noticias | Notícia

A Crimeia no conflito entre Ucrânia x Rússia: entenda a importância geopolítica da península

Um território de disputas centenárias que molda as negociações de paz na Ucrânia permaneceu como parte da Rússia dentro da União Soviética até 1954

Por Kevin Paes Publicado em 18/08/2025 às 17:56

O destino da Crimeia e de outras quatro províncias onde a Rússia conquistou territórios desde a invasão da Ucrânia em 2022 é um ponto central nas negociações sobre a guerra, envolvendo líderes como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky. Recentemente, Trump sugeriu que o presidente Zelensky deveria ceder a Crimeia, anexada ilegalmente pela Rússia em 2014, como condição para o fim do conflito. Mas qual é a importância geopolítica deste território que se estende pelo Mar Negro, ao sul da Ucrânia?

Ouça a matéria em áudio:

 

Um passado de mudanças e conflitos


A história da Crimeia é marcada por constantes mudanças de controle e conflitos. A península foi absorvida pelo Império Russo, juntamente com a maior parte do território étnico ucraniano, pela imperatriz Catarina, a Grande, no século XVI. Logo após, foi fundada a base naval russa de Sebastopol no Mar Negro, um ponto estratégico desde então.


Um dos episódios mais sangrentos foi a Guerra da Crimeia, entre 1853 e 1856, que resultou na morte de mais de meio milhão de pessoas. Este conflito envolveu potências geopolíticas rivais, como a Rússia e o Império Otomano, este último apoiado pelo Reino Unido e pela França. A guerra remodelou a Europa e abriu caminho para a Primeira Guerra Mundial, que começou em 1914.


Já no século XX, em 1921, a península, então habitada principalmente por muçulmanos, tornou-se parte da União Soviética. A Crimeia permaneceu como parte da Rússia dentro da União Soviética até 1954, quando foi entregue à Ucrânia – também uma república soviética na época – pelo sucessor de Joseph Stalin, Nikita Khrushchev, que era ucraniano.


A anexação de 2014 e suas consequências


Após a crise econômica da União Soviética em 1991, surgiram disputas políticas periódicas sobre o status da Crimeia entre Moscou e Kiev. A situação escalou significativamente em fevereiro de 2014, quando a Rússia enviou tropas para a Crimeia e assumiu o controle da península, após a deposição do presidente pró-Rússia da Ucrânia, Viktor Yanukovych, durante protestos em massa.


A anexação formal ocorreu em 18 de março de 2014, depois que a Crimeia votou em um referendo controverso para se tornar parte da Rússia. O então presidente Vladimir Putin declarou que a península "sempre foi e continua sendo uma parte inseparável" do país dele. A Assembleia Geral das Nações Unidas e diversos outros países condenaram a anexação, resultando na imposição de sanções à Rússia por parte de Washington e da União Europeia.


Por que a Crimeia é tão vital hoje?


A Crimeia, uma península montanhosa, está ligada ao restante da Ucrânia por uma estreita faixa de terra ao norte. Sua importância é multifacetada:


• Acesso Estratégico ao Mar Negro e Mediterrâneo: A base russa em Sebastopol, arrendada da Ucrânia antes de 2014, concede a Moscou acesso crucial ao Mediterrâneo.
• Plataforma Militar: Desde o início da guerra em 24 de fevereiro de 2022, quando a Rússia enviou dezenas de milhares de tropas ao país, a Crimeia tem sido frequentemente utilizada como plataforma de lançamento para ataques com mísseis e drones contra a Ucrânia. Por sua vez, as forças ucranianas também têm disparado mísseis contra a Crimeia desde a invasão russa.
• Importância Econômica: Antes da invasão de 2022, a Crimeia representava 3% do Produto Interno Bruto (PIB) da Ucrânia, com o trigo, o milho e o girassol sendo as principais culturas.


A contínua disputa pela Crimeia sublinha seu papel central não apenas na história, mas também no desdobramento atual do conflito entre Rússia e Ucrânia, sendo um dos pilares de qualquer futura negociação de paz.

*Texto gerado com auxílio de IA a partir de conteúdo autoral da Rádio Jornal com edição de jornalista profissional

Compartilhe

Tags