ATOS GOLPISTAS | Notícia

Braga Netto, Mauro Cid, além de Freire Gomes e Torres farão acareações

O tenente-coronel Mauro Cid e o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, vão ficar frente a frente na ação penal do golpe

Por Estadão Conteúdo Publicado em 17/06/2025 às 22:16

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta terça-feira (17) duas acareações na ação penal do golpe. O tenente-coronel Mauro Cid, delator, e o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, vão ficar frente a frente.

Em seu interrogatório, o general negou ter financiado ações do plano de golpe e afirmou que Mauro Cid mentiu nos depoimentos. O ex-ajudante de ordens alega ter recebido uma caixa de vinho com dinheiro das mãos do general, que foi candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro à reeleição.

O general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres também vão confrontar suas versões. Freire Gomes afirmou que Torres participou de reuniões com teor golpista, o que o ex-ministro nega.

Na acareação, os réus e testemunhas são ouvidos simultaneamente e confrontados, frente a frente, sobre pontos divergentes em seus depoimentos.

DELAÇÃO DE CID

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou nesta terça-feira, 17, um pedido da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para anular o acordo de colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid. Moraes afirmou que o pedido é "impertinente". Segundo ele, cabe ao relator da ação penal "indeferir os pedidos e as diligências consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias".

Com base em reportagens da revista Veja, que divulgou diálogos atribuídos a Cid por meio de um perfil no Instagram em nome de "Gabriela" (@gabrielar702), defensores do ex-presidente alegaram que seu ex-ajudante de ordens quebrou o sigilo da própria delação.

O advogado Celso Vilardi chegou a questionar Cid sobre as conversas durante o interrogatório na ação do plano de golpe, no último dia 9, antes da divulgação dos diálogos. O tenente-coronel negou ter usado perfis nas redes sociais para se comunicar com aliados. Ao pedir a rescisão da delação, a defesa de Bolsonaro alegou que o ex-ajudante de ordens mentiu no depoimento.

A decisão de Moraes não fecha as portas para o STF analisar a validade da delação de Mauro Cid. O ministro considerou que esse não é o momento adequado do processo para isso. A tendência é que a Primeira Turma da Corte se debruce sobre a colaboração ao final do processo, após a etapa de produção de provas.

Moraes já havia determinado que a Meta compartilhasse informações sobre a conta supostamente usada por Cid no Instagram.

A situação do ex-ajudante de ordens se complicou com a divulgação completa das conversas pelo advogado Eduardo Kuntz, que alega ser o interlocutor do delator nos diálogos revelados pela Veja. O criminalista enviou anteontem ao Supremo a íntegra das conversas e áudios.

Procurada, a defesa de Mauro Cid afirmou que não analisou os diálogos e não confirmou a autenticidade das mensagens.

'Estratégia'

Em entrevista ao Estadão, Kuntz disse que decidiu tornar as mensagens públicas por "estratégia". O material foi encartado na ação penal contra o núcleo três - ou "núcleo de ações coercitivas" - do plano de golpe. Um dos réus no processo é o coronel Marcelo Câmara, cliente do advogado. "Os diálogos deixam claro que não houve voluntariedade e espontaneidade, requisitos essenciais para a licitude da colaboração", afirmou o criminalista.

 

 

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