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Cientista política vê campanha antecipada em Pernambuco e destaca peso da Região Metropolitana

Em entrevista ao Giro Metropolitano, Priscila Lapa aponta influência dos prefeitos da RMR e disputa direta entre João Campos e Raquel Lyra

Por Pedro Beija Publicado em 25/10/2025 às 12:00

Em entrevista ao videocast Giro Metropolitano, do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC), neste sábado (25), a cientista política Priscila Lapa avaliou que o cenário para as eleições de 2026 já está em andamento em Pernambuco.

Segundo Priscila, esse encurtamento dos ciclos eleitorais é resultado da comunicação digital e do reposicionamento de forças políticas no Estado. 

"Mal tinha terminado, de fato, a eleição de 2024, e só se falava em 2026", afirmou.

Priscila lembra que a eleição de 2022 encerrou um ciclo de 16 anos do PSB no Governo de Pernambuco e inaugurou uma nova fase na política pernambucana.

"Foi uma eleição de ruptura, que inaugurou um novo ciclo político. É natural que haja uma rearrumação de forças", explicou.

Na avaliação da cientista política, a eventual disputa entre a governadora Raquel Lyra (PSD) e o prefeito do Recife, João Campos (PSB), se tornou o eixo central dessa reorganização. 

Acompanhe a entrevista na íntegra abaixo:

Futuro Político no Grande Recife #GiroMetropolitano

Polarização nacional ainda pesa no voto

Apesar do desgaste do embate entre lulismo e bolsonarismo, Priscila afirma que a polarização continua sendo a principal referência para o eleitor brasileiro ao definir alinhamentos políticos.

"A grande orientação política do eleitor hoje é saber se o candidato é ligado a Lula ou a Bolsonaro", afirmou

Ela relembra que Raquel Lyra conseguiu se eleger sem se colocar nem ao lado de Lula, nem de Jair Bolsonaro, apresentando-se como alternativa ao PSB.No cenário de 2026, Priscila destaca que Lula tem sinalizado apoio institucional ao governo de Raquel Lyra, o que pode reduzir tensões no palanque estadual.

A cientista política ressaltou que Lula tem adotado postura de apoio ao governo Raquel Lyra em diversas agendas, o que pode reduzir um clima de confronto direto entre PT e o Palácio do Campo das Princesas em 2026. Ao mesmo tempo, a direita busca redefinir lideranças e posicionamento, em meio à indefinição sobre a sucessão de Bolsonaro no plano nacional.

Peso da Região Metropolitana e disputa por prefeitos

A Região Metropolitana do Recife será decisiva na eleição para o Governo do Estado, como reforça a cientista política. Para Priscila, prefeitos continuam sendo uma "variável clássica e determinante", por influenciarem diretamente a votação nas bases.

"Quase todas as eleições estaduais em Pernambuco se definem a partir do que acontece na região metropolitana", afirmou Priscila.

A cientista política observa que Raquel Lyra tem consolidado alianças com prefeitos de Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Paulista, Igarassu e Itamaracá, movimento intensificado após sua migração para o PSD, partido com maior estrutura nacional. 

João Campos, por sua vez, mantém influência em redutos controlados pelo PSB, como Recife, Cabo de Santo Agostinho e São Lourenço da Mata. Contudo, enfrenta o desafio de ultrapassar os limites da capital e se firmar como liderança metropolitana — papel que inicialmente rejeitou ao afirmar, durante a eleição de 2024, que era “prefeito do Recife, não da região metropolitana”.

Raquel x João: obras, redes sociais e visibilidade

Segundo Priscila, os próximos meses serão marcados por “intensidade”: mais comunicação, mais entrega de obras e mais presença em agendas públicas.

A governadora busca concretizar promessas de campanha e mostrar capacidade de articulação com a Assembleia Legislativa, onde enfrenta dificuldades desde o início do mandato. João Campos aposta na visibilidade digital, na imagem de gestor realizador e em agendas fora do Recife para ampliar sua projeção estadual.

Senado: duas vagas e disputa estratégica

Com duas vagas em disputa, a eleição para o Senado promete ser uma das mais concorridas de Pernambuco em 2026, com nomes como Humberto Costa (PT), Fernando Dueire (MDB), Marília Arraes (Solidariedade), Silvio Costa Filho (Republicanos) e Miguel Coelho (União Brasil) se colocando para a disputa. No entanto, apesar da pressão por representantes do Sertão ou Agreste, Priscila pondera: “Pode ter voto no interior, mas, se não tiver voto da região metropolitana, não ganha.”

Priscila destaca que o Senado ganhou protagonismo ao barrar pautas da Câmara, o que elevou o interesse de lideranças pelo cargo, que também oferece mandato de oito anos.

"O Senado virou a menina dos olhos da política", disse Priscila, ao lembrar que a Casa ganhou protagonismo ao barrar a “PEC da blindagem”, aprovada pela Câmara.

Famílias tradicionais e renovação limitada

Questionada sobre a permanência de famílias tradicionais no poder, Priscila afirma que a mudança é difícil no curto prazo. 

Priscila destaca que os partidos preservam estruturas familiares porque concentram recursos, redes e capital eleitoral. No entanto, ela ressalta que o eleitor também contribui para esse ciclo.

"As pessoas reclamam das mesmas famílias, mas na hora do voto escolhem quem tem chance. É o voto útil", afirmou.

Renovação na Câmara e Alepe deve ser menor

Pernambuco manterá 25 cadeiras na Câmara dos Deputados. Para Priscila, a eleição de 2026 deve ser disputada, mas sem ruptura.

A expectativa é de renovação de 30% a 40% nas bancadas federal e estadual, abaixo do registrado em 2018, já que o cenário atual é de manutenção e não de ruptura.

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