DISCURSO | Notícia

Aliança com Lula, memória de Eduardo e eleições de 2026; confira discurso de João Campos em posse como presidente nacional do PSB

Prefeito João Campos tomou posse oficialmente como o novo presidente nacional do PSB, durante o XVI Congresso Nacional do Partido, em Brasília

Por JC Publicado em 01/06/2025 às 20:22

Neste domingo (1º), o prefeito do Recife João Campos (PSB) tomou posse oficialmente como o novo presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB).

A cerimônia aconteceu durante o XVI Congresso Nacional do Partido, em Brasília, e reuniu ministros, senadores, deputados federais, presidentes de partidos e outras lideranças nacionais, além de delegados eleitos pela militância da legenda em todos os estados brasileiros.

Em seu discurso, João Campos mencionou a parceria com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente Geraldo Alckmin, que se tornou também vice-presidente do PSB.

“Não existe no nosso mundo democrático nenhuma liderança viva, autêntica, exercendo um mandato, unindo uma nação e fazendo pelo seu povo, do tamanho do presidente Lula”, declarou o prefeito do Recife.

Campos destacou, ainda, o pleito de 2026 como uma eleição “importante, estratégica”, ao lado de Lula, e assinalando: “Vamos mostrar que o nosso partido está pronto para acolher uma grande frente política e vamos consolidar uma vitória democrática nos estados brasileiros e nosso país em 2026, ao lado do presidente Lula”.

O novo dirigente também falou sobre a memória do pai, Eduardo Campos, e do avô, Miguel Arraes, que já foram presidentes nacionais do PSB.

Veja o discurso de João Campos na íntegra:

“Bom dia, meu povo! Bom dia, PSB! Bom dia a todos e a todas aqui presentes.

Saudar o presidente da República, nosso companheiro Luiz Inácio Lula da Silva.

Saudar nosso sempre presidente, Carlos Siqueira.

Saudar aqui todos os companheiros aqui presentes, nosso vice-presidente Geraldo Alckmin.

Já adianto, nosso querido Alckmin, que, assim como é vice-presidente da República, há uma unanimidade no nosso partido para fazer Geraldo Alckmin vice-presidente nacional do PSB.

Agradecer a Tabata, minha companheira, por tudo. Obrigado pela força.

Minha família aqui presente, Duda, Thomaz, Pedro, Zé. Miguel e minha mãe estão acompanhando a distância.

Agradecer aqui a todos os deputados, aos governadores, prefeitos, vereadores, todos os delegados, segmentos. Agradecer a todo mundo que está aqui no dia de hoje.

Agradecer também, de forma especial, a presença do meu querido amigo Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados. Eu tenho certeza, Hugo: a nossa geração vai ter muito trabalho pela frente nessa estrada. As gerações que nos trouxeram até aqui fizeram muito pelo Brasil, e a maior de todas as lutas foi a luta para construir uma democracia, uma democracia que é jovem, que precisa de todos nós com muito empenho. A inclusão social, a justiça, a capacidade de acolher quem mais precisa. O Estado brasileiro avançou muito, e a gente deve isso às gerações que nos trouxeram até aqui. E a gente tem que ter muito compromisso para frente.

Dizer a vocês que hoje é um dia de muita alegria. Um dia em que é difícil falar com a razão, mas o que nós vamos fazer é falar com o coração, com emoção, com a verdade.

Saudar aqui também todas as mulheres em nome de Janja. Agradecer sua presença. Agradecer a dona Lu. Agradecer a todo o nosso time que está aqui.

A gente sabe que essa tarefa vem carregada de emoção. É impossível estar aqui no dia de hoje e não lembrar que, há exatos 20 anos – eu tinha de 11 para 12 anos de idade –, quando perdi meu bisavô, Miguel Arraes, e vi meu pai – ainda não compreendia com clareza o que eram aqueles movimentos –, mas vi meu pai cuidando de construir um projeto para o estado de Pernambuco que foi vitorioso no ano seguinte, e o projeto vitorioso do PSB quando ele assumiu a presidência nacional do partido. Vinte anos se passaram, a vida para todo mundo tem história, tem transformação, e a gente está aqui no dia de hoje. Então, é impossível dissociar isso dessa história que me traz aqui.

