RECUPERAÇÃO | Notícia

Bolsonaro enfrenta um pós-operatório 'muito delicado e prolongado', diz médicos

O ex-presidente, de 70 anos, segue internado na UTI e se alimenta por meio de uma sonda depois da operação realizada no último domingo (13)

Por AFP Publicado em 14/04/2025 às 21:23

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enfrenta um período pós-operatório "muito delicado e prolongado" após uma cirurgia abdominal que o manterá no hospital por ao menos duas semanas, mas mostra uma "boa evolução" e começou a caminhar com assistência, informaram seus médicos nesta segunda-feira (14).

Bolsonaro, de 70 anos, segue na UTI e se alimenta por meio de uma sonda depois da operação realizada no domingo (13), duas semanas depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu torná-lo réu por uma suposta tentativa de golpe de Estado em 2022.

O ex-presidente (2019-2022), que teve problemas de saúde recorrentes desde que recebeu uma facada no abdômen em 2018, foi hospitalizado na semana passada após apresentar uma "distensão abdominal" e fortes dores.

No domingo, passou 12 horas na sala de cirurgia submetido a uma laparotomia, procedimento que envolve abrir o abdômen para resolver "uma obstrução provocada por dobras no intestino delgado", escreveu Bolsonaro nesta segunda no X.

Na mais recente das cirurgias pelas quais passou após ser esfaqueado, os médicos realizaram a "reconstrução da parede abdominal", segundo o hospital DF Star em Brasília.

Sua esposa Michelle publicou nas redes sociais uma foto do ex-presidente na cama do hospital com o polegar para cima, uma sonda nasal e eletrodos sobre o peito, com a mensagem: "Já deu tudo certo."

"A recuperação exige cuidados intensivos e será gradual", afirmou Bolsonaro, que espera voltar ao poder embora esteja inelegível.

Seu cardiologista, Leandro Echenique, disse em coletiva de imprensa que a cirurgia foi "extremamente complexa", mas "o resultado final foi excelente".

"Vai ser um pós-operatório muito delicado e prolongado", advertiu o médico. As primeiras 48 horas serão "bastante críticas".

"A nossa expectativa, correndo tudo dentro do previsto, é que ele fique pelo menos duas semanas" internado, afirmou o cirurgião-chefe Cláudio Birolini.

Segundo Echenique, Bolsonaro está "acordado, consciente, conversando conosco, já fez até alguma piadinha ali". Por enquanto, se alimenta com uma sonda nasogástrica.

O ex-presidente apresenta "boa evolução clínica" e começou a caminhar com assistência, de acordo com o boletim médico divulgado à tarde.

Risco de complicações

Este é um dos procedimentos cirúrgicos "mais complexos" a que o ex-presidente foi submetido desde a facada que sofreu durante um evento de campanha em setembro de 2018, semanas antes de ganhar a eleição presidencial, apontou Echenique.

Desta vez, a parede abdominal estava "bastante danificada" e seu intestino sofreu uma obstrução, "o que nos leva a crer que ele já vinha com esse quadro [...] há alguns meses", afirmou Birolini.

Os médicos explicaram que o período pós-operatório traz riscos maiores, como inflamação, infecção, pressão alta, trombose, problemas de coagulação e doenças pulmonares, por isso Bolsonaro precisará de medidas específicas para o seu tratamento.

No entanto, afirmaram que esperam que o ex-presidente eventualmente retome "uma vida normal, sem restrições".

Entre o hospital e os tribunais

Enquanto inicia sua recuperação médica, Bolsonaro aguarda a divulgação da data do julgamento pelo STF, que o tornou réu por uma suposta trama golpista.

Ele é acusado planejar uma suposta tentativa de golpe de Estado para permanecer no poder após as eleições de outubro de 2022, que perdeu para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo a acusação, Bolsonaro teria buscado apoio das Forças Armadas para impedir a posse de Lula. Se for considerado culpado, ele pode pegar até 40 anos de prisão.

O ex-presidente alega inocência e diz que é "perseguido".

Na última sexta-feira, sentiu "fortes dores" abdominais que o levaram ao hospital, durante uma viagem pelo nordeste, um reduto histórico da esquerda no país.

Bolsonaro também está impedido de concorrer às eleições até 2030 por ter questionado, sem provas, a confiabilidade do sistema de voto eletrônico.

No entanto, ele insiste em que pretende concorrer às eleições presidenciais de 2026, nas quais Lula, de 79 anos, também pode ser candidato.

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