Você pode estar viciado em notificações — e nem percebeu
Cientistas comparam o impacto dos alertas de celular ao efeito de substâncias químicas no cérebro. Entenda mais abaixo o que pode estar acontecendo.

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Se você sente vontade de checar o celular a cada alerta, talvez não seja só um hábito. Estudos mostram que tocamos no telefone mais de 2.600 vezes por dia, e boa parte desses acessos começa com uma simples notificação.
Mas o que parece banal pode acionar os mesmos mecanismos que levam ao vício em drogas, segundo especialistas.
Para entender esse comportamento, vale voltar a 1901, com a Teoria de Pavlov e a “lei dos reflexos condicionados”.
Conforme compartilhado pelo portal Olhar Digital, a ideia é que um estímulo repetido, como um som ou sinal, pode provocar uma resposta automática. No caso das notificações, isso se traduz na reação quase imediata de olhar o celular sempre que algo apita ou pisca.
Na prática, esse estímulo ativa o sistema de recompensa do cérebro. Cada curtida, comentário ou nova mensagem libera dopamina, neurotransmissor associado ao prazer.
O mesmo acontece quando comemos algo gostoso ou usamos certas substâncias. A dopamina nos faz repetir comportamentos que nos dão satisfação, inclusive interagir com o telefone.
Um estudo da Universidade de Bergen, na Noruega, comprovou esse efeito: quanto mais as pessoas recebem notificações, mais prazer sentem. Por outro lado, a ausência desses alertas pode gerar ansiedade ou até desconforto, como se algo estivesse errado. Quando nada acontece, o cérebro responde com indiferença.
Essas respostas não se limitam à parte fisiológica
Elas também envolvem comportamento e design. Para a pesquisadora do X (antigo Twitter), Ximena Vengoechea, notificações eficientes combinam dois elementos: o interno (emocional) e o externo (informativo). Juntos, esses mecanismos acionam o sistema de recompensa em diferentes intensidades.
É aí que os aplicativos entram em cena, usando estímulos visuais, jogos e interações sociais para capturar a atenção.
O resultado? Um ciclo viciante, que transforma um simples aviso em hábito constante.