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Federação entre PP e União Brasil em Pernambuco nasce com desafio de contornar divergências internas

Oficializada nesta terça-feira (29), federação entre PP e União Brasil terá maior bancada de deputados federais e maior número de prefeitos do pais

Por Pedro Beija Publicado em 29/04/2025 às 22:09 | Atualizado em 29/04/2025 às 23:57

Os partidos Progressistas (PP) e União Brasil oficializaram, na noite desta terça-feira (29), a criação de uma federação partidária. A “superfederação”, que será chamada de União Progressista, já nasce com a maior bancada de deputados federais e passa a ter o maior número de prefeitos no país.

No entanto, os expressivos números não refletem, necessariamente, paz interna nos primeiros movimentos da federação. Entre os estados com divergências internas a solucionar, está Pernambuco, apesar da pacificação necessária para a concretização da federação.

De um lado da federação, no União Brasil, as divergências eram constantes no diretório estadual, com o partido dividido nos apoios à governadora Raquel Lyra (PSD), e ao prefeito do Recife João Campos (PSB).

Do outro lado, no PP, a posição é de apoio público ao governo Raquel Lyra, com o partido fazendo parte da base da governadora e com espaço na gestão estadual, com a Secretaria de Turismo e Lazer, comandada por Kaio Maniçoba, anteriormente líder do PP na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).

O PP também ficou com o comando da federação em Pernambuco, com presidência do deputado federal Eduardo da Fonte. Em contato com o JC, Eduardo celebrou a concretização da federação com o União, destacando “expectativa muito forte” gerada na política estadual.

“Esse é um movimento de muita força na política nacional e na política estadual. É um movimento onde formam uma federação de dois partidos que ultrapassam a casa de 100 deputados federais na Câmara e que geram uma expectativa muito forte na política de Pernambuco também”, disse.

Eduardo enfatizou a responsabilidade de presidir a federação em Pernambuco, afirmando que terá a missão de “unir” e “juntar”, para garantir entregas.

“Nós assumimos a presidência da federação com muita responsabilidade, com a responsabilidade de unir, de juntar e de trabalhar em defesa desse conjunto político para que possa fazer as entregas da população, para que a gente possa ter representatividade de todas as regiões do Estado”, complementou.

Com missão de aumentar bancadas, pacificação é desafio para nova federação

Para Eduardo da Fonte, apesar das divergências observadas no União Brasil em Pernambuco, será possível “juntar as forças dos dois partidos”, destacando que a missão será de ter ainda mais representatividade na Alepe e na Câmara dos Deputados.

“A prioridade é a representatividade. Juntar as forças dos dois partidos para fazer a maior bancada da Assembleia e da Câmara Federal. Esse movimento pacifica”, apontou.

De acordo com Eduardo, a meta é chegar a 10 deputados federais e 20 deputados estaduais em Pernambuco. Atualmente, a federação conta com 6 deputados federais pernambucanos e 13 estaduais.

“A prioridade número um é a montagem das duas chapas proporcionais, a da Câmara Federal e da Assembleia Legislativa, para que a gente possa chegar a 10 deputados federais e a 20 deputados estaduais”, complementou.

Apesar da prioridade estabelecida para o aumento de representatividade das bancadas, Eduardo da Fonte ressaltou que as discussões sobre 2026 serão discutidas em 2026. No entanto, o presidente da federação apontou uma “questão natural” de um movimento de “respaldo eleitoral”.

Eduardo não negou a existência de tendências dentro da federação, reafirmando seu apoio à governadora Raquel Lyra e citando a posição de Miguel Coelho, presidente estadual do União Brasil, em apoio à João Campos. O deputado e presidente da nova federação garantiu que os posicionamentos serão unidos e a decisão será feita com “tranquilidade”.

“A gente sabe que existem duas tendências de posicionamento dentro do partido, mas a gente vai unir esses posicionamentos, eu vou defender a posição da governadora Raquel Lyra, Miguel vai defender o posicionamento de João Campos, mas nós vamos decidir com muita tranquilidade, respeitando e fazendo com que a decisão da maioria seja respeitada”, enfatizou.

Reforçando o desejo de pacificação e união na federação, Eduardo lembrou sua relação com Fernando Filho, colega de Câmara, e com o grupo político formado pela família Coelho.

“Já jantamos juntos ontem, são meus amigos, ‘Fernandinho’ (Fernando Filho, deputado federal) chegou aqui na Câmara, eu cheguei junto com ele e ele comigo, e estamos os dois no quinto mandato, somos deputados decanos da bancada de mandatos seguidos, consecutivos, na Câmara. Sempre tivemos uma relação extraordinária e esse movimento da política só vai estreitar e fortalecer os dois conjuntos”, destacou.

Mendonça Filho aponta “governança complexa” em PE

Em entrevista ao Passando a Limpo, da Rádio Jornal, o deputado federal Mendonça Filho, vice-presidente estadual do União Brasil, apontou que Pernambuco é um dos estados que demanda uma governança “complexa”.

Mendonça citou estados onde a federação tem situação resolvida, como Bahia e Goiás, liderados por personagens conhecidos como ACM Neto e Ronaldo Caiado. Além de Pernambuco, o deputado federal apontou a Paraíba como um estado que também conta com divergências a resolver.

“Tem outros estados que a governança é um pouco mais complexa, a exemplo de Pernambuco, ou da Paraíba, onde você tem Agnaldo Ribeiro (deputado federal) de um lado liderando a ala vinculada ao PP, e Efraim Filho (senador), que é filiado ao União”, detalhou.

De acordo com Mendonça, “não há definição” sobre os rumos que serão tomados pela federação, destacando que será necessário um diálogo com Eduardo da Fonte.

“Eu, pessoalmente, Miguel e Fernando Filho, vamos ter que dialogar com a liderança de outro parlamentar pernambucano, que é Eduardo da Fonte. Tem outros parlamentares como Clarissa Tércio e Lula da Fonte, que é filho de Eduardo, que também fazem parte do partido. Não há definição, vamos aguardar as conversas que ocorrerão daqui pra frente, temos uma clareza nos caminhos que serão seguidos pela federação em si”, afirmou.

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