levantar o clima. Connor também não fica atrás, mas segue o padrão de homem bonzinho meio lerdo que todos os fãs de comédia romântica amam.

Jaboukie Young-White, que interpreta Greg, melhor amigo de Connor e barista onde Olivia ainda trabalha, é uma das estrelas do filme. Humor ácido, mas na medida certa, consegue dar conselhos que, de fato, parecem realistas e, o principal, não é usado apenas como um homem gay de alívio cômico.

Inclusive, apesar de ele estar presente em algumas cenas engraçadas do filme, ele não é o ponto chave para o humor acontecer. 

No mais, "Entre Nós - Uma Dose Extra de Amor", apesar de tudo, consegue cativar e pode se caracterizar como uma das comédias românticas mais divertidas do ano. Pode não ter tido a melhor escolha de abordar e desenvolver os assuntos sérios durante o enredo, mas não é algo que faça com que a magia do filme acabe, muito pelo contrário.

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