Pernambuco tem 5ª maior população quilombola do país, marcada pela precariedade no saneamento
Dados são do Censo 2022 do IBGE, que apresenta índices e características dos domicílios com pelo menos um morador quilombola no Brasil

Quase 79 mil pessoas são quilombolas em Pernambuco. O estado tem o 5º maior quantitativo de pessoas quilombolas no Brasil, ficando atrás apenas da Bahia, do Maranhão, do Pará e de Minas Gerais.
Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou o “Censo 2022: Quilombolas - Principais características das pessoas e dos domicílios, por situação urbana ou rural do domicílio” nesta sexta-feira (9).
A publicação apresenta índices com recortes para situação rural e urbana, dados sobre sexo e idade, alfabetização, registro de nascimento, além de características dos domicílios com pelo menos um morador quilombola quanto ao saneamento básico, composição domiciliar e óbitos registrados.
No estado de Pernambuco, 32% dos quilombolas vivem em áreas urbanas, enquanto 68% estão em áreas rurais. Além disso, a maior parte da população está em territórios quilombolas oficialmente delimitados (77%), mas um percentual significativo não está (23%).
“A situação urbana ou rural dos domicílios é decisiva para o dimensionamento adequado das políticas públicas, principalmente aquelas relacionadas à escolarização e ao saneamento básico”, esclarece Fernando Damasco, gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas do IBGE.
Políticas públicas
O acesso à escolarização no território pernambucano ainda é baixo para esse grupo: mais de 26% dos quilombolas do estado não são alfabetizados. O número é maior do que a média nacional de 19%.
Assim como em todo o país, em Pernambuco essas populações também sofrem com precariedade no saneamento básico, como a falta do abastecimento de água, a destinação do esgoto ou a coleta de lixo.
Apenas um em cada quatro domicílios com moradores quilombolas têm acesso à rede de esgoto e menos da metade (45%) tem abastecimento de água pela rede geral e coleta de lixo.
O IBGE considerou como precariedade as seguintes situações:
- A principal forma de abastecimento de água se dá por rede geral de distribuição, poço, fonte, nascente ou mina encanada somente até o terreno ou não chega encanada, ou aqueles em que, com ou sem encanamento, a água utilizada é proveniente de carro-pipa, água da chuva armazenada, rios, açudes, córregos, lagos, igarapés ou de outras formas não listadas anteriormente;
- Têm como destinação do esgoto fossa rudimentar, buraco, vala, rio, córrego, mar ou outra forma, ou não têm esgotamento devido à inexistência de banheiros ou sanitários;
- O lixo não é coletado direta ou indiretamente por serviço de limpeza - é queimado ou enterrado na propriedade, jogado em terreno baldio, encosta ou área pública ou outro destino.