Ao mesmo tempo, com a tarefa de poder construir uma renovação. E renovar não é fazer tudo novo. A primeira tarefa de renovar é reconhecer e valorizar nossa história, a nossa tradição, porque a gente acredita na essência dos nossos valores. Mas isso também não nos impede de poder construir de formas novas. Muitas vezes, mudando o jeito, o tom, mas chegando aonde a gente nunca deixou de chegar, que é na essência da base do povo brasileiro.

É assim que a gente vai fazer: com igualdade, com inclusão, com justiça social, entendendo, como eu disse aqui na abertura – e eu queria reforçar isso, para não ser cansativo, mas reforçar: a gente vive diante de um Brasil novo, de um tempo diferente, de um tempo em que a gente tem maiorias que não existiam antigamente, seja no campo do empreendedorismo, seja na mistura das religiões e profissões de fé e na fragmentação do cristianismo. Isso tem implicado na vida política. Isso cobrará dos partidos a capacidade de escutar, de sentir e de reproduzir isso nos espaços de poder, nos mandatos e na vida partidária. Isso cobrará muito.

E eu tenho certeza que o Partido Socialista Brasileira tem uma tarefa nos seus quase 80 anos de história. Um partido que resistiu a um tempo de ditadura, que sobreviveu de forma clandestina, que foi refundado por grandes brasileiros, a exemplo de Antônio Houaiss, a exemplo de Miguel Arraes, a exemplo de João Mangabeira, que conseguiu construir e se reinventar. Esse será o mesmo partido que sairá grande nesse tempo novo do Brasil, que vai manter sua essência programática, mas é um partido que vai crescer também nas urnas, na bancada, nos parlamentos, nas assembleias, nas prefeituras, nas câmaras de vereadores, fazendo o dever de casa que a gente sabe fazer.

O PSB não brinca em serviço. É assim, governador João Azevêdo, como a gente vê na Paraíba. O maior crescimento do PIB entre os estados brasileiros, com inclusão, participação, com interiorização do desenvolvimento. É assim, Casagrande, como a gente vê no Espírito Santo, um estado que é referência na educação brasileira, na segurança, que tem um fundo soberano. Foi assim que a gente viu o presidente Alckmin fazer em São Paulo, o governador Márcio. Foi assim que a gente viu Pernambuco construir políticas públicas que foram exportadas para o Brasil e o mundo. É assim que a gente tem tentado fazer no Recife. Então, nós vamos fazer o dever de casa.

E aqui, minha gente, eu queria dizer a vocês que essa é a hora de poder ir mais longe. É a hora de fazer esse dever de casa compartilhado. Não tem como vencer esse jogo se não for um jogo coletivo, um jogo de unidade, um jogo de parceria.

A função da presidência, da liderança, muitas vezes, parece uma tarefa solitária, sobretudo em momentos difíceis, mas com um time deste tamanho, um partido vivo nos 27 estados brasileiros, eu vou estar pronto para ajudar todos vocês, mas eu queria aqui pedir a ajuda de cada um e cada uma. Quero ajuda para tomar conta do PSB. Eu quero ter a ajuda e compreensão para a gente marchar juntos. E que a gente faça, presidente Siqueira, como você fez.

Eu quero aqui fazer uma homenagem, porque todo mundo aqui está irmanado em um sentimento: se tinha algo que nos dava tranquilidade era saber a lealdade que o presidente Siqueira tem ao PSB e ao nosso país. Um líder partidário precisa ter essa lealdade ao seu país e ao seu partido. Ter a capacidade de tomar decisões que representem o sentimento do seu colegiado.

Se, muitas vezes, algo duro tem que ser decidido, nós temos que fazer com a convicção de que a gente está tomando aquela decisão para representar aqueles que não tiveram fala, voz, vez ou espaço naquele momento.

Então, presidente Siqueira, conto com você. Não ache que essa saída da presidência é um afastamento. Não há perigo de eu deixar esse homem se afastar de nós. Ele vai estar com a gente, cuidando no dia a dia da fundação do nosso partido. Dizer que estamos juntos, presidente.

E agradecer aqui ao presidente Lula. A gente sabe, presidente, que, para mim, é uma honra sem tamanho poder participar desse momento histórico ao lado do senhor. Não existe no nosso mundo democrático nenhuma liderança viva, autêntica, exercendo um mandato, unindo uma nação e fazendo pelo seu povo, do tamanho do presidente Lula. E ele honrar com sua presença, no dia de hoje, o nosso congresso é algo que tem que ser registrado.

