Beleza | Notícia

Lipedema e dietas: por que muitas mulheres não emagrecem mesmo comendo certo

Você faz dieta, treina, emagrece, mas as pernas continuam grossas, o braço dolorido e a gordura não desaparece. Talvez seja lipedema.

Por Catêrine Costa Publicado em 21/07/2025 às 20:30

Clique aqui e escute a matéria

Para muitas mulheres, a luta contra a balança é frustrante: seguem dietas rigorosas, treinam mais do que o recomendado, perdem medidas no abdômen… mas aquela gordura resistente em pernas, quadris e braços permanece, causando desconforto estético e, pior, dores físicas. O problema? Em muitos casos, o verdadeiro vilão não é o peso, e sim o lipedema, uma doença ainda pouco reconhecida, mas que atinge milhões de mulheres no Brasil.

“O lipedema não é excesso de gordura por má alimentação, é um distúrbio no tecido adiposo com forte componente inflamatório, que resiste a dietas comuns e, quando não tratado, pode evoluir para complicações sérias”, explica o médico nutrólogo Dr. Arthur Victor de Carvalho, especialista em menopausa, lipedema e modulação hormonal.

O erro mais comum: associar lipedema a “falta de disciplina”

Por desconhecimento, muitas mulheres são rotuladas desde cedo: “preguiçosas”, “sem foco”, “desleixadas”. O julgamento começa cedo, quando as diferenças corporais aparecem, e se intensifica com o passar dos anos, mesmo quando há esforço genuíno com alimentação e exercícios.

“O que acontece é que a gordura do lipedema tem um comportamento metabólico diferente, ela é mais fibrosa, mais resistente à quebra, está associada à inflamação crônica e não responde ao déficit calórico da mesma forma que outras áreas do corpo”, explica o especialista.

Essa resistência, somada ao estigma estético, provoca não só sofrimento físico, mas um grave impacto psicológico. Muitas mulheres desenvolvem ansiedade, depressão e um ciclo de culpa interminável, sentindo que estão falhando mesmo fazendo tudo “certo”.

Por que dieta e academia não são suficientes para quem tem lipedema

Embora alimentação saudável e exercícios físicos sejam fundamentais para qualquer pessoa, no lipedema eles não eliminam a gordura alterada. Especialmente exercícios de impacto excessivo ou dietas restritivas podem piorar sintomas, aumentar dores e levar à exaustão física.

“O tratamento do lipedema precisa ir além da estética. Envolve controle da inflamação, fortalecimento muscular, modulação hormonal, drenagem linfática e, em casos mais avançados, intervenções cirúrgicas específicas, como a lipoaspiração para lipedema, realizada em protocolos seguros”, explica o Dr. Arthur Victor de Carvalho.

Quando desconfiar que não é excesso de peso, é lipedema

  • Gordura que se concentra principalmente em pernas, quadris e braços, com tronco proporcionalmente menor;
  • Sensação de peso nas pernas e dores ao toque;
  • Tendência a hematomas frequentes e retenção;
  • Progressão do volume mesmo com controle alimentar;
  • História familiar de “pernas grossas” ou “corpo desproporcional”.

Importante: o lipedema não melhora só com emagrecimento, mas piora com dietas mal conduzidas e tratamentos inadequados.

O tratamento certo não busca “corpo magro”, busca qualidade de vida

O objetivo no lipedema não é somente transformar o corpo em um padrão estético, mas reduzir dor, melhorar mobilidade, conter a progressão e devolver bem-estar físico e emocional. Com diagnóstico correto e acompanhamento especializado, muitas mulheres relatam melhora expressiva não só na aparência, mas no conforto corporal e na autoestima.

Não é falta de força de vontade. É uma doença. E com informação correta, o tratamento traz resultados reais”, conclui Dr. Arthur Victor de Carvalho.

O lipedema precisa ser visto pelo que é: um problema de saúde, não um problema estético. O caminho não é culpar o espelho, é procurar profissionais qualificados e entender que a solução vai muito além de dieta e academia.

Compartilhe

Tags