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Filhos visitam Bolsonaro na sede da PF e defesa tenta reverter condenação no STF

Acompanhado pelos filhos na PF, Bolsonaro enfrenta impasse jurídico enquanto defesa prepara novo recurso ao STF para tentar reverter condenação

Por Estadão Conteúdo, Pedro Beija Publicado em 25/11/2025 às 12:18

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*Com informações de Estadão Conteúdo

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu, na manhã desta terça-feira (25), a visita dos filhos Flávio Bolsonaro, senador (PL-RJ), e Carlos Bolsonaro, vereador (PL-RJ), na Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal. Bolsonaro cumpre o terceiro dia de prisão preventiva após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), por violação de medidas cautelares.

A prisão preventiva foi decretada no sábado (22), depois que Bolsonaro danificou a tornozeleira eletrônica instalada no cumprimento da prisão domiciliar. Segundo a decisão de Moraes, o uso de um ferro de solda para abrir o dispositivo, somado à convocação de uma vigília em frente ao condomínio do ex-presidente feita por Flávio Bolsonaro, caracterizaram tentativa de fuga.

No domingo (23), Moraes autorizou visitas de familiares e médicos. Michelle Bolsonaro foi a primeira a ir à PF, permanecendo por cerca de duas horas. Bolsonaro também recebeu seus advogados e o médico Cláudio Birolini, responsável por acompanhar seu quadro clínico. Por ordem do ministro, a PF mantém plantão médico à disposição do ex-presidente.

A situação processual de Bolsonaro pode se agravar nos próximos dias. A defesa não apresentou os embargos de declaração dentro do prazo, encerrado na segunda-feira (24), e a conversão da prisão preventiva em definitiva passou a ser considerada provável.

A alternativa disponível agora é o ingresso com embargos infringentes — recurso que permitiria levar o caso da Primeira Turma ao plenário do STF. A jurisprudência da Corte, porém, exige ao menos dois votos pela absolvição para que o procedimento seja admitido, critério que não foi cumprido. Bolsonaro contou apenas com o voto favorável do ministro Luiz Fux.

Defesa de Bolsonaro prepara novo recurso ao STF para tentar reverter condenação

A defesa do ex-presidente prepara, ainda nesta semana, um novo recurso ao STF para tentar reverter a condenação de 27 anos e 3 meses no processo da trama golpista. O prazo de 15 dias para protocolar o pedido termina no dia 3 de dezembro, mas os advogados não devem usar todo o período e pretendem apresentar o requerimento até sexta-feira (28), segundo apuração do Estadão.

O primeiro recurso apresentado foi um embargo de declaração, rejeitado por unanimidade pela Primeira Turma. A equipe jurídica poderia ter apresentado um segundo embargo de declaração, mas optou por não utilizar essa possibilidade. Agora, os advogados Paulo Amador e Celso Vilardi trabalham no recurso conhecido como embargos infringentes, destinado a contestar decisões não unânimes.

O voto do ministro Luiz Fux, único integrante da Turma que se manifestou pela absolvição de Bolsonaro, será a base do novo recurso. O objetivo é submeter o processo a um novo julgamento, desta vez no plenário do STF. A defesa do ex-ministro Anderson Torres segue a mesma estratégia.

A tendência, porém, é que o recurso seja rejeitado por questões processuais. Pela jurisprudência do STF, os embargos infringentes só podem ser apresentados quando há divergência de ao menos dois votos — requisito que não foi atendido no caso de Bolsonaro. Moraes, relator da ação, pode rejeitar o pedido monocraticamente e determinar a execução imediata da pena, como já ocorreu com o ex-presidente Fernando Collor.

Em abril, após rejeitar embargos de declaração e infringentes apresentados pela defesa de Collor, Moraes determinou sua prisão antes mesmo da publicação da decisão final, ao considerar que a estratégia jurídica tinha o objetivo de retardar o fim do processo.

Bolsonaro está detido em uma sala especial na sede da PF em Brasília. Com a rejeição dos embargos de declaração e a apresentação do novo recurso, a expectativa no Supremo é que a prisão preventiva seja substituída pelo início da execução da pena em regime fechado.

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