O nosso compromisso democrático vai além de eleição e eleição. O PSB foi decisivo para a construção da vitória em 2022, com a aliança de Lula e Alckmin, de Alckmin e de Lula. Desde a construção da filiação, do bem que foi para a gente lhe receber e lhe acolher em nosso partido, a importância que isso teve para o nosso país, e eu tenho certeza de que, como disse o presidente Siqueira no dia da inauguração do congresso, que a gente sabe de toda essa construção que é feita na política, no afunilamento do tempo eleitoral, mas o PSB vai estar na trincheira – como bem disse o presidente Alckmin –, vai estar na trincheira certa da história.

Estaremos juntos, apoiando e construindo uma consolidação democrática ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, porque nós entendemos o que é mais importante para todos nós: não existe um partido sem democracia, não existe justiça social sem democracia, e é papel de quem compreende isso ajudar um governo a dar certo e ajudar a vencer uma eleição importante, estratégica, como será a de 2026.

Nós não vamos titubear. Nós não vamos brincar com nada disso, em nenhum estado brasileiro, nas decisões majoritárias, nas consolidações de chapas vitoriosas para a Câmara dos Deputados. Eu disse aqui ao presidente Hugo: se prepare que você vai receber uma bancada dobrada de tamanho e com qualidade para estar no Congresso Nacional. Nós vamos fazer isso juntos. Vamos fazer o dever de casa.

Na vida, as coisas se apresentaram muito cedo para mim. Muitas eu não tive o direito nem de escolher. Mas eu sempre enfrentei com muita alegria. Com alegria e com entusiasmo. Com alegria, mas com a humildade de poder ouvir e construir conjuntamente. Então, quero terminar aqui dizendo isso: que nós vamos trabalhar muito. E eu estou ciente do tamanho da tarefa, mas eu também tenho a convicção de que esse time todinho junto aqui vai dar conta do desafio de cuidar do PSB. Esse time vai cuidar do PSB.

E aqui não tem como terminar minhas palavras sem lembrar a maior referência da minha vida, que é o meu pai, Eduardo Campos, que me ensinou a ser gente, que me ensinou nos momentos mais difíceis da minha vida o que a gente deveria fazer. Ele dizia, Tabata: meu filho, sempre que puder ajudar alguém na vida, ajude. Não queira nada em troca. Ajude. Sempre que puder fazer o bem, faça, que um dia Deus vai lembrar disso. A gente precisa fazer isso, fazer o bem, fazer o que ensinou para nós que somos cristãos, como eu sou, ou de outras religiões, como tantos aqui também são: ter a capacidade de olhar para o próximo e querer para o outro algo melhor do que para você mesmo.

É isso que está faltando muitas vezes na política. Foi isso que a gente viu Miguel Arraes dedicar a vida fazendo. Abriu mão de sua conveniência pessoal, de estar com seus nove, dez filhos, para passar 14 anos exilado, para entregar a sua liberdade em favor do seu povo. É isso a gente precisa fazer na política. Fazer o que foi feito na década de 60 para defender a democracia é um ato, no dia de hoje, de renovação. Por isso que o tempo muda, mas a forma de fazer e aonde a gente vai chegar vai ser preservado.

Então, minha gente, lembrando da história e da memória de Eduardo, do meu pai, eu queria dizer a vocês que eu quero dedicar a minha vida ao partido, que eu estou pronto para gastar o meu tempo, a minha energia e para fazer isso tudo com vocês. Eu não vou brincar em serviço. Não vou brincar um minuto em serviço. Vou me dedicar. Vou cobrar. Vou saber ser duro, como meu pai dizia, duro que só uma beira de sino, mas também vou saber ser generoso como o coração de uma mãe para atender o que é importante para o nosso partido.

Vamos juntos! Que essa história do nosso partido siga viva.

Eu conto com vocês. Esse time está pronto para fazer um grande trabalho. Vamos botar o PSB para falar para fora dos muros. Vamos derrubar os muros. Vamos construir pontes. Vamos aproximar quem está desgostoso com a política para perto da gente. Vamos trazer quem pensa diferente. Vamos trazer quem quer fazer o bem, mas não sabe como. Vamos mostrar que o nosso partido está pronto para acolher uma grande frente política e vamos consolidar uma vitória democrática nos estados brasileiros e nosso país em 2026, ao lado do presidente Lula.

Muito obrigado! Viva o Brasil! Viva o PSB! E que Deus nos abençoe. Muito obrigado!”

Compartilhe

Tags