DEPOIMENTO | Notícia

Defesa de Gilson Machado vai pedir informações a Moraes para recorrer de prisão: ''PF não trouxe provas, apenas o mandado'

Após depoimento, ex-ministro será levado ao Cotel, em Abreu e Lima. Ele é acusado de tentar expedir passaporte para ajudar Mauro Cid a fugir do país.

Por JC Publicado em 13/06/2025 às 13:15

Com informações do repórter Michael Carvalho, da TV Jornal

A defesa de Gilson Machado (PL) informou que o ex-ministro negou mais uma vez, em depoimento à Polícia Federal, que teria tentado expedir um passaporte português em nome do tenente-coronel Mauro Cid para facilitar a fuga dele do Brasil.

O ex-ministro foi preso na manhã desta sexta-feira (13), na casa dele, no bairro de Boa Viagem, no Recife, por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). Também foram apreendidos o celular, o carro e outros objetos de Gilson.

Após a prisão, ele foi levado à Superintendência da Polícia Federal, no bairro do Pina, onde prestou depoimento por cerca de 15 minutos.

De acordo com o advogado Célio Avelino, que representa Gilson, o ex-ministro foi levado ao Instituto de Medicina Legal de Pernambuco (IML) para fazer o exame de corpo de delito. Em seguida, será levado para o Centro de Triagem Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, onde permanecerá preso à disposição da Justiça.

Célio Avelino informou que buscará informações junto ao STF sobre o motivo da prisão. "A PF não trouxe nenhuma prova, apenas o mandado de prisão. E interrogou Gilson apenas e tão somente em relação ao possível pedido de passaporte de Mauro Cid. Não tem mais nada", disse o advogado em entrevista concedida ainda na sede da PF.

O depoimento de Gilson Machado foi conduzido pelo delegado da Polícia Federal. Não houve participação de membros do STF.

Na oitiva, Gilson afirmou que telefonou para o consulado de Portugal no dia 12 de maio para agendar a renovação do passaporte do pai dele, que tem 85 anos. O pai teria comparecido presencialmente ao consulado no dia seguinte, com um irmão de Gilson. Segundo o advogado, o ex-ministro afirmou que não esteve presencialmente no consulado.

"A defesa quer o motivo da prisão. Eu não sei por que ele está sendo preso. Os motivos não estão no mandado. Estamos dando entrada em um pedido ao ministro Alexandre de Moraes para ter acesso ao processo e saber o que levou o ministro a fazer isso. Toda prisão preventiva deve ser fundamentada em fatos concretos, e eu quero saber por que o ministro entendeu que a prisão dele era imprescindível", disse Célio Avelino.

"O tenente Mauro Cid teve a prisão decretada e revogada seis minutos depois. Não sei se vão revogar a prisão dele, independentemente do pedido", acrescentou Célio Avelino.

Segundo o advogado, Gilson Machado não tem relação próxima com Mauro Cid, e que o último contato entre eles haveria ocorrido no final de 2022, após as eleições presidenciais. 

Por que Gilson Machado foi preso

Na última terça-feira (10), a Polícia Federal emitiou um ofício à Procuradoria-Geral da República (PGR) apontando que Gilson teria tentado expedir um passaporte português em nome do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, para viabilizar a saída dele do país.

De acordo com a PF, Gilson Machado teria tentado expedir o documento no dia 12 de maio por meio do consulado de Portugal no Recife, onde mora. A Polícia Federal encaminhou ofício à Procuradoria-Geral da República informando que Gilson não conseguiu emitir o documento, e alertou a PGR que o ex-ministro poderia buscar alternativas junto a outros consulados para expedir o passaporte.

Tanto a PF quanto a PGR pediram ao Supremo Tribunal Federal (STF) que abrisse uma investigação contra o ex-ministro pelos possíveis crimes de obstrução de investigação envolvendo supostos delitos de organização criminosa e favorecimento pessoal.

A PGR solicitou ao ministro Alexandre de Moraes, relator da trama do golpe no STF, busca e apreensão pessoal e domiciliar contra o Gilson Machado, além de quebras de sigilo telefônico e telemático dbolsonarista no período entre 1º de janeiro de 2025 e 5 de junho de 2025.

O PGR Paulo Gonet apontou que Gilson estaria "possivelmente" viabilizando a saída de Mauro Cid do país, "com o objetivo de se furtar à aplicação da lei penal, tendo em vista a proximidade do encerramento da instrução processual".

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