Lula diz que anistia pelo 8/1 corre o risco de ser aprovada se for pautada no Congresso
Lula reforçou o discurso a favor da soberania nacional. Também seguiu o discurso de defesa da democracia, que foi central nas eleições de 2022

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (4) que, se pautada no Congresso, a anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro "corre o risco de ser aprovada". A declaração foi a comunicadores e ativistas do Aglomerado da Serra, maior favela de Belo Horizonte (MG).
A conversa foi transmitida ao vivo na página do presidente no Instagram, e a manifestação ocorreu logo após um dos presentes no local gritar "sem anistia". Lula estava criticando o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e a atuação dele nos Estados Unidos por sanções ao Brasil quando uma pessoa fez o grito contra a anistia.
O presidente, então, afirmou: "Se for votar no Congresso, corremos o risco de (ter aprovada a) anistia. O Congresso não é eleito pela periferia. O Congresso tem ajudado o governo, mas a extrema-direita tem muita força ainda. É uma batalha que tem que ser feita pelo povo".
Lula reforçou o discurso a favor da soberania nacional. Também seguiu o discurso de defesa da democracia, que foi central na disputa das eleições de 2022. "Penso que temos oportunidade histórica de consolidar o País como democrático, soberano, que tem como único mandante o seu povo. Ninguém pode meter o bedelho no nosso País, e a democracia é extremamente importante, embora muitas vezes a gente não veja o efeito", disse.
Lula disse aos presentes que "estamos vivendo momento delicado, precisamos politizar nossas comunidades". Também afirmou que eles não precisam "ter medo de fazer crítica ao governo". "Se estiver errado, tem que meter o cacete mesmo", afirmou.
O presidente também disse que os comunicadores da periferia precisam "aprender a cobrar os prefeitos" também, assim como o governo federal.
A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, fez uma breve intervenção. Janja citou que dados de aplicação de recursos estão disponibilizados na plataforma ComunicaBR e disse que as pessoas "têm de ser atuantes nisso".
"A comunicação não é só a que a Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência) faz, é o que cada um faz, temos de ser os comunicadores do governo. Se dependermos só da Secom ficar fazendo vídeo no Instagram, não vai funcionar, precisamos voltar a fazer o boca a boca que nem 20 anos atrás", afirmou.
GLEISI HOFFMANN
A ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann, por sua vez, afirmou que a aprovação da anistia aos condenados por tentativa de golpe de Estado seria um "vexame internacional". Segundo ela, o perdão aos envolvidos na trama golpista é um "presente" que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), quer dar ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
"Isso vai ser um vexame internacional se acontecer, porque nós estamos dando uma demonstração de defesa da democracia no mundo com esse processo, mas também com a postura que nós estamos tendo em relação às pressões externas. O Congresso não pode compactuar com isso e ser um agente do desrespeito ao Supremo Tribunal Federal", afirmou Gleisi em entrevista à TV Ponta Negra, afiliada do SBT no Rio Grande do Norte.
Em entrevista ao veículo potiguar, Gleisi comentou ainda sobre o desembarque do União Brasil e do PP do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo ela, não haverá problemas com integrantes dos partidos que permanecerem no Executivo desde que eles expressem apoio à gestão petista.
"Quem quer sair saia, ninguém é obrigado a ficar. Mas quem ficar tem que apoiar o presidente Lula, tem que apoiar os programas do governo, tem que fazer articulação no Congresso Nacional para as nossas propostas. Isso ficou bem claro, tendo mandato ou não tendo mandato, inclusive aqueles que indicam cargos no governo federal. Isso estando claro e tendo esse apoio que é importante para o governo, não há problema nenhum nosso em relação a esses ministros", disse a chefe da SRI.