Recife ocupa a 11ª posição entre as capitais brasileiras com mais pessoas em situação de rua, mostra relatório
Pernambuco está entre os 12 Estados cujas capitais apresentaram aumento nos registros de pessoas em situação de rua, de acordo com o CadÚnico

O número de pessoas vivendo em situação de rua no Brasil, registradas no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), chegou a 335.151 em março de 2025. Isso representa um aumento de 0,37% em relação a dezembro de 2024, quando haviam sido contabilizadas 327.925 pessoas nessa situação.
O dado consta no informe técnico de abril do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (OBPopRua/Polos-UFMG), elaborado a partir de informações do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) sobre o CadÚnico.
Desde 2013, quando foram registrados 22,9 mil indivíduos vivendo nas ruas, o número cresceu mais de 14 vezes.
Populações em situação de rua nas capitais:
- São Paulo, com 96.220 pessoas
- Rio de Janeiro, 21.764
- Belo Horizonte, 14.454
- Fortaleza, 10.045
- Salvador, 10.025
- Brasília, 8.591
- Boa Vista, 8.254
- Porto Alegre, 5.597
- Curitiba, 4.209
- Florianópolis, 3.773
- Recife, 3.725
- Manaus; 2.524
- São Luís; 1.993
- Goiânia; 1.888
- Maceió; 1.885
- Belém; 1.628
- Natal; 1.579
- Cuiabá; 1.563
- Teresina; 1.219
- Aracaju; 1.126
- Campo Grande; 1.091
- Vitória; 1.013
- João Pessoa; 953
- Porto Velho; 575
- Rio Branco; 435
- Palmas; 209
- Macapá; 156
Nordeste
A análise por regiões revela que o Nordeste concentra 14% da população em situação de rua no País, com 48.374 pessoas que vivem nessa condição.
Dentro desse cenário, Pernambuco está entre os 12 Estados cujas capitais apresentaram aumento nos registros de pessoas em situação de rua, de acordo com o CadÚnico, em relação à série histórica.
Confira:
Em relação à série histórica, 12 unidades da federação apresentaram em suas capitais aumento no registro de pessoas em situação de rua:
- Rio de Janeiro
- Distrito Federal
- Santa Catarina
- Pernambuco
- Rondônia
- Roraima
- Pará
- Amapá
- Piauí
- Paraíba
- Mato Grosso
- Mato Grosso do Sul.
O levantamento também traça o perfil da população em situação de rua no País:
- 84% são homens;
- 88% têm entre 18 e 59 anos;
- 9% são idosos, e 3% são crianças e adolescentes;
- 81% sobrevivem com até R$ 109 por mês, o equivalente a apenas 7,18% do salário mínimo;
- Mais da metade (52%) não concluiu o ensino fundamental ou não têm instrução.
Esse perfil evidencia o impacto da vulnerabilidade social, da baixa escolaridade e da exclusão econômica, fatores que também estão presentes na realidade de Pernambuco.
No recorte nacional, o relatório ainda aponta que de 2020 a 2024 foram registrados 46.865 atos de violência contra pessoas em situação de rua.
A maioria desses episódios ocorreu em vias públicas, mas também há registros em instituições que deveriam oferecer proteção, como abrigos, unidades de saúde e centros de referência.
Cenário preocupante
Por meio de nota, o OBPopRua/Polos-UFMG declarou que o cenário é preocupante e acentua que as políticas públicas estruturantes como moradia, trabalho e educação voltadas para a população em situação de rua no Brasil são inexistentes ou ineficientes.
"O descumprimento da Constituição Federal de 1988 com as pessoas em situação de rua continua no Brasil, com pouquíssimos avanços na garantia de direitos dessa população."
O MDS declarou que tem investido "de forma contínua no fortalecimento do acolhimento e da proteção de adultos e famílias em situação de vulnerabilidade, contribuindo para a inclusão social e o enfrentamento das desigualdades".
O ministério listou as ações do governo federal nesta temática e detalhou que recursos da União são usados para fortalecer os centros de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP). Esses locais oferecem serviços como refeições, espaços para higiene pessoal, apoio na emissão de documentos e outras atividades essenciais.
De acordo com o MDS, há ainda o custeio do funcionamento do Serviço de Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (Paefi), voltado para apoiar famílias e pessoas em situação de risco social ou que tiveram direitos violados.
O serviço é ofertado, obrigatoriamente, em um Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas).
*Com informações da Agência Brasil