Você está ansioso ou distraído? Pode ser culpa da sua alimentação
O seu peso pode influenciar muito mais do que os números na balança, tendo impacto direto no seu humor, energia e capacidade de concentração.

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O mundo ao nosso redor parece estar sempre com um excesso de estímulos, sejam eles por meio de informações, tarefas, trabalho... Toda essa bagagem diária pode resultar no cansaço mental e em sintomas relacionados à ansiedade, dificuldade de foco e depressão.
Apesar da maioria das soluções serem dedicadas para o tratamento com remédios ou terapia, ainda existe um ponto que pode ser bastante negligenciado por muitos: a nutrição! Ela tem um impacto direto na saúde do cérebro, como explica o nutrólogo Dr. Gustavo de Oliveira Lima.
“Hoje já não é mais possível dissociar saúde mental de saúde metabólica e nutricional. O cérebro precisa de matéria-prima para funcionar bem e essa matéria-prima vem da alimentação.”
Se você quer dar o primeiro passo para prestar mais atenção na sua alimentação, é essencial entender que o que você come pode ajudar a reduzir sintomas de ansiedade, melhorar o humor e prevenir a depressão, mas se o cardápio for feito de forma errada, terá o efeito oposto.
Alimentação: um dos pilares esquecidos da saúde mental
De acordo com pesquisas recentes, o aumento de quadros como ansiedade e depressão podem estar ligados diretamente com uma dieta rica em açúcar, gorduras inflamatórias, alimentos ultraprocessados e álcool, que afetam a microbiota intestinal, podem impactar a função de neurotransmissores e ainda mantêm o corpo em uma espécie de estado de inflamação silenciosa.
Essa situação causa um terreno mais que fértil para o o surgimento de distúrbios emocionais.
Por outro lado, se você possui uma alimentação que inclui alimentos anti-inflamtórios, pode ser possível reduzir em até 30% o risco de desenvolver esses sintomas.
Um bom exemplo é a dieta mediterrânea, que é focada em manter no dia a dia as principais fontes de recarga para o corpo, como frutas, vegetais, azeite de oliva, frutos do mar, grãos, entre outros.
A ligação direta entre comida e cérebro: como funciona
A serotonina, dopamina, GABA e noradrenalina são fabricados a partir dos nutrientes que ingerimos, sendo essenciais para o equílibrio do cérebro humano, junto com o papel crucial de substâncias químicas que podem regular o humor, foco e energia.
O intestino também afeta essa relação, com o chamado "eixo intestino-cérebro", conecta os dois órgãos, com o intestino sendo responsável por produzir cerca de 90% da serotinina do corpo, melhorar a resposta ao estresse e aumentar a imunidade.
“Quando você alimenta mal o intestino, você inflama o cérebro. E quando corrige sua alimentação, o efeito positivo é visível: mais clareza, mais disposição, menos ansiedade”, alerta o Dr. Gustavo.
Ainda de acordo com o professional, alguns nutrientes são essenciais para obter melhores resultados.
Magnésio — Relaxa o sistema nervoso, melhora a qualidade do sono, ajuda no foco.
Fontes: folhas verdes escuras, castanhas, sementes, abacate, cacau puro.
Ômega-3 — Ação anti-inflamatória potente, melhora memória, reduz sintomas depressivos.
Fontes: peixes gordurosos (salmão, sardinha, atum), linhaça, chia.
Triptofano — Precursor da serotonina, hormônio do bem-estar.
Fontes: ovos, peixes, oleaginosas, cacau, grão-de-bico.
Complexo B (especialmente B6, B9 e B12) — Essenciais para energia mental, clareza, regulação do humor.
Fontes: carnes magras, ovos, vegetais verdes, feijão, lentilha.
Zinco — Atua no equilíbrio do humor e no controle do estresse.
Fontes: ostras, carne vermelha magra, sementes de abóbora.
Vitamina D — Regula a produção de serotonina e influencia diretamente no humor.
Fontes: sol, peixes gordos, gema de ovo, suplementação supervisionada.
Probióticos naturais — Melhoram a microbiota intestinal, impactando diretamente o cérebro.
Fontes: iogurte natural, kefir, kombucha, vegetais fermentados.
Na lista dos alimentos que podem prejudicar o foco e aumentar a ansiedade, estão inclusos açúcares refinados, alimentos ultraprocessados, excesso de cafeína, álcool e também as famosas dietas restritivas, que podem levar à deficiência de nutrientes essenciais para o funcionamento cerebral.
Confira as melhores dicas de como manter uma alimentação saudável:
- Comece o dia com proteínas + gordura boa: ovos mexidos com abacate e sementes.
- Inclua peixe gordo ao menos 2x por semana.
- Inclua uma salada colorida por dia com azeite extra virgem.
- Troque industrializados por preparações simples e frescas.
- Prefira carboidratos integrais que liberam energia de forma lenta e constante.
- Evite cafeína em excesso, especialmente à tarde e à noite.
“Seu cérebro é um órgão bioquímico. Suas emoções, foco e energia são influenciados pelo que você coloca no prato. Comer mal não é inofensivo, é sabotagem silenciosa. A boa notícia é que a mudança é possível e rápida. Um prato mais nutritivo, menos industrializado e mais natural tem poder real de transformar o funcionamento do seu cérebro", reforça Dr. Gustavo.