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Pandemia não agravou sintomas de TOC como se imaginava, apontam estudos

Pesquisas recentes mostram que o estresse da COVID-19 impactou pacientes com TOC de forma semelhante a outros transtornos, contrariando suposições.

Por Bianca Tavares Publicado em 27/07/2025 às 11:34

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No início da pandemia, muitos especialistas temiam que a obsessão por limpeza e o medo de contaminação incentivados pelas medidas sanitárias agravassem os casos de transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). 

No entanto, evidências científicas mais recentes vêm apontando que o impacto real da pandemia sobre pessoas com TOC foi menos direto do que se esperava.

Pesquisadores da Universidade de Melbourne analisaram dados de diversos grupos e chegaram à conclusão de que não há indícios de que a COVID-19 tenha agravado os sintomas de TOC de forma mais intensa do que em outros transtornos mentais, como ansiedade e depressão.

O que é TOC e por que foi associado à pandemia

O TOC é caracterizado por obsessões, que são pensamentos intrusivos e repetitivos, e compulsões, que podem ser ações físicas ou mentais usadas para neutralizar a ansiedade causada por esses pensamentos.

Subtipos de TOC mais comuns:

  • Contaminação: obsessão com limpeza e higiene;
  • Responsabilidade excessiva: medo de causar danos a si ou aos outros;
  • Simetria: necessidade de manter tudo organizado ou “do jeito certo” de maneira compulsiva;
  • Pensamentos tabus: ideias violentas, sexuais ou religiosas, muitas vezes não faladas.

Durante a pandemia, era esperado que pessoas com o subtipo de contaminação apresentassem maior piora, dado o reforço das práticas de higiene.

Mas os estudos indicam que o que realmente afetou esses pacientes foi o estresse global, não necessariamente o medo do vírus em si.

O estresse como gatilho principal

Segundo os pesquisadores, a elevação dos sintomas durante a pandemia foi uma resposta ao estresse generalizado, e não especificamente às diretrizes de saúde pública. Pessoas que já conviviam com TOC ou outras condições emocionais apresentaram reações semelhantes.

Um dos estudos avaliou pacientes com TOC antes e durante a pandemia e observou que o aumento dos sintomas ocorreu em todos os subtipos, e não apenas nos ligados à contaminação.

Outro estudo, realizado na Índia, revelou que o tratamento dos pacientes com TOC não perdeu eficácia durante a pandemia, mesmo com as mudanças na rotina.

O que influenciou recaídas

Entre os fatores que mais contribuíram para recaídas estavam:

  • Casos de TOC que já não estavam bem controlados
  • Níveis altos de estresse pessoal ou familiar
  • Dificuldades em flexibilizar pensamentos e comportamentos

 

O que esperar após a pandemia

Embora o TOC não tenha sido agravado de forma específica pela pandemia, a dificuldade de "desaprender" hábitos temporários de segurança pode ser um desafio para muitos pacientes, principalmente os que lidam com rigidez cognitiva, uma característica comum do transtorno.

A boa notícia é que os tratamentos seguem eficazes e que o avanço da ciência vem contribuindo para uma visão mais ampla sobre o TOC.

Entender sua diversidade e combater os estigmas são passos fundamentais para garantir acolhimento e cuidados adequados.

Com informações do The Conversation.

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