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Por que é tão fácil cair em fake news? A ciência responde

Especialista em saúde pública mostra como notícias falsas se espalham como vírus e o que você pode fazer para se proteger nos dias atuais.

Por Bianca Tavares Publicado em 28/07/2025 às 11:15

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Em 2019, um episódio inusitado na Malásia chamou atenção do mundo: cerca de 40 adolescentes disseram ter visto uma "face do mal", com sangue e imagens assustadoras.

O caso foi diagnosticado como uma histeria coletiva, ou, no termo técnico, uma doença psicogênica em massa.

A história pode parecer distante da sua realidade, mas carrega uma pista importante sobre como o comportamento humano é moldado pelo coletivo. E, principalmente, sobre como mentiras nas redes sociais conseguem se espalhar tão rápido e atingir tanta gente.

Quem alerta é o professor Shaon Lahiri, especialista em saúde pública da College of Charleston, nos Estados Unidos. 

Para o The Conversation, ele revela que o fenômeno da desinformação online funciona como um tipo de "contágio social", que se espalha em rede, com impactos reais nas escolhas e comportamentos do dia a dia.

Fake news se espalham mais rápido que a verdade e com mais força

iStock
Imagem de símbolo da manipulação da opinião com um homem que se tornou um fantoche - iStock

Pesquisas mostram que tanto a desinformação (mentiras divulgadas de forma proposital) quanto a desinformação involuntária (quando alguém repassa algo falso sem saber) se espalham mais rápido do que fatos verdadeiros.

Em geral, isso acontece porque as pessoas compartilham sem pensar, sem checar a fonte ou por pura vontade de defender uma narrativa.

Esse efeito se intensifica com o tempo. Um exemplo? As modas que voltam à tona.

Uma tendência que parece brega num dia pode ser normalizada após alguns posts ou comentários positivos. A isso, os cientistas dão o nome de "contágio complexo": a ideia de que certos comportamentos precisam ser reforçados várias vezes antes de serem adotados. E a mentira, infelizmente, funciona assim também.

Mas nem tudo está perdido. Para Lahiri, uma forma de barrar a desinformação é investir em uma espécie de vacina contra mentiras: o pré-bunking. A ideia é apresentar uma versão atenuada de fake news e treinar as pessoas para reconhecerem os sinais de manipulação antes de se depararem com o conteúdo real.

Alguns exemplos de sinais de alerta são frases extremistas do tipo "se você apoia isso, odeia seu país" ou a criação de vilões em narrativas simplistas. São pistas clássicas de que há manipulação no ar.

Para o método funcionar, é necessário que ele seja aplicado de forma contínua, como uma vacina com reforços. Lahiri acredita que grupos sociais (amigos, família, colegas de trabalho...) podem reforçar esse aprendizado uns nos outros. Assim, mais pessoas passam a reconhecer as armadilhas e se proteger contra elas.

"A verdade é que, sozinhos, somos mais vulneráveis. Mas em rede, podemos fortalecer uns aos outros contra mentiras que se espalham como praga", resume o pesquisador.

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