Ponte do Limoeiro, no Centro do Recife, tem característica estrutura de metal trocada por barras de concreto
Mudança está dentro de um pacote de intervenções que acontecem desde o final de 2021 em seis pontes da cidade, através de um investimento de R$ 950 mil

Atualizada às 18h12
A Ponte do Limoeiro, ligação entre a Avenida Norte e o Cais do Apolo, no Bairro do Recife, vem recebendo mudanças após anos de esquecimento e falta de manutenção. Chama atenção, no entanto, a mudança de sua principal característica, o parapeito de metal por um de concreto "por questões de segurança", segundo a gestão. A ação da Prefeitura do Recife está dentro de um pacote de intervenções que acontecem desde o final de 2021 em seis pontes da cidade, através de um investimento de R$ 950 mil.
As obras na Limoeiro ainda estão em andamento e têm prazo de término para o fim de fevereiro. Embora a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb) esclareça que os serviços mantém "o padrão existente", a mudança na paisagem é clara. Aos poucos, estão sendo substituídos os danificados tubos e chapas em azul e amarelo instalados na horizontal, que permitiam uma vista para o Rio Beberibe, por um guarda corpo de concreto que será colorido em vermelho e amarelo.
- Prefeitura do Recife começa obras de nova ponte na Zona Norte
- "Já vimos isso acontecer", diz comunidade do Recife sobre promessa de habitacional para sanar desapropriação para construção de ponte
- João Campos vai recuperar antiga Ponte Giratória no Recife Antigo
- Furtos de cabos de energia comprometem a segurança da Ponte do Pina, no Recife
- Pintadas e restauradas: uma nova cara para as pontes do Centro, parte da identidade do Recife
- Pontes na BR-158 foram construídas durante governo Bolsonaro
Integrantes do Laboratório de Paisagem da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) se chocaram com a troca e alertaram o JC.
A arquiteta e urbanista Ana Rita Sá Carneiro, da UFPE, opinou que “é preciso privilegiar a paisagem aberta”, diferente do que é proposto pelo novo septo. “Por mais que fosse um tubo, a estrutura de antes era muito mais artística. Temos que entender a cidade como algo que precisamos cuidar com carinho e com beleza. Tem que haver uma preocupação artística e histórica. Havia outras maneiras de construir um novo parapeito sem que fosse tão fechado.”


Para Carlos Bezerra Cavalcanti, diretor da Comissão de História do Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP), não houve grandes perdas, já que a ponte é considerada recente e já é substituta de uma anterior. "Ali existia uma ponte ferroviária usada por locomotiva que tinha Limoeiro como destino, mas que foi demolida. Essa atual já é da década de 60, inaugurada pelo prefeito Roberto Magalhães. Então, não vejo nada demais na mudança sob o ponto de vista histórico, já que ela já perdeu a originalidade e não tem mais o mesmo estilo da de antes”, disse.


Segundo a Emlurb, a mudança é por questões de segurança e por "precaução", já que não foram registrados acidentes na Ponte do Limoeiro.

Restauro de pontes no Centro
Parte da identidade do Recife, as pontes estão passando por restauros. A Maurício de Nassau manteve as cores amarela, marrom claro, framboesa e cinza, e a Buarque de Macedo, que, antes nos mesmos tons da Maurício de Nassau, agora está verde, laranja e marrom claro. Os olhos mais atentos também perceberam a mudança na Ponte Princesa Isabel, que liga a Rua da Aurora ao Palácio do Campo das Princesas. Além de manter o verde, agora estampa um framboesa. A Ponte Velha foi pintada de amarelo e cinza, a Duarte Coelho, de laranja e verde.
História
A Ponte do Limoeiro foi inaugurada em 24 de outubro de 1881 com a viagem do primeiro trem da Linha Férrea Norte, também chamada Ferrovia do Algodão, informa Carlos Bezerra Cavalcanti. “A locomotiva saía da Estação do Brum (Bairro do Recife) com destino ao município de Limoeiro, no interior do Estado.”
Com a desativação da linha do trem, a ponte ferroviária (originalmente de ferro) foi reconstruída como ponte rodoviária, feita de concreto e inaugurada em 1966, mantendo a denominação dada pelo povo.