Interrogatório | Notícia

Bolsonaro no STF: interrogatório tem pedido de desculpas, críticas veladas e convite inusitado a Moraes

Em depoimento como réu por tentativa de golpe de Estado, ex-presidente pede desculpas, contesta sistema eleitoral e convida ministro para ser vice

Por Pedro Beija Publicado em 10/06/2025 às 17:54

*Com informações de Estadão Conteúdo

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prestou depoimento nesta terça-feira (10) no Supremo Tribunal Federal (STF), no processo em que é acusado de articular um plano para tentar impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2022. Foi a primeira vez que Bolsonaro e o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, interagiram na condição de réu e juiz.

Durante o interrogatório, Bolsonaro manteve o tom formal, referindo-se a Moraes como "senhor" e "Vossa Excelência". Em alguns momentos, pediu desculpas por declarações que fez quando ainda era presidente, incluindo acusações contra ministros da Corte.

O pedido de desculpas também foi estendido aos ministros Edson Fachin e Luís Roberto Barroso, atual presidente do STF. Bolsonaro havia acusado os magistrados, sem provas, de receberem entre US$ 30 e US$ 50 milhões para fraudar as eleições.

Críticas às urnas eletrônicas

Bolsonaro voltou a criticar o sistema eleitoral, mencionando a confiabilidade das urnas eletrônicas. Segundo ele, "se não houvesse essa dúvida, com certeza não estaríamos aqui hoje".

Em resposta, Moraes afirmou que o interrogatório não estava relacionado ao tema. O ministro declarou que "não existe nenhuma dúvida sobre o sistema eletrônico" e reforçou que o inquérito "não tem absolutamente nada a ver com as urnas eletrônicas".


Questionado pelo ministro Alexandre de Moraes sobre a base de suas alegações de fraudes eleitorais e acusações contra ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro afirmou: "A questão da desconfiança, suspeição ou crítica às urnas não é algo privativo meu. Eu fiquei 2 anos como vereador e 28 como parlamentar. A minha retórica sempre foi parecida com isso."

Em tom mais moderado, o ex-presidente admitiu que pode ter passado do ponto em algumas declarações: "Se eu exagerei na retórica, devo ter exagerado, com certeza. Mas o meu objetivo sempre foi mais uma camada de proteção para as eleições, de modo que evitasse qualquer conflito. Qualquer suspeição."

Bolsonaro foi o sexto réu a ser interrogado pelo STF entre os integrantes do chamado "núcleo crucial" da suposta trama golpista.

(IMAGEM: Reprodução - TV Justiça)
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Clima leve e troca de brincadeiras

Apesar de momentos de tensão, o depoimento também teve interações mais leves. Em tom descontraído, Bolsonaro mencionou que pretende viajar ao Rio Grande do Norte e disse que poderia enviar vídeos de como é recebido pela população. Moraes respondeu: "Eu declino".

O ex-presidente também pediu licença para fazer uma brincadeira, e o ministro afirmou que "perguntaria a seus advogados antes", gerando risos. Em seguida, Bolsonaro brincou dizendo que gostaria de convidar Moraes para ser seu vice em 2026. O ministro repetiu: "Eu declino novamente", provocando nova reação entre os presentes.


Ao mencionar como é tratado nas ruas, Bolsonaro perguntou se Moraes queria ver um vídeo, ao que o ministro respondeu: "Declino".

Em tom descontraído, o ex-presidente perguntou: "Posso fazer uma brincadeira?" e, ao receber a permissão, disse: "Gostaria de convidá-lo para ser vice em 2026". Moraes respondeu novamente: "Eu declino novamente".

O momentos gerou risadas dos presentes no interrogatório.

(IMAGEM: Reprodução - TV Justiça)
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Entenda a situação de Bolsonaro no STF

O ex-presidente é réu por suposta participação em um plano para reverter o resultado das eleições de 2022, que inclui a elaboração de uma minuta de decreto para instaurar estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e prender ministros da Corte.

A delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, é um dos principais elementos do processo. Segundo Cid, Bolsonaro teve contato direto com o conteúdo da minuta e orientou alterações no documento. O ex-presidente nega a acusação.

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