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Gilson Machado tem prisão preventiva revogada por Alexandre de Moraes, do STF, no inquérito do golpe

Gilson Machado foi preso nesta sexta-feira (13), no Recife, e encaminhado para o Centro de Observação e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, na RMR

Por JC Publicado em 13/06/2025 às 22:06 | Atualizado em 13/06/2025 às 22:27

Na noite desta sexta-feira (13), a prisão preventiva do ex-ministro do Turismo do governo Bolsonaro, Gilson Machado, foi revogada. Na decisão, o ministro Alexandre de Moraes diz que a prisão não se faz mais necessária, "uma vez que a medida já produziu os efeitos esperados e pode ser substituída por medidas cautelares". Gilson havia sido encaminhado para o Centro de Observação e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, na Região Metropolitana, uma das unidades mais superlotados e precárias do sistema prisional de Pernambuco.

Segundo Moraes, para decretar a prisão, havia indícios suficientes de que Gilson Machado buscou ajudar Cid a fugir da aplicação da lei penal, o que poderia configurar o crime de obstrução de investigação envolvendo organização criminosa. 

Ainda assim, a Procuradoria-Geral da República, na audiência de custódia realizada nesta sexta, se manifestou "pela substituição da prisão preventiva por medidas cautelares menos gravosas”.

"As diligências realizadas pela Polícia Federal tornam a prisão preventiva desnecessária, podendo ser substituída por medidas cautelares alternativas", afirmou o ministro. Dois celulares foram apreendidos e encaminhados para perícia, e Gilson Machado negou os fatos em depoimento.

A liberdade provisória foi concedida mediante o cumprimento de:

Comparecimento quinzenal à Justiça na comarca de origem, às segundas-feiras
Proibição de sair da comarca
Cancelamento do passaporte e proibição de obter novo documento
Proibição de sair do país
Proibição de contato com demais investigados 

Moraes determinou que o descumprimento de quaisquer das medidas poderá levar à decretação de nova prisão.

 

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A PRISÃO DE GILSON MACHADO

 O ex-ministro do Turismo do governo Bolsonaro, o pernambucano Gilson Machado, foi preso na manhã desta sexta-feira (13) pela Polícia Federal, no Recife. Na última terça-feira (10), a PF e a Procuradoria-Geral da República pediram ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de investigação contra Gilson por tentar expedir um passaporte português em nome do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, para viabilizar a saída dele do país.

Gilson Machado teria tentado expedir o documento no dia 12 de maio, no consulado de Portugal do Recife, onde ele mora.

A Polícia Federal disse ao PGR Paulo Gonet que o pernambucano não conseguiu a emissão do documento, e alertou que Gilson poderia buscar alternativas junto a outros consulados para expedir o passaporte.

Paulo Gonet informou ao ministro Alexandre de Moraes, relator do processo da trama golpista no Supremo Tribunal Federal, que concordou com a PF sobre a abertura de uma investigação contra o ministro por possíveis crimes de obstrução de investigação envolvendo supostos delitos de organização criminosa e favorecimento pessoal.

A PGR solicitou a Moraes busca e apreensão pessoal e domiciliar contra o ex-ministro e quebras de sigilo telefônico e telemático do bolsonarista no período entre 1º de janeiro de 2025 e 5 de junho de 2025.

Gonet apontou que é possível que Gilson "esteja atuando para obstruir a instrução da Ação Penal n. 2.688/DF [processo do STF que apura tentativa de golpe] e das demais investigações que seguem em curso, possivelmente para viabilizar a evasão do país do réu MAURO CESAR BARBOSA CID, com o objetivo de se furtar à aplicação da lei penal, tendo em vista a proximidade do encerramento da instrução processual".

"A análise das informações reunidas pela Polícia Federal indica a necessidade de complementação das diligências investigavas, a fim de possibilitar um juízo adicional e mais abrangente sobre a autoria das condutas apuradas, especialmente em razão da provável possibilidade de que o requerido esteja empregando esforços junto a outras embaixadas e consulados com o mesmo propósito ilícito", escreveu Gonet.

O QUE DISSE GILSON

O ex-ministro Gilson Machado (PL) se manifestou, na tarde desta sexta-feira (13), após ser preso pela Polícia Federal (PF), no Recife, pela suspeita de tentar conseguir um passaporte português para Mauro Cid.

Ao chegar no Instituto de Medicina Legal (IML), no bairro de Santo Amaro, onde realizou exame de corpo de delito, Gilson deu declarações à imprensa, onde afirmou que nunca esteve em nenhum consulado ou embaixada, e que havia feito um contato por telefone com o consulado português no Recife para pedir um passaporte para seu pai.

"Não matei, não trafiquei droga, não tive contrato com traficante. Apenas pedi o passaporte para meu pai, por telefone, aqui no consulado português do Recife. Ele foi no outro dia, ele tem 85 anos. No outro dia eu entrei em contato, ele foi lá no consulado, juntamente com meu irmão e o passaporte dele, se ele não recebeu está para receber a renovação do passaporte português dele", disse.

Trajetória política de Gilson Machado

Gilson foi ministro do Turismo durante o governo de Jair Bolsonaro e continua próximo do ex-presidente. No ano passado, concorreu à prefeitura de Recife pelo PL, mas ficou em segundo lugar.

Recentemente, o ex-ministro publicou uma campanha de arrecadação de Pix para Bolsonaro, afirmando que o valor seria destinado à manutenção de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos. O filho de Jair rejeitou a ajuda.

Na última quinta-feira (12), Gilson Machado integrou uma comitiva que acompanhou o ex-presidente Jair Bolsonaro na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte. Por lá, Bolsonaro recebeu o título de cidadão potiguar.

Em nota, o Partido Liberal, legenda de Gilson, disse reforçar "seu compromisso com a verdade e com os valores que defende junto à sociedade brasileira" e aguardar os esclarecimentos dos fatos. 

 

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