A Crimeia no conflito entre Ucrânia x Rússia: entenda a importância geopolítica da península
Um território de disputas centenárias que molda as negociações de paz na Ucrânia permaneceu como parte da Rússia dentro da União Soviética até 1954

O destino da Crimeia e de outras quatro províncias onde a Rússia conquistou territórios desde a invasão da Ucrânia em 2022 é um ponto central nas negociações sobre a guerra, envolvendo líderes como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky. Recentemente, Trump sugeriu que o presidente Zelensky deveria ceder a Crimeia, anexada ilegalmente pela Rússia em 2014, como condição para o fim do conflito. Mas qual é a importância geopolítica deste território que se estende pelo Mar Negro, ao sul da Ucrânia?
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Um passado de mudanças e conflitos
A história da Crimeia é marcada por constantes mudanças de controle e conflitos. A península foi absorvida pelo Império Russo, juntamente com a maior parte do território étnico ucraniano, pela imperatriz Catarina, a Grande, no século XVI. Logo após, foi fundada a base naval russa de Sebastopol no Mar Negro, um ponto estratégico desde então.
Um dos episódios mais sangrentos foi a Guerra da Crimeia, entre 1853 e 1856, que resultou na morte de mais de meio milhão de pessoas. Este conflito envolveu potências geopolíticas rivais, como a Rússia e o Império Otomano, este último apoiado pelo Reino Unido e pela França. A guerra remodelou a Europa e abriu caminho para a Primeira Guerra Mundial, que começou em 1914.
Já no século XX, em 1921, a península, então habitada principalmente por muçulmanos, tornou-se parte da União Soviética. A Crimeia permaneceu como parte da Rússia dentro da União Soviética até 1954, quando foi entregue à Ucrânia – também uma república soviética na época – pelo sucessor de Joseph Stalin, Nikita Khrushchev, que era ucraniano.
A anexação de 2014 e suas consequências
Após a crise econômica da União Soviética em 1991, surgiram disputas políticas periódicas sobre o status da Crimeia entre Moscou e Kiev. A situação escalou significativamente em fevereiro de 2014, quando a Rússia enviou tropas para a Crimeia e assumiu o controle da península, após a deposição do presidente pró-Rússia da Ucrânia, Viktor Yanukovych, durante protestos em massa.
A anexação formal ocorreu em 18 de março de 2014, depois que a Crimeia votou em um referendo controverso para se tornar parte da Rússia. O então presidente Vladimir Putin declarou que a península "sempre foi e continua sendo uma parte inseparável" do país dele. A Assembleia Geral das Nações Unidas e diversos outros países condenaram a anexação, resultando na imposição de sanções à Rússia por parte de Washington e da União Europeia.
Por que a Crimeia é tão vital hoje?
A Crimeia, uma península montanhosa, está ligada ao restante da Ucrânia por uma estreita faixa de terra ao norte. Sua importância é multifacetada:
• Acesso Estratégico ao Mar Negro e Mediterrâneo: A base russa em Sebastopol, arrendada da Ucrânia antes de 2014, concede a Moscou acesso crucial ao Mediterrâneo.
• Plataforma Militar: Desde o início da guerra em 24 de fevereiro de 2022, quando a Rússia enviou dezenas de milhares de tropas ao país, a Crimeia tem sido frequentemente utilizada como plataforma de lançamento para ataques com mísseis e drones contra a Ucrânia. Por sua vez, as forças ucranianas também têm disparado mísseis contra a Crimeia desde a invasão russa.
• Importância Econômica: Antes da invasão de 2022, a Crimeia representava 3% do Produto Interno Bruto (PIB) da Ucrânia, com o trigo, o milho e o girassol sendo as principais culturas.
A contínua disputa pela Crimeia sublinha seu papel central não apenas na história, mas também no desdobramento atual do conflito entre Rússia e Ucrânia, sendo um dos pilares de qualquer futura negociação de paz.
*Texto gerado com auxílio de IA a partir de conteúdo autoral da Rádio Jornal com edição de jornalista profissional