SENADO 2026 | Notícia

Com candidatos a governador muito competitivos, eleição para o Senado pode terminar em vitória de um nome de cada lado

As eleições em Pernambuco têm repetido uma tendência de que um governador bem avaliado não só vence a eleição como carrega seus candidatos ao Senado

Por TEREZINHA NUNES Publicado em 01/06/2025 às 11:46

Com as esperadas exceções, como foi o caso da vitória de Carlos Wilson Campos para o senado em 1994, quando o governador eleito Miguel Arraes teve 54,12% dos votos contra 32,57% de Gustavo Krause, mas só conseguiu eleger um senador, que foi Roberto Freire (o outro candidato de Arraes, Armando Monteiro Filho, ficou em terceiro lugar), as eleições em Pernambuco têm repetido, nos últimos tempos, um caminho singular: o de que um governador bem avaliado não só vence a eleição como carrega com ele seus candidatos ao Senado.

A história começou em 1986 com o próprio Arraes que teve 60% dos votos e elegeu Antonio Farias e Mansueto de Lavor senadores. Virou lenda naquele ano a derrota para o Senado de Roberto Magalhães que todos davam como favas contadas mas no dia da eleição, sem que ninguém esperasse, Arraes saiu das urnas junto com os seus preferidos.

Em 2002 Jarbas teve 60,41% votos contra 34,11% de Humberto Costa e elegeu senadores Marco Maciel e Sérgio Guerra. Já em 2010 foi a vez de Eduardo Campos eleger senadores Armando Monteiro Neto e Humberto Costa. Até o governador Paulo Câmara conseguiu em 2014 – após a morte de Eduardo que causou um verdadeiro clamor no estado – eleger os senadores Jarbas Vasconcelos e Humberto Costa.

Eleição disputada para governador

Diante desse quadro muitas discussões têm sido feitas nos últimos dias e até pesquisas estão sendo encaminhadas sobre a tendência da eleição para o Senado no próximo ano. A explicação é clara: dá-se como certo que a disputa para o Governo do Estado entre a governadora Raquel Lyra, que buscará a reeleição, e o prefeito João Campos vai ser muito competitiva, podendo terminar com uma diferença pequena de votos entre os dois e daí, pré-candidatos ao Senado, avaliam que, diferente da tendência comum, o pleito pode terminar com a vitória para senador de um nome de cada lado.

Neste caso, além da disputa entre partidos, os nomes para o Senado podem experimentar uma guerra interna nos palanques para ver quem vai chegar em primeiro lugar, garantindo, com mais tranquilidade, um mandato de oito anos. Como são duas vagas, se presume que Raquel eleja um senador e João o outro.

Eleição pode romper a lógica histórica

- “A polarização estadual do ano que vem certamente poderá acarretar nessa distribuição de votos entre os dois lados, por isso, teremos um pleito para o Senado que pode, sim, romper a lógica histórica”- diz a cientista política Priscila Lapa. Ela entende que até mesmo independente da competividade entre Raquel Lyra e João Campos, “de 2018 para cá as mudanças que as redes sociais trouxeram para o consumo de informação, atingiram de forma profunda a relação entre o cidadão e seus representantes. As variáveis clássicas do voto foram transformadas.O personalismo nunca foi tão evidente. A relação eleitor-representante é muito direta, sem necessidade de intermediários”.

Priscila acha que desta vez, o que não correu em pleitos anteriores, o eleitor vai querer conhecer mais os candidatos ao Senado. Ela diz que os pré-candidatos atuais são “em média mais atuantes na política estadual, com maior recall junto aos eleitores, sem contar que têm passado isso através dos seus perfis nas redes sociais”.

Da Fonte: força dos candidatos ao Senado

Pensamento parecido tem um dos oito pré-candidatos ao Senado, o deputado federal Eduardo da Fonte, que preside uma Federação entre seu partido, o PP, e o União Brasil, apontada como a terceira força politica do estado atualmente. Apesar de achar que ainda é cedo para tirar conclusões – “a governadora está fazendo suas entregas e pode crescer muito ainda vencendo bem a eleição” - ele entende que pode haver sim um senador de um lado e outro do lado adversário mas explica que não está descartada a possibilidade de eleição de dois nomes de um lado só.

“Vai depender de como vão ser formadas as chapas e da força política não só do candidato a governador, incluindo os prefeitos que tem e os deputados que o apoiam, como dos candidatos ao Senado em si. Só quero adiantar que um dos eleitos, pelas razões aqui expostas, é Eduardo da Fonte” concluiu, sem conter uma gargalhada.

O senador Humberto Costa tem pensamento parecido “isso pode se dar não só em função da eleição estadual, que vai ser sim muito disputada, como da eleição para presidente que também vai ser polarizada”. Ele acredita que o presidente Lula deve ajudar a eleger um dos dois senadores pernambucanos e o outro pode vir da banda adversária, com alguém de centro ou mesmo de direita.

Humberto e a polarização nacional

Para ele,”diante de um cenário tão confuso como o atual, o presidente terá peso na escolha do senador – lembra o caso de Teresa Leitão que se elegeu em 2022 na chapa do PSB quando o candidato a governador Danilo Cabral ficou em quarto lugar – assim como pode acontecer de um candidato a governador se distanciar do outro ao ponto de ajudar os nomes para o Senado. Hoje certamente a perspectiva em relação aos candidatos a governador é mais de equilíbrio”- afirma.

Segundo Humberto, também é preciso levar em consideração “que por muito tempo as pessoas viam os senadores como auxiliares dos governadores. Hoje não é mais assim, a pandemia ajudou a população a perceber que é importante considerar a figura do senador, que ele tem opiniões próprias e que pode ajudar o estado e o país, independente de ter ou não ter sido eleito ao lado do governador que venceu a eleição.”

Marília e Dueire

A ex-deputada federal Marília Arraes acha que é possível eleger em 2026 um senador mais à esquerda e outro mais à direita : “além dos dois lados estarem dispostos a aumentar suas bancadas no Senado, o que pode levar a disputa para senador a ser vinculada a uma campanha nacional, a questão estadual também pode interferir nisso”.

O senador Fernando Dueire acredita que “como a campanha para governador vai ser muito disputada e competitiva, há reais chances dos senadores serem de lados distintos”.
“ A gente pode observar – diz - que os governadores que elegeram dois senadores venceram as eleições com muita folga. Agora, há que se considerar que eleição é um processo vivo, o que se vê hoje pode se apresentar de modo diferente amanhã, de forma que é cedo para se pensar em um quadro definitivo “.

De qualquer forma, observa-se entre os candidatos ao Senado uma incerteza tal que eles estão se falando, independente dos palanques onde pretendem ou desejam subir. Acompanham com a mesma desenvoltura os passos de Raquel e João Campos. Esta semana o que mais comentaram foi o resultado da eleição no MDB e o que pode se ter a partir dela. A conclusão principal é de que João Campos ganhou o primeiro round, cabendo a Raquel mostrar força no segundo que ninguém sabe qual vai ser.

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