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Eleições 2026: João Campos pode não enfrentar Raquel Lyra no próximo ano, diz cientista político

Pesquisas mostram prefeito à frente, mas especialista aponta tendência de crescimento da governadora com entregas e alto orçamento previsto

Por Ryann Albuquerque Publicado em 17/10/2025 às 12:50 | Atualizado em 17/10/2025 às 12:51

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Apesar de as pesquisas atuais apontarem João Campos (PSB) à frente de Raquel Lyra (PSD) na corrida pelo Governo de Pernambuco, o cientista político Adriano Oliveira avalia que o cenário pode mudar até 2026.

Em entrevista ao Videocast Cena Política nesta sexta-feira (17), ele afirmou que o prefeito do Recife pode optar por não disputar o cargo agora, deixando o embate para 2030, quando, sem a presença da atual governadora, teria um caminho mais livre.

“Se ele não disputar a eleição em 2026, em 2030 ele é franco favorito a vencer”, disse Adriano.

A análise tem como base pesquisas qualitativas realizadas em municípios do estado, nas quais o cientista identifica uma percepção positiva crescente sobre a gestão de Raquel Lyra.

Segundo ele, a governadora é vista como alguém que “vem trabalhando”, o que deve se refletir em aumento da sua intenção de voto.

“O eleitorado tem visto Raquel como uma governadora que trabalha, e esse sentimento tende a se refletir nas intenções de voto. Ela deve crescer e, consequentemente, a disputa ficará mais acirrada. Não há favoritos neste momento”, avaliou.

Artur Borba / JC Imagem
Cientista político, Adriano Oliveira, em entrevista ao Videocast do JC - Artur Borba / JC Imagem

Orçamento robusto

Raquel deve contar ainda com um orçamento robusto em 2026, o que tende a fortalecer sua capacidade de entrega e de visibilidade administrativa.

O governo encaminhou à Assembleia Legislativa a proposta de Lei Orçamentária Anual (LOA) do próximo ano, que prevê R$ 62,3 bilhões — alta de quase 10% em relação a 2025.

Confira a entrevista completa:

Alianças estratégicas

Adriano ressalta que a disputa estadual deve ser marcada por equilíbrio e por alianças estratégicas na formação das chapas majoritárias.

Tanto João Campos quanto Raquel Lyra terão o desafio de articular apoios que garantam a eleição de um senador aliado.

No caso da governadora, ele recomenda uma relação institucional com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), evitando associação direta ao bolsonarismo.

“Raquel precisa estar atenta para não ser jogada nesse campo. O ideal seria ter um senador do PT ao seu lado, como Humberto Costa, fortalecendo sua presença no Agreste e no Sertão”, sugeriu.

Já sobre o PSB, Adriano alerta para o risco de subestimar o potencial de crescimento da governadora.

“Há um equívoco em tratar a eleição como definida. Raquel chega em condições de vitória, e João também. Esse acirramento vai existir”, pontuou.

Para ele, o papel de Lula será decisivo na configuração do pleito. O petista pode optar por apoiar João Campos, manter neutralidade, como fez em 2006, ao não se posicionar entre Humberto Costa e Eduardo Campos, ou priorizar a candidatura de Humberto ao Senado.

“Essa escolha pode definir o rumo da disputa estadual”, concluiu.

Lula mantém vantagem, mas enfrenta rejeição consolidada

Mesmo com oscilações nas pesquisas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue em posição confortável para 2026, segundo Adriano Oliveira.

Para ele, o petista tende a chegar competitivo, mas com limites claros de crescimento.

“Mesmo quando está em baixa, Lula sempre tem capacidade de recuperação. Ele deve chegar em condições de vencer, mas não como franco favorito. A diferença não deve ultrapassar cinco pontos”, avaliou.

O cientista explica que o presidente carrega uma rejeição histórica, reforçada por fatores como a Operação Lava Jato, o fortalecimento do bolsonarismo e o aumento da presença de evangélicos e microempreendedores no eleitorado — grupos em que enfrenta maior resistência.

“O teto eleitoral de Lula é de cerca de 48% a 49%, mesmo quando teve alta aprovação, como em 2006 e 2010. Ele sempre precisou do segundo turno”, observou.

Adriano também apontou que uma eventual candidatura de Michelle Bolsonaro (PL) pode manter vivo o bolsonarismo em 2026, favorecendo a formação de bancadas conservadoras e preparando terreno para 2030.

Para ele, o nome da ex-primeira-dama tende a atrair o eleitorado fiel ao ex-presidente Jair Bolsonaro, ainda que com discurso mais emocional e menos técnico, o que pode reforçar a polarização nacional.